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46ª FESTA DA POLENTA – Rancho do Açúcar: uma produção de mascavo à moda antiga

46ª FESTA DA POLENTA – Rancho do Açúcar: uma produção de mascavo à moda antiga

Antes no Paiol do Nonno, pelo segundo ano consecutivo a produção do mascavo funciona em espaço próprio dentro da Festa

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No lado esquerdo da entrada do Centro de Eventos, o Rancho do Açúcar elevou a produção de mascavo a uma das protagonistas da Festa da Polenta. Antes feito nas dependências do Paiol do Nonno, o açúcar mascavo é produzido pelo segundo ano consecutivo em espaço especialmente destinado a ele.

De acordo com Marco Aurélio Caliman, coordenador do Rancho, a ideia de criar um espaço específico para a produção dos derivados da cana veio do projeto de alguns amigos que já se reúnem há alguns anos para fazer açúcar mascavo, pé de moleque e melado. Esses produtos são feitos para doar para os leilões beneficentes que acontecem na cidade, como os da Apae e os de maio da Matriz, e para a 'Missasdasdez', por exemplo.

O Rancho do Açúcar foi construído no ano de 2023 por Tarcísio Falqueto, que na época era um dos coordenadores da equipe. Ao todo, 18 pessoas fazem parte do grupo que atua em forma de escala. Há também os muitos amigos que contribuem durante a semana que antecede o evento, quando são preparados os produtos para fazer o estoque da Festa.

“Com algumas semanas de antecedência, os voluntários já iniciam a produção, já que durante a Festa não é possível produzir para atender a demanda.  Para chegar aos produtos que são vendidos no Rancho, é necessário colher a cana, moer, colocar nos tachos para fervura”.

Marco explica também que cada produto leva um tempo para ser preparado. O melado precisa de duas horas de fervura, enquanto a rapadura, duas horas e meia de fogo. O açúcar mascavo leva três horas entre fervura e o tempo de mexer até dar ponto e o pé de moleque gasta as mesmas três horas somando o tempo de fervura e a colocação dos doces nos pratos para esfriar.

Outro produto que sai desse trabalho, o doce de mamão com coco ralado e gengibre é que tem o processo mais longo para ficar pronto. Ele explica que é necessário ferver durante uma média de quatro horas até que a água seja eliminada da fruta. “Para atender a demanda de um final de semana da Festa, foram necessários quase 2.000 litros de caldo de cana. A quantidade de cana utilizada depende da sua variedade e da quantidade de água que apresenta”.

Considerando o que é produzido antes com as tachadas preparadas durante a Festa da Polenta, são feitas uma média de 30 receitas, incluindo todos os produtos feitos.

No Rancho do Açúcar são vendidos, além do açúcar mascavo, os seguintes itens: melado, vinagre de cana, rapadura, pé de moleque e doce de mamão com coco ralado e gengibre. No primeiro final de semana foram vendidas 490 unidades, somando todos os produtos oferecidos.

 

100 quilos de fubá moídos

Organizado pela equipe do Paiol do Nonno, mais especificamente por Jaime Zorzal, um dos coordenadores, o Espaço do Moinho de Pedra é um dos atrativos que remetem aos antigos costumes das famílias de imigrantes italianos. Durante todo o evento, são preparados cerca de 100 quilos de fubá, que são moídos diante do público e adquiridos por quem visita o       Paiol.

Antônio Miranda Falchetto, 15 anos, faz parte dos voluntários que são uma promessa da continuidade do trabalho. Voluntário pelo terceiro ano consecutivo, no primeiro ele trabalhou na contabilidade da Festa e no ano passado e neste, no Paiol. Ele crê que a parte mais curiosa é o relato de outras pessoas cujos pais ou avós tinham moinhos ou até pessoas que possuíam moinhos em suas próprias casas e agora se deparam com um funcionando em plena Festa.

Ele explica que a peça foi um achado do voluntário Angelim Falqueto. O moinho e a pedra são originários de Minas Gerais.  O moinho foi remontado e fica no Polentão há cerca de 10 anos.  A pedra foi feita usando a talhadeira montada em uma armação de madeira.

O processo de produção de fubá é bastante simples: conforme a pedra vai derrubando o milho, o grão vai sendo moído pela fricção das duas pedras. O fubá sai debaixo delas e vai caindo na caixa. Antônio é responsável por recolher o milho que se acumula na borda da pedra e explicar o processo que vai do milho até o fubá.

 

Paiol do Nonno prossegue como um dos grandes atrativos

Maria Reni Falqueto Mistura, Jaime zorzal, Joilce Falqueto e Rogério Cazoni são os atuais coordenadores do Paiol do Nonno. Reni e Rogério ficam mais na parte de vendas e de consumo, enquanto a novata Joilce tem representado um apoio importante e Jaime é responsável pelo moinho, caldo de cana, etc. A equipe trabalha unida se ajudando mutuamente e oferece ao público uma culinária típica e mais simples: torresmo, aipim, polenta e linguiça, além de banana assada e banana da terra cozida na água. Ainda são comercializados azeite de abacate saborizado, socol fatiado e peça padronizada, fubá, canjiquinha e feijões preto e vermelho.

Elton Francisco de Oliveira, que foi voluntário em outras edições da Festa, este ano está no Paiol. Ele conta que os petiscos que mais saíram foram o torresmo com a mandioquinha e a mandioquinha com a linguiça. “Em volta do fogão tem o calor, mas nos empolgamos com o entusiasmo das pessoas nos vendo preparar os alimentos, que esquecemos do desconforto e do cansaço, não se preocupando com nada. Bebemos bastante água para compensar e o que fica é uma experiência muito boa. Estou gostando muito”.

Já Braz Falqueto, 85 anos, trabalhou na Festa desde as primeiras edições e agora está 'aposentado'. “Quando a Festa ainda acontecia no pátio da Escola Fioravante Caliman, eu trabalhava na portaria e, depois, já no Centro de Eventos, migrei para a equipe do Paiol”, disse a agora figura sempre presente no local. “Sempre que precisa, ainda venho ajudar a enfeitar o Paiol”.

Já Maria Lúcia Agrizzi, voluntária desde 2006, faz atendimento no balcão do Paiol do Nonno.  Ela, que adoro atender as pessoas e interagir com simpatia, de 2006 até o ano passado, fez o capelete da Festa. “Eu acho muito bom e muito gratificante trabalhar como voluntário. As pessoas chegam, abraçam ao nos reconhecer”.

Ela conta que muita gente aparece no       Paiol tentando falar em italiano e ela não sabe o idioma. Mais uma vez ela dá risadas para interagir, assim como faz quando as pessoas chegam contando as mesmas histórias”.

 

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