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Livro conta a história dos 45 anos das Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo

Livro conta a história dos 45 anos das Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo

Um dos legados da gestão de Marília Caliman, a publicação se soma a outras ações comemorativas de um dos movimentos de voluntariado mais antigos de Venda Nova

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Quando a conversa é sobre empreendedorismo social, a Associação das Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo sempre precisa ser citada. 2024, o ano de trabalho no qual está sendo comemorado os 45 anos de existência, começou com a Associação anunciando novidades. Uma delas foram as emendas impositivas da Câmara de Venda Nova com a finalidade de promover melhorias na Associação e de fortalecer o trabalho de assistência ao Hospital Padre Máximo.

Marília Caliman se diz muito feliz com o reconhecimento ao trabalho, pois vê os repasses das verbas como uma demonstração de credibilidade. “Acredito que os representantes do Legislativo e do Executivo veem na Associação um trabalho sério, que sabe empregar os recursos a nós destinados. É um grande estímulo”.

O livro ‘Colcha de Retalhos - os 45 Anos das Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo’, patrocinado integralmente pelo Sicoob Sul-Serrano, foi lançado no dia 25 de novembro, enquanto essa edição da Revista estava na gráfica. Escrito pela jornalista Lilia Gonçalves, a publicação em 224 páginas conta como surgiu o movimento e os motivos da criação da Associação.

“O Hospital Padre Máximo vivia um verdadeiro estado de penúria, com carência total na parte de rouparia, equipamentos e outros. Marlene Piazzarollo, que era funcionária no Hospital, via de perto essa situação, assim como Anchieta Feitosa, que comandava o setor de exames laboratoriais. Mirtes, esposa de Anchieta, assim como Clovis Zandonadi (então noivo de Marlene), se envolveram no movimento que tinha também como grande apoiador Domingos Feitosa Perim, presidente do Hospital, que agregou sua mãe Haydê Feitosa Perim e a sua esposa Elisabeti Caliman Perim”, rememora a presidente ao falar do núcleo raiz do movimento que, por sugestão do médico José Luiz, veio culminar com a criação da Associação de Voluntárias do Pró-Hospital Padre Máximo.

Conforme a proposta da própria Associação, a venda dos exemplares do livro será revertida em prol do próprio Hospital. “Temos que ressaltar a generosidade do Sicoob Sul-Serrano, através do presidente Cleto Venturim (que também é presidente do Hospital) e da diretora operacional Mayara Caus. Eles dialogaram com a gente, nos apoiaram e, nada mais justo do que beneficiar o Hospital com as vendas dos exemplares”.

Marília acredita que o público em geral vai gostar do que vai ver no livro. “Muitas cores se propõem a encher os olhos dos leitores ao conhecerem um pouco de nosso trabalho manual através das fotos de Carla Caliman, que nos assessora na comunicação. A impressão colorida facilitou muito para mostrar os ricos detalhes dos bordados, costuras, crochês e outras técnicas manuais que fazem das peças produzidas pelas Voluntárias um verdadeiro tesouro”. Num trabalho de parceria, Wanda Ferreira fez as fotos de todas as mulheres que passaram pela presidência e as que compõem a atual diretoria.

 

Quem é Marília Caliman

Marília Caliman, eleita presidente na assembleia do dia 28 de março de 2023, conheceu mais de perto o trabalho das Voluntárias no final de 2013. Apesar de ser filha de Venda Nova e ter vivido sua infância e parte da sua juventude no lugar, ela saiu para estudar no final de 1978, ano anterior ao movimento passar a existir de forma oficial e como Instituição.

Ela voltou a morar em Venda Nova no início de 2013, mais especificamente em Lavrinhas, para cuidar do esposo, que lutava contra uma doença e faleceu em fevereiro daquele ano ainda. Como era funcionária do Estado, conseguiu transferência para a Escola Fioravante Caliman, unidade que atuou durante um ano, tempo que restava para se aposentar.  

A perda do marido, Osvaldo Kiyoshi Tanaka, foi impactante, pois todos os seus planos foram por terra. “Foi um recomeço e o convite da prima Eunice Caliman para fazer parte das Voluntárias veio num momento certo, em que eu precisava de acalento e luz para continuar a vida. Apesar de todo apoio familiar, estava sendo muito difícil aceitar o convite: não por falta de habilidade, mas porque estava muito fragilizada. As voluntárias me ouviram e me acolheram com muito carinho”.

Marília foi conhecendo o trabalho e ficando cada vez mais encantada pelas Voluntárias. Quando o pai Agostinho Caliman adoeceu, ela ainda conseguiu conciliar os cuidados com o pai com os trabalhos na Associação, mas acabou se ausentando por quase um ano, quando a sua mãe, Tecla Falqueto Caliman, necessitou de cuidados por tempo integral. E, mais uma vez, com as voluntárias, compartilhou a dor da perda.

Mesmo atuando de forma cada vez mais ativa na Associação, Marília não imaginava que um dia estaria na função de presidente. “Eu estava saindo do luto e começando a cuidar das minhas coisas. Achava que não era o momento, mas minha tia Dina Caliman- que é irmã de meu pai - falou assim: 'O tio Gustim está falando aqui comigo que você tem que ser a próxima presidente'. Eu não tive como dizer não”. Marília relata o momento conturbado da sua vida que culminou com a sua    atual posição como presidente da Associação, uma função que tanto a tem desafiado e também a feito sonhar e fazer planos de melhorias em busca da continuidade de um trabalho tão importante.

 

Desafio de atrair jovens para o movimento

Ao olhar para o futuro, Marília enxerga como um dos grandes desafios levar para o movimento voluntárias mais jovens, pois a maioria das mulheres hoje atuantes tem acima de 60 anos. “Temos que ver o que podemos fazer para que os mais jovens criem amor pela causa para dar prosseguimento ao que vem acontecendo há mais de 45 anos, pois sabemos que o movimento antecedeu à criação oficial da Associação”.

Ela ressalta que, apesar de as pessoas estarem envolvidas em trabalhos e estudos, sempre há um jeito de ajudar. “Nem sempre é preciso colaborar de forma presencial e qualquer tempo doado tem importância. Basta se cadastrar, passar em nossa sede e pegar algum trabalho que possa ser executado ou conhecer nosso trabalho para saber em qual atividade pode colaborar”.

No radar de Marília estão as ações para aumentar o envolvimento da comunidade e do meio empresarial de Venda Nova, da região e de outras partes do Estado. “Sempre tem uma empresa que descarta algum tipo de material, como tecidos, que as Voluntárias podem transformar em arte e em recursos para o Hospital”.

 

 

Coleções encantam pela beleza das peças

A 'Coleção Ipês', elaborada em 2023, é uma homenagem à árvore símbolo de Venda Nova. A proposta surgiu por indicação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a nora da voluntária Albertina Zandonade Carnielli fez os desenhos alusivos ao tema. A ideia evoluiu e se tornou uma coleção linda, que retrata a árvore florífera em sua diversidade de cores.

Após o sucesso da 'Coleção Ipês', as Voluntárias lançaram no final de 2023 uma nova linha desenvolvida em colaboração com o Lavandário Pedra Azul. São diversos itens como almofadas, guardanapos, cobre-pães, panos de bandeja, sachês e bastidores, que trazem a lavanda como elemento principal dos bordados.

Leice Ortega, dona do Lavandário Pedra Azul, procurou a Associação e falou do interesse numa produção de peças exclusivas para o seu estabelecimento comercializar. Marília, que gosta muito de lavandas, dias antes estava justamente fazendo uma pesquisa de desenhos e motivos relacionados à flor. Foi uma coincidência. Vários itens bordados com os motivos de lavanda, como almofadas, quadrinhos de bastidor e sachês, foram entregues no início de 2024.

Outra coleção que está encantando o público é a 'Amigos da Floresta', que nasceu e recebeu este nome a partir do olhar sensível da jornalista Carla Caliman Terra, que cuida das redes sociais das Voluntárias. Ela percebeu que novos bichos foram fazendo companhia à centopeia, produzida há muitos anos pelas Voluntárias.

Carla explica que a primeira coleção foi a de bonecas “Mimosas”, um modelo diferente daquelas tradicionais, feitas na época que Eunice era presidente. “A partir daí, fui nomeando as outras linhas, o que significou uma inovação, pois as Voluntárias não trabalhavam assim… Quando saíram as peças de ipês, surgiu então a Coleção Ipês, e quando surgiram novos animais de panos veio a “Amigos da Floresta”.

 

“Transbordando Amor”

No dia 16 de julho a Associação iniciou um novo Projeto, o “Transbordando Amor”. A proposta tem o objetivo de colaborar com o desenvolvimento emocional das Voluntárias, ampliando os horizontes e trabalhando as potencialidades de cada uma.

Quem está conduzindo essa jornada é a psicóloga Milena Careta, que acompanhará o grupo até dezembro, abordando diversos temas e perspectivas sobre o desenvolvimento emocional do ser humano. A psicóloga analisa e cria estratégias, utilizando técnicas e ferramentas para impulsionar as Voluntárias a um próximo nível de autovalor, respeito e autoamor.

Segundo Marília, o Transbordando Amor tem sido uma oportunidade única para cuidar de quem se doa com tanto amor para colaborar com o próximo. “Os encontros são maravilhosos e já percebemos como está impactando positivamente as voluntárias. É um momento de aprendizado, reflexão e também para falar sobre nossos sentimentos e experiências, com todo suporte e acolhimento da psicóloga Milena, que é uma excelente profissional. Estamos muito felizes com os resultados”.

 

Bazar, uma das portas de entrada de recursos mais antiga das Voluntárias, continua eficiente

A loja do artesanato e das peças de brechó, mais conhecida como Bazar das Voluntárias, continua sendo um importante ponto de venda e geração de renda para a Associação. Peças temáticas - como para a Serenata Italiana, Festa da Polenta e o Natal – são oportunidades comerciais expostas em uma das vitrines mais solidárias de Venda Nova.

Como estamos no mês que antecede o Natal, a vitrine traz um colorido diferente e chamativo para quem gosta de comemorar a data. Árvores de Natal de mesa, guirlandas, toalhas e diversos outros produtos são oferecidos para decorar os lares e também os estabelecimentos comerciais e escritórios.

No Natal, assim como em diferentes datas comemorativas, as peças produzidas pelas Voluntárias são uma excelente opção para presentear. Aos poucos as pessoas vão descobrindo essa possibilidade de presentear com originalidade e ainda colaborar com as causas sociais. O pagamento pode ser feito em dinheiro, PIX ou por cartão de débito ou de crédito, que pode ser parcelado conforme o valor da compra.

Com uma ampla porta de vidro e uma vitrine generosa ao lado esquerdo da entrada, a loja mescla as peças de artesanato e as de roupas usadas, que são distribuídas entre bancas e araras, assim como nas prateleiras e armários com portas de vidro. Têm ainda os manequins. Um público bem eclético frequenta o bazar atrás das peças disponíveis.

Thereza Maria Valle, auxiliar de enfermagem aposentada e que atuou a maior parte de sua vida profissional no Hospital Padre Máximo, é atendente da loja há sete anos. Ela conhece bem este público e suas preferências. “Têm famílias, principalmente as rurais, que compram peças de roupas para usar no trabalho. Elas sabem que aqui compram roupas de qualidade, que vão ter mais tempo de uso, pois são peças de marca e, na maioria, seminovas”.

Ela conta que em algumas oportunidades chegam Vans cheias de turistas. Este público se surpreende com a qualidade e com a beleza das peças artesanais produzidas pelas Voluntárias. “Eles se encantam principalmente pelos bordados. As peças bordadas e com crochê são as que mais chamam a atenção. Peças como pano de prato, pegador de panela, toalha de lavabo e guardanapo de bandeja estão entre os itens de grande saída”.

Ao olhar para a vitrine, peças de enxovais de bebê, como jogos de lençóis, são comercializados dentro de embalagens de telinha branca com renda nas extremidades. A apresentação torna o produto ainda mais especial e as peças são entregues em sacolas de papel personalizadas com a logomarca ou em grandes bolsas de tecido (também personalizadas), quando o volume da compra é maior.

Fazem parte das épocas mais movimentadas, de acordo com Thereza, às vésperas da Serenata Italiana e da Festa da Polenta. As Voluntárias produzem boinas, embornais, aventais e ainda customizam saias e outras peças para compor as vestes típicas, tão usadas na Serenata (em um dos finais de semana das férias de julho) ou no Desfile das Famílias, que compõe a programação de uma das manhãs de sábado da Festa da Polenta.

 

Na raiz

A loja teve como primeiro endereço a casa da voluntária Odila Falqueto Minete, no Bairro São Pedro. Quando ganhou a primeira sede (embaixo do Posto de Saúde), a loja foi para dentro daquele espaço e, anos mais tarde, ganhou um lugar especial, logo na entrada da atual sede.

A atual loja já passou por melhorias e está em curso um projeto de ampliação e aperfeiçoamento. O Bazar, que começou como uma espécie de brechó, ampliou suas ofertas com a produção cada vez mais pujante das peças artesanais produzidas pelas Voluntárias.

 

Artesanato de Natal em produção desde agosto

Todo trabalho é feito à mão, detalhe por detalhe, peça por peça. Seguindo a filosofia de produção de todo artesanato das Voluntárias, assim são executadas as peças decorativas de Natal. Parte dessa produção já embeleza a vitrine da Loja, que fica anexa à sede da Associação.

Doracy Ambrosim, a Dora, uma voluntária com predileção especial por este tipo de artesanato com tecidos, começou a preparar as peças natalinas em agosto. Para a empreitada este ano, ela está contando com a ajuda da também voluntária Tânia Maria Carreiro Veghini.

“Estamos confeccionando várias opções, como as arvorezinhas em 3D que são produzidas com os tecidos adquiridos pelas Voluntárias e também com os doados. Cada detalhe é feito à mão, contamos com as máquinas de costura para dar melhor acabamento e cortamos as partes da peça uma a uma, preparamos cada lacinho...  E vamos colocando os detalhes, como os botãozinhos, sempre procurando deixar a peça mais bonita e mais atraente”, descreve Dora.

A dupla de voluntárias está confeccionando também as guirlandas natalinas. Dora conta que esse ano está utilizando mais o cipó, que é retirado das matas da região. “A gente não destrói a natureza, só tiramos os excessos ou a natureza morta, que são elementos que estão sobrando. Procuramos usar outros objetos também, como flores secas e a fruta do pinheiro. Para complementar e dar mais cor, arrematamos com uma fita ou outro material de armarinho. Tentamos oferecer peças para todos os gostos e fazer sempre tudo diversificado”.

Produzir peças natalinas, de forma especial, eleva o ânimo de voluntárias como Dora. Ela diz que sente uma renovada no seu espírito, pois esse tipo de artesanato remete à sua ligação com a família. “E o Natal para gente é sinônimo de reunir, de enfeitar, de cozinhar, de fazer tudo que é prazeroso”.

Embaladas por estes sentimentos, as voluntárias costumam cantar enquanto produzem. “O artesanato de Natal nos leva a toda essa coisa boa que é celebrar o nascimento de Jesus, principalmente em família.  Fazemos tudo com muito prazer e, apesar do cansaço, me sinto realizada. As cores e o brilho são estimulantes e, às vezes, focamos mais no simples. Isso tudo é muito real porque a gente vive esse espírito natalino”. 

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