Investimento na infância e fomento ao voluntariado
O empreendedorismo social do Instituto Jutta Batista da Silva vê no amparo às crianças e adolescentes e no fomento ao voluntariado a chave para construir uma sociedade mais justa e igualitária
Em atividade desde o ano de 1983, o Instituto Jutta Batista da Silva- IJBS, com sede em Venda Nova e atuação em 11 municípios da Região Serrana do Espírito Santo, vem estendendo sua atuação com foco em ações que invistam na base da formação do ser humano. Marlene Piazzarollo Zandonadi, presidente do Instituto, acredita que todos os projetos do Instituto trazem muito impacto para a comunidade em seu entorno dentro do que se propõe a realizar. “Hoje, acredito que em proporções de atendidos, o projeto Turma se destaca, assim como o Fomento ao Voluntariado”.
O projeto Turma atende crianças e adolescentes, de sete a 17 anos, com oficinas socioeducativas no contra turno escolar promovidas nas comunidades de Bicuíba, Camargo e São José do Alto Viçosa, em Venda Nova, e São Bento e Vivendas, em Domingos Martins. “Nas cinco unidades atendemos aproximadamente 280 crianças e adolescentes, que têm acesso a oficinas de informática, de musicalização, de inglês e de culinária, além de atividades esportivas como o futsal, o karatê e o kickboxing. Como fruto desse projeto temos crianças e adolescentes se destacando em várias modalidades esportivas, além de verificarmos melhoria no comportamento, no senso de pertencimento à comunidade e olhar mais crítico em situações que vivenciam”.
Já o ‘Fomento ao Voluntariado’ é o projeto que engloba o trabalho que iniciou com Dona Jutta Batista junto ao voluntariado dos municípios que o Instituto atua. Atualmente são 19 associações apoiados. Esse apoio inclui visitas, auxílio para dirimir dúvidas, parceria na resolução de problemas do dia a dia, assessoria na parte administrativa, além da geração de recursos através da venda dos artesanatos que cada grupo faz.
No ano de 2023, só em vendas o Instituto repassou mais de R$ 334 mil aos grupos apoiados. As associações aplicam os recursos em melhorias para hospitais, creches, casas de amparo a idosos, Apaes e Pestalozzis, assegurando a ajuda para que os serviços oferecidos por essas instituições permaneçam ou, até em alguns casos, sejam ampliados.
Além dos projetos desenvolvidos diretamente na comunidade, o IJBS faz assessoria a outros projetos sociais. E foi assim uma das formas que o IJBS ampliou sua atuação no Espírito Santo. OIJBS, que nasceu Sades e passou a ser assim denominado depois do falecimento de Jutta, já fazia um trabalho social amplo no Estado quando conheceu as Voluntárias do Hospital Padre Máximo. Hoje o Instituto assessora 19 Associações da Região Serrana, sendo que destas, 17 produzem artesanato.
Marlene destaca que a delicadeza dos pontos, a combinação mágica das cores dos bordados e dos tecidos, a diversidade de texturas e a dedicação voluntária na confecção de cada peça artesanal geram produtos com diferencial no mercado não só pela beleza, mas também pela qualidade. “Fazer bem feito e fazer com amor: esse é o segredo das peças confeccionadas pelas associações voluntárias ligadas ao Instituto Jutta Batista da Silva”, reforça a presidente.
Para permanente evolução das peças produzidas e para o próprio bom funcionamento das associações, o Instituto age de forma proativa. Promove várias consultorias de melhoria continua para a produção do artesanato: tanto viabilizando a assessoria de designers, quanto a de instrutoras de bordados para aperfeiçoamento das peças.
Tanto perfeccionismo não inibe a produtividade, pois essas mulheres das associações atuam como verdadeiras formiguinhas. Incansáveis, pois são conscientes da importância do resultado de seu trabalho, elas produzem muito. De acordo com Marlene, mais de mil peças passam pelo Instituto anualmente, e neste ano de 2024, somente até o mês de outubro, já foram arrecadados R$ 231.134,00
Além de oferecer qualificação com cursos, palestras e assessoria, o Instituto comercializa o artesanato na Loja Da Tutte Mani, em Pedra Azul. Num verdadeiro trabalho de curadoria, todas as peças que chegam ao Instituto são avaliadas individualmente. São observados o acabamento, a combinação de cores, a qualidade dos tecidos e se são produtos compatíveis com o mercado e preço. “Tudo é importante para que o trabalho dessas mulheres gere resultados positivos, o que as estimulam a continuarem”.
Marlene explica ainda que os preços das peças chegam ao IJBS definidos por cada Associação que os produz. “Aqui no Instituto verificamos se está compatível com o praticado pelo mercado e, caso necessário, realizamos o ajuste. Além do valor, o Instituto insere todos os produtos no sistema para controle de estoque, emissão de código de barra e envia para a loja”.
Com um público alvo diversificado, a troca de informação com essa clientela no balcão de atendimento é fundamental para conduzir as produções seguintes. “Nossa colaboradora na loja sempre anota as sugestões dadas pelos clientes, e estamos sempre observando as tendências do mercado”.
Marlene ressalta que a partir da observação das tendências e procura de itens específicos, um grupo do Instituto formado pelas lideranças de cada Associação trabalha com essas sugestões. Em casos específicos, o IJBS já entra em contato diretamente com os grupos que já estão mais acostumados em produzir determinadas demandas.
Mensalmente o IJBS faz o levantamento de todos os itens vendidos, envia uma relação para cada Associação saber o que foi vendido, para organizar a próxima produção, que sempre tem como base o que as vendas sinalizam. Desta forma, cada associação sabe o valor que irá receber, pois os pagamentos são feitos de acordo com as peças vendidas de cada grupo.
Edição especial
Todo ano a Da Tutte Mani tem uma edição especial no Shopping Vitória- SV com o apoio do Instituto Américo Buaiz. Neste ano a loja será no segundo piso, ao lado da Loja Fábula, e vai funcionar do dia 19 de novembro até o Natal. Todos os produtos comercializados na Da Tutte Mani em Pedra Azul poderão ser encontrados lá.
Oficina de culinária
Dentro do Projeto Turma é desenvolvida a Oficina de Culinária, que funciona como uma das formas de incentivar o empreendedorismo, pois os participantes aprendem receitas e a produção de massas para comercializar.
E o recente depoimento da aluna Karla Silva Araújo, que tem 16 anos, mora no Camargo e participa do projeto em Bicuíba, traduz bem os resultados apresentados.
“O projeto me ensinou de uma forma ou outra, pois eu aprendi coisas que eu não sabia fazer e isso eu posso levar para minha vida inteira. Eu gosto de ir pela forma de aprendizado, e o respeito é mútuo entre os alunos e professora. Tenho um grande carinho por ela, e sou muito agradecida pelas coisas que faz por nós. Eu aprecio muito essa oportunidade porque não é sempre que têm projetos assim onde moramos. Eu e meus irmãos fazemos o projeto, levamos o que aprendemos para casa. Por exemplo: em casa eu faço pão do jeito que eu aprendi lá. Compartilhamos as coisas que aprendemos com nossos familiares e amigos”.
De acordo com Marlene, não é possível mensurar o volume de produção, pois em cada aula as crianças têm aprendido novas receitas. “No entanto, podemos dizer que temos 100% de satisfação e aproveitamento do aprendizado. Além de produzirem em casa, para a família, as crianças aprendem a conviver, dividir espaço, se concentrar e a se reconhecerem com seres talentosos”, diz sobre a oficina que conta com oito adolescentes, com idades que variam de 12 a 17 anos.