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Praça é palco do Desfile de Eleição da Rainha Portugália

Praça é palco do Desfile de Eleição da Rainha Portugália

Antes desfilarem na passarela, oito candidatas tipicamente trajadas apresentaram danças de referências portuguesas e italianas

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A praça principal de Conceição do Castelo ficou lotada na noite de 7 de junho para ver o desempenho das oito candidatas que subiram à passarela para disputar o título no Desfile de Eleição da Rainha e Princesas Portugália 2024. O desfile foi logo após a abertura oficial, que aconteceu no palco principal e envolveu autoridades, diretoria da Portugália e parceiros do evento.

Com a decoração da praça, cuja iluminação ganhou reforço com a instalação de varais de lâmpadas, o ambiente ficou aconchegante e cheio de charme. O palco, que reproduziu uma sala de estar das casas do século passado, conferiu ainda mais originalidade ao desfile.

De acordo com Delurdes Santana Pereira, uma das organizadoras do desfile, as candidatas foram selecionadas dentro dos critérios: idade (entre 17 a 25 anos), serem moradoras de Conceição do Castelo e descendentes de portugueses e/ou italianos. “As roupas que elas usaram foram concebidas tendo como base os trajes típicos e usando elementos das duas etnias”. 

As candidatas abriram a atração apresentando duas coreografias junto com os 'cavalheiros', representados por rapazes da comunidade, sendo alguns integrantes do Grupo de Dança Imperial Português. Depois elas desenvolveram sozinhas uma coreografia de dança italiana.

Para que todo esse espetáculo fosse desenvolvido e encantasse o público, Delurdes e Renata Rigo de Souza passaram a se dedicar ao projeto três meses antes. A preparação das candidatas levou pelo menos 60 dias, sendo que os ensaios foram intensificados nos 30 dias de antecedência.

Esses dois meses de preparo envolveram a modelagem das roupas e o acompanhamento com as costureiras, sendo que cada candidata passou por duas a três provas de roupa. Foram muitas reuniões (para afinar o tema e como este seria retratado) que antecederam a fase dos ensaios. 

Para Renata, descer o desfile na sala da Maçonaria para a praça central foi um dos maiores desafios enfrentados. “A mudança de cenário veio para atender a um clamor das pessoas, que pediam para que fosse realizado na praça e também para promover uma interação maior da comunidade com a Festa Portugália e com o desfile em si.  Mais pessoas puderem assistir”.

No entanto, a dupla de organizadoras percebeu que era preciso um cenário bonito e de acordo com o tema para que as meninas desfilassem. “Surgiu a ideia de construir o casarão que tem tudo a ver também com o tema da Festa’’.

Toda empolgação percebida pelo público comprova que as decisões foram acertadas. O cenário, a ideia de levar o desfile para a praça e a própria performance das candidatas empolgaram a plateia. No gargarejo estava Ana Alzira Pinto Nicola, mãe da segunda princesa. Ela achou o desfile maravilhoso.

“A ornamentação e o cenário me deixaram muito emocionada, me levando a sentir   tudo como era naquele tempo. Ver minha filha no palco foi a realização de um sonho. Sou de origem portuguesa. Meu pai me vestia com roupa típica quando eu era pequena a caráter e meu sonho era ver milha filha no palco representando os portugueses. Fiquei muito feliz quando ela aceitou o convite.  Trazer o desfile para a praça deu a oportunidade de muitas mais pessoas assistirem. Foi lindo. Fiz cartaz para torcer para minha filha. A família inteira estava na torcida”.

 

O casarão

Idealizado pela comissão do desfile, por Renata e por Delurdes, e com o auxílio da diretoria da Portugália, um casarão em madeira de 56 m² foi construído por profissionais da região. O vice-presidente, Oliver Pereira de Souza, deu toda assistência e acompanhou os trabalhos de construção do casarão, que contou também com a assessoria da arquiteta Sabrina Jubine.

Na fachada do casarão consta o ano de construção: 1874, uma homenagem ao início da imigração italiana no Brasil, e o uso dos famosos azulejos portugueses, que têm a ver também com o tema da Festa e conforme foi pesquisado. De acordo com Renata, todos os elementos remetem à época, como as cores e janelas e também a mobília do salão de festas, que foi o cenário para as candidatas dançarem e desfilarem.

“Nós reproduzimos na realidade um sarau, momento social no qual as pessoas interagiam, comiam, bebiam e faziam as danças, como a valsa, que foi trazida na época do Império”. Renata observa que as coreografias de danças portuguesa e italiana como parte do desfile foram uma homenagem às duas etnias. “A gente quis expressar a diversidade cultural através da arquitetura do casarão, da dança e das vestes. Já através da coroa, fizemos homenagens às demais etnias que contribuíram para a construção e desenvolvimento do Brasil”.

“E o casarão foi um sucesso. As pessoas queriam entrar e, ao estar no espaço, se sentiam como se estivessem num salão de festas antigo por causa da mobília, dos lustres e de outros elementos. Para o ano que vem, a gente já está pensando até incrementar mais o casarão, como colocar uma varanda, fazendo assim um ambiente a mais para as pessoas poderem tirar fotos e se sentir como se estivessem voltando no tempo”.

 

Tema

Quanto ao tema da 5ª Portugália - ‘Diversidade Cultural e seu Legado Histórico’ de acordo com Renata, foi pensando em aproveitar os 150 anos da imigração italiana, pela importância da cultura e dos valores que trouxeram, como as inovações de trabalho. “Aproveitamos esse marco histórico para fazer um tema sobre a diversidade cultural e a sua importância no desenvolvimento e na história do Brasil, assim como na construção da identidade do nosso povo, da nossa gente”.

Renata completa dizendo que esses elementos das duas etnias, que contribuíram para a formação da identidade de Conceição do Castelo, estiveram presentes o tempo todo. No entanto, através das coroas foi feita uma homenagem às diversas etnias que formaram a identidade do lugar e que contribuíram para a construção da história local. “Não poderia deixar de falar das outras etnias: do índio e do afro, que tanto contribuíram com a nossa história, da construção da nossa história e da formação do nosso povo”.

 

Com a palavra, a Rainha

Thaynara Garbelotto Zeferino, 18 anos, filha de Julimar Mistura Zeferino e Valéria Garbelotto, é moradora do Centro de Conceição do Castelo e cursa agroindústria no Ifes, Campus Venda Nova. “Confesso que fiquei com dúvida em aceitar um desafio tão grandioso e especial, que é representar bem o meu município e os imigrantes, pois sempre fui muito tímida. Mas conversei com minha família e concluímos que eu não poderia perder essa oportunidade de representar as raízes da minha família”.

Neste processo de preparação, Thaynara ficou ainda mais consciente sobre a importância da cultura do município. “Conceição do Castelo tem uma cultura muito rica e diversificada, que possibilita que a Festa Portugália cresça cada vez mais e faça com que mais pessoas desfrutem dos costumes dos nossos antepassados. Com a participação na Festa pude perceber que muitos costumes e hábitos mantidos em minha família são provenientes da cultura lusoitaliana”.

Ela conta que foram meses de ensaios e que, muitas vezes cansada, sempre foi determinada a dar o seu melhor: em cada gesto, em cada dança. “O coração a cada ensaio batia mais forte, com a chegada do dia do desfile fui ficando nervosa por achar que não daria certo, porém no fim cada minuto valeu a pena”.

“Ser eleita Rainha da Festa Portugália é uma honra, uma responsabilidade que vou levar com determinação. Representar minha descendência de uma forma tão especial enche meu coração de orgulho e me motiva a dar o meu melhor em cada momento dessa jornada. Esta é uma experiência que vou guardar para sempre em minha memória, e estou pronta para abraçar cada momento com todo o amor e dedicação que essa posição de Rainha exige. E agora tenho a missão de manter viva a cultura lusoitaliana, assim contribuindo para o crescimento da Festa Portugália”.

 

1ª princesa

Jheniffer Nicolly de Souza Marques, 21 anos, primeira princesa, é filha de Jocimar da Costa Marques e Josélia de Souza Leite e reside no centro de Conceição. Ela vê neste momento, uma oportunidade de integrar um grupo de pessoas que se dedicam a fazer mais uma tradição do lugar deixando a cultura cada vez mais viva e valorizada.

Ao participar do preparo para o desfile, ela conheceu mais sobre a cultura de Conceição e do que foi trazido pelos portugueses e italianos:  música, idioma, literatura, arquitetura e a devoção e fé católica. Ela considera que o processo foi desafiador e, ao mesmo tempo, divertido, com muita união e aprendizado. Embora tenha convivido com o medo de enfrentar sua timidez, foi muito encorajada por outras pessoas. 

Ela considera uma honra imensa e um reconhecimento fazer parte de mais uma tradição que se forma em sua cidade. “Para mim, representa a celebração da nossa cultura e a responsabilidade de preservar nossas tradições. Pretendo representar a Festa Portugália participando ativamente de eventos culturais e incentivar outras pessoas a valorizarem nossas tradições”.

 

2ª princesa

Ana Carolina Nicola, 21 anos, segunda princesa, é filha de Ana Alzira Pinto Nicola e Ezim de Oliveira Nicola, moradora do Centro de Conceição, e cursa engenharia civil. Ela se candidatou na intenção de representar a sua família de descendência portuguesa. “Aprendi mais sobre nossas tradições, de onde vieram e como contribuíram para a construção da nossa diversidade cultural e o desenvolvimento do Brasil”.

Para ela, o processo de preparação para subir à passarela e fazer as danças durante o concurso foi muito divertido, pois conheceu as meninas e a importância da Festa para o município. “Faria tudo novamente, com certeza.  Recebi o título com muita emoção e orgulho, e pretendoa honrar da mesma forma. Significa muito para mim poder representar e inspirar as novas gerações a valorizarem a nossa identidade e a cultura e de onde surgiram”.

 

* Fotos Studio Minete

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