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Especial HPM: Quatro anos da UTI que acolhe pacientes de todo Estado

Especial HPM: Quatro anos da UTI que acolhe pacientes de todo Estado

MANOEL MAURO STARLING PEDRINHA, coordenador médico das UTIs fala do trabalho em equipe que alcançou a credibilidade da comunidade e de desempenho acima da média nacional

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A primeira ala da UTI do Hospital Padre Máximo completou quatro anos no dia 15 de julho, dia que o médico intensivista Manoel Mauro Starling Pedrinha, coordenador médico das UTI's, fez o seu primeiro plantão na unidade, inaugurando a especialidade em Venda Nova.  Desde que começou a funcionar, a UTI passou a receber pacientes referenciados pela Central de Regulação de Leitos Estadual ou admitidos através do Pronto-Socorro do próprio Hospital.

Antes de completar um ano de funcionamento, foi inaugurada uma segunda ala da UTI, em junho de 2020, com mais 10 leitos de terapia intensiva, totalizando 20, sendo 19 SUS e um privado. A UTI representou um marco para a saúde local, pois a partir de então foram supridas as necessidades dos pacientes de Venda Nova com este perfil de internação no Hospital.

O responsável pela UTI do HMP fala de suas primeiras impressões e da relação de afeto que construiu com sua equipe, com o Hospital e com a comunidade de forma geral. Quando chegou, Manoel se espantou com tudo que viu, pois considerou a estrutura como algo surreal. “Tratava-se de uma UTI novinha, com todos os requisitos que precisávamos para fazer um bom serviço. As pessoas envolvidas apresentavam uma experiência absurda no assunto, sendo que a enfermeira contratada para ser coordenadora de enfermagem da UTI era uma experiente coordenadora, que havia atuado em hospitais como Hospital Central e Hospital Jayme dos Santos Neves; a diretora do hospital, Esla Borba, tinha experiência no país inteiro e já havia aberto hospitais do zero, e não somente uma UTI. Logo refleti: 'eu sou o novato aqui' e isso me inspirou ainda mais em dar o meu melhor”.

Manoel conta que o perfil dos técnicos de enfermagem também chamou sua atenção. “Esses profissionais costumam se manter afastados dos médicos e aqui a simplicidade e a dedicação deles fizeram com que nos tornássemos um grupo coeso. Daí para frente, tudo foi se ajustando. Discutíamos sobre os processos de deterioração clínica, sinais de alarme e instabilidade e isso fez com que a equipe crescesse forte e dedicada. Fui recebido com as portas abertas e com cartão branco para fazer o melhor”.

Também faz parte das memórias do médico a primeira conversa que teve com o presidente do Hospital, Cleto Venturim. “Ele me olhou nos olhos e falou: '-Esse hospital é de Venda Nova,   feito pelas próprias mãos da população, e precisamos tratar essas pessoas da melhor maneira possível. Faça o melhor para eles'”.

 

Importância

A abertura da UTI mudou a história do Hospital e da cidade, pois com   leitos de terapia intensiva foi possível aumentar a complexidade cirúrgica do HPM, permitindo que casos de pacientes mais graves e complexos pudessem ser resolvidos na cidade. Outros pontos a serem considerados são a redução da dependência e da necessidade dos leitos de UTIs em outros municípios, pois não foi mais necessário transferir do Pronto-Socorro pacientes com perfil da UTI; a redução do tempo resposta para assistência de qualidade ao paciente grave, fazendo cair a mortalidade na população idosa, além de proporcionar conforto a enfermos em terminalidade.

Para Manoel, o espírito de Venda Nova é o de voluntariado, a exemplo da Associação Festa da Polenta, Apae, Voluntárias e o próprio HPM. Ele afirma que esse valor foi levado para a conduta interna da UTI, onde a humanização é uma obrigação que se revela através das reuniões com familiares e das visitas estendidas e flexibilizadas. “São ofertadas a todo tempo e nos colocamos sempre no lugar do próximo, na tentativa de sermos o mais humano possível. E isso faz ser gostoso trabalhar aqui”.

Manoel reforça que num cenário no qual os gestores têm o mesmo pensamento, somente a falta de empenho atrapalharia o projeto dar certo. “Formamos uma equipe sensibilizada, disposta e cheia de energia. Diante dos desafios incontáveis que fazem parte da existência de uma UTI: choramos, brigamos e até ficamos tristes às vezes, mas ao sairmos das salas erguemos nossas cabeças e seguimos na luta. Ter uma equipe entusiasmada é muito importante e o serviço ficou mais leve quando profissionais como a médica Roberta Faria aceitou o desafio e iniciou suas atividades na UTI, desde a inauguração, e iniciamos uma grande parceria e amizade”. 

 

Paixão pela terapia intensiva começou na vida acadêmica

Graduado em medicina em Belo Horizonte, Minas Gerais, há mais de 10 anos, Manoel Mauro Starling Pedrinha conta que já no ambiente acadêmico começou sua paixão pela terapia intensiva, quando aconteceu o seu primeiro contato com o paciente crítico. “Conheci essa especialidade e me encantei ao ver o saudoso Achilles Rohlfs Barbosa, meu professor na época, conduzir um paciente grave e reestabelecer seus sinais vitais, o trazendo de volta a vida. Naquele momento eu falei: '-Eu quero ser como esse cara'”.

Quando retornou ao Espírito Santo em 2012, Manoel imediatamente começou a trabalhar numa UTI geral do Hospital Evangélico de Vila Velha. Lá ele percebeu que a complexidade da especialidade era maior do que ele pensava. “Comecei como todo médico deve começar sua capacitação: num ambiente crítico e com plantões em dupla com outros colegas mais experientes. Desde então foi uma longa jornada de estudos e de crescimento”.

A dupla de plantão dele foi a sumidade em intensivismo, o médico Altemar Paigel. “Ele começou a me ensinar como conduzir um paciente grave e foi me mostrando no dia a dia quais as características que um profissional da UTI precisa ter para ser um médico intensivista”. 

Na ocasião, ele também teve a oportunidade de ficar próximo de Gedealvares Francisco Júnior, considerado o melhor intensivista que conhece. Como Manoel descreve, Francisco Júnior é “um tubarão nadando no seu habitat natural. Ele foi o meu mentor e professor. Foram muitas brigas e, por vezes, eu pensei até em desistir, mas não o fiz, pois afinal o ferro é fundido no fogo e, como dizia o meu avô, 'cabrito bom não berra'. Por isso continuei com      meus objetivos”.

Manoel se recorda que com a experiência veio a necessidade da capacitação e graduação. Nesta etapa, a médica Priscila Aquino lhe proporcionou desenvolver suas habilidades como o programa de especialização médica- PEMI, da AMIB, iniciando naquele momento a concretização de um sonho.

A vinda do intensivista para Venda Nova foi em 2019. Ele frequentava a região em visitas aos amigos Avécio, Jussara Camila e Filipe Gratieri. “No dia em que cheguei estava acontecendo o encontro de trilheiros de Venda Nova e, na ocasião, conheci um grande amigo o Lubis César Falqueto. Eu convivo com ele até hoje e afirmo que se trata de uma pessoa do bem, com um coração maior que tudo”.

Logo no início, ele morou na casa da família Pasinato, uma amizade feita na trilha de moto, esporte que pratica há 28 anos e que lhe rendeu muitos frutos. “Depois morei na casa da “tia Dete” por seis meses, lugar que ganhei uns cinco quilos e dei muitas risadas, até que consegui trazer minha esposa, a designer de moda Sâmara Gualter, e começar um lar completo em Venda Nova”.

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