46ª FESTA DA POLENTA – A polenta também tomba na Casa da Nonna
As imagens mais representativas da Casa da Nonna deste ano são da voluntária Elda Falchetto Uliana mexendo a polenta no fogão a lenha e depois virando o alimento em uma tábua de madeira. Quem testemunhou o momento sabe que tudo aconteceu com o público cantando “La Bella Polenta” e batendo palmas. O ritual comum no dia a dia das famílias das primeiras décadas da imigração dos italianos, e que acontece até hoje em alguns lares onde existem fogões a lenha, se tornou um atrativo dentro do espaço que reproduz o modo de viver no ambiente doméstico de antigamente.
Elda, que começou como voluntária na cozinha na distribuição de pratos, passou a atuar na Casa da Nonna atraída pelo desejo de se vestir como as primeiras imigrantes italianas. “É prazeroso trabalhar em equipe, interagindo com o público, compartilhando com ele informações como a de que os imigrantes italianos tinham na polenta o principal sustento”.
Na Casa da Nonna, ela trabalha fazendo a polenta e a brustolando (na chapa quente) para mostrar aos visitantes como era antigamente e como se faz a verdadeira polenta. “Nos comove testemunhar pessoas vivendo a experiência da Casa da Nonna e voltando à infância, mexendo a polenta e se emocionando com as lembranças de seus antepassados. São visitantes de toda parte do país e até do exterior”. Elda diz que na sua família, a polenta era o principal prato. “Já pequeninos, nos alimentávamos dela com leite e com melado de cana de açúcar”.
Vale lembrar que a verdadeira polenta deve ser feita com sal e água, e o segredo, de acordo com Elda, é deixar a água ferver e colocar aos poucos a quantidade de fubá, sempre mexendo com a méscula para que não fique encaroçada. “Para ficar pronta leva aproximadamente uma hora, depois é colocada no fondal e cortada com um barbante para ser partilhada”.
Tudo preparado
Para que a Casa da Nonna fique perfeita para o seu funcionamento, os trabalhos começam uns 15 dias antes da Festa. De acordo com Vânia Delpupo, coordenadora da Casa, a horta é preparada com antecedência, o espaço passa por uma limpeza que inclui lavagem do chão, os utensílios típicos e enxoval de cozinha- conforme era antigamente- vão sendo levados e alocados de acordo com a suas funções. Também são providenciados o pó de café, o fubá, os temperos e outros ingredientes. Um mês antes disso, a coordenação entra em contato com as pessoas que se dispõem a trabalhar para montar as equipes, que são divididas em turnos.
Nos dias do evento, a Casa é aberta por volta das às 8 e fechada às 18 horas. No entanto, muito antes chega um grupo para colocar fogo no fogão e a fumaça que sai da chaminé anuncia que logo vai ter polenta. De duas em duas horas, uma polenta fica prontinha para ser virada na tábua e colocada no balcão.
Num final de semana de Festa são pelo menos 12 preparos e muita gente gosta de degustar com açúcar mascavo, também disponível no balcão. Vânia acredita que as pessoas provam a polenta com mascavo mais por curiosidade. “Tem gente que não conhece açúcar mascavo, que não sabe o que é polenta... Eles ficam perguntando 'é de sal, é de doce? O que vocês colocam aí como ingrediente? ' e a gente fala que só é água, fubá e sal e que tem que cozinhar no mínimo uma hora e meia”.
Uma parte da polenta- cerca de 15 quilos por final de semana- é fatiada, brustolada e depois disponibilizada para os visitantes. Com essa distribuição gratuita, ninguém pode dizer que foi à Festa e não comeu polenta.
O café é preparado de acordo com as vendas que as duplas de jovens voluntários fazem por toda área do Centro de Eventos. São cerca de 40 minutos para ficar pronto e sempre fica uma chaleira em cima do fogão, pois as pessoas que desejam tomar um na Casa da Nonna, vendemos e servimos ali mesmo. São de 15 a 20 chaleiras, dependendo da demanda do público.