Gravidez e exercício físico
Dentre os diversos dogmas que existem na educação física, o da gravidez como empecilho para fazer exercícios físicos é um dos que está cada vez mais ultrapassado. E isso é comprovado por diversos pesquisadores (EVERSON 2002; DUNCOMBE 2006; HACH 1998; LEIFERMAN & EVERSON 2003; DI PIETRO 2019; VARGAS-TORRONE 2019.) Além deles os consensos internacionais ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists, 2003), o SMA (Sports Medicine Austrália, 2007) e o SOGC (Society of Obstetricians and Gynecologists of Canadá, 2003) são unânimes em indicar o exercício físico como agente benéfico tanto à gestante como ao bebê.
O exercício físico deve tratar o corpo da gestante pelo viés de saúde em detrimento do viés estético. O objetivo deve ser manter as funções básicas do corpo da gestante para o crescimento saudável do feto.
Em que, especificamente, o exercício pode ser útil?
?Diminuição das dores articulares, principalmente na coluna lombar;
?Manutenção da massa magra;
?Manutenção da massa óssea (que pode ocorrer devido à queda do hormônio estrogênio);
?Capacidade muscular e cardíaca aperfeiçoada para o parto;
?Recuperação pós-parto mais acelerada;
? Controle da glicemia;
? Maior ativação da circulação sanguínea (prevenindo varizes);
? Prevenir a diástase.
O primeiro trimestre da gestação é caracterizado por uma mudança mais emocional que propriamente física da gestante, dada ao descobrimento da gravidez.
O aumento da diurese noturna e os enjoos alteram o ânimo da gestante, deixando-a mais indisposta com vontade excessiva de dormir.
O exercício físico funciona com ‘válvula de escape’. A incerteza sobre as mudanças da ‘nova vida’ (tanto do feto, como da mãe) pode deixar as gestantes inseguras e o exercício físico tem papel fundamental para ajudar a superar esta fase, mas é essencial tentar preservar a rotina de vida e a prática de exercícios pode ajudar a diminuir essa prostração característica neste período.
Externamente o corpo da gestante não sofre grandes modificações. As alterações que ocorrem no útero, o maior acúmulo de gordura corporal, as dores e o aumento dos seios são praticamente imperceptíveis a olho nu.
A partir do segundo trimestre os enjoos diminuem e a mulher se mostra mais disposta que no primeiro trimestre. Há também uma maior sensação de segurança após a passagem dos primeiros três meses de gestação (momento crucial para a formação, desenvolvimento e principalmente manutenção do feto). A partir do quarto mês de gestação o ideal é que todas as grávidas, inclusive as previamente sedentárias, procurem fazer exercícios.
No terceiro trimestre as recomendações dos meses anteriores permanecem.
Em decorrência da alteração do centro de gravidade (ocasionada pelo aumento e posição do útero) associado ao também aumento das mamas e do peso, a gestante modifica a postura pendendo o corpo para frente. O sacro rotaciona pra frente para compensar a essas modificações, levando à coluna da grávida a um aumento da cifose torácica e da lordose cervical e lombar.
Por causa destes desvios posturais, grupos musculares passam a ser mais solicitados e outros, ao contrário, sofrem de uma hipotonia. (REZENDE, 2005)
Permanecer praticando exercícios neste período é fundamental para que essas musculaturas estejam fortalecidas, diminuindo a incidência de dores. Neste último trimestre alguns exercícios (leia-se posturas corporais) devem ser evitados.
Dudu Altoé
Personal Trainer
CREF.: 002126-G/ES
Especialista em treinamento físico para grupos especiais