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Coral Santa Cecília 80 anos - A arte de zelar, selecionar e distribuir as partituras

Coral Santa Cecília 80 anos - A arte de zelar, selecionar e distribuir as partituras

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Uma incumbência que se soma a de emprestar a voz e de levar para a prática os dotes como instrumentistas - duas funções tão claras dentro do funcionamento de um coral-, o guardião das partituras é um trabalho de bastidores e com influência direta as apresentações musicais. Há anos exercida por Ataide Campores Zavarize, 77 anos, a atribuição tem nos últimos anos o reforço da coralista Marli Zandonade.

E falar um pouco de quem se empenha em guardar de forma organizada as partituras, bem como selecioná-las conforme a apresentação e entregar essa seleção para cada membro do coral, é contar um pouco de como funcionam os bastidores do Coral Santa Cecília. 

Ataide entrou no coral em 1983 e logo começou a ajudar Alfredo Sossai a cuidar das partituras e há 15 anos passou a ser o responsável exclusivo. Sua experiência anterior como coralista foi na igreja de Mata Fria, onde morou antes. No ano de 1969, ele teve aulas com Benjamim Falchetto, quem lhe ensinou o bê-á-bá da música, como a leitura das partituras, o tempo das notas e outras técnicas. O aprendizado foi uma preparação para ele atuar na igreja da sua comunidade, que foi inaugurada em 1970.

Alguns anos depois, Ataide se mudou para Venda Nova e, devido ao seu trabalho como caminhoneiro, ficou 20 anos afastado da música. Em 1983, já aposentado, ele passou a fazer parte do Santa Cecília.

“Fazer parte do Coral exige tempo e dedicação e ser responsável pelas partituras, requer ainda mais. As partituras são separadas de acordo com o tipo de apresentação: missa, casamento, apresentação cultural... E ainda existem vários tipos de missa”, diz Ataide que faz a seleção em meio a mais de 2.000 mil partituras que compõem o acervo do Coral Santa Cecília.

Várias etapas compõem o ritual de uma missa, cuja liturgia influencia a seleção musical. “Os coralistas e maestros têm a sua preferência musical, mas é preciso observar a lógica da liturgia. Escolho uma música para cada etapa da missa e, dependendo da situação, chego a separar 12 partituras diferentes, que formam um bloco a ser entregue para cada membro do coral. Então é só multiplicar 12 por 30, ou por mais”.

“Já fiz vários blocos de partituras e entreguei pronto, um por um aos membros do Coral. Hoje eu separo, faço as pilhas e cada um passa pegando o seu, formando seu pacote da apresentação”. Ataíde conta que com a chegada de Marli Zandonade ao Coral, esse trabalho ganhou um reforço. Depois que passa a apresentação a dupla precisa separar e arquivar as partituras novamente, que são guardadas dentro de uma sequência possível de serem localizadas novamente.

Ataide se recorda que chegavam muitas músicas novas na época que a Igreja Católica lançava campanhas da fraternidade. “Eu levava as partituras para casa e ficava separando até tarde da noite. Fazia os bloquinhos e grampeava, formando caderninhos para serem usados durante toda a Quaresma”.

Com seu jeito simples de ser, Ataide prossegue participando do Coral reconhecendo seus antecessores como as vozes principais nas tomadas de decisões ou na manifestação de opiniões. Ele reconhece a importância da chegada do novo, mas ainda se assusta um pouco com o jeito mais irreverente da juventude. “Eu ainda não sei como vai funcionar a não obrigatoriedade da presença do Coral nas missas de domingo. Os mais velhos, que a frequentam toda semana, continuarão a cantar, independentemente da quantidade de membros presentes. Vamos ver como isso vai se organizar, pois dependendo da música é preciso a presença de quatro a cinco naipes para serem executadas”.

 

 

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