10 anos de Coffee Design: um produtor que sempre foi apaixonado por inovações
Pioneiro em várias práticas, Alfredo Sossai está entre os produtores que usufrui das inovações propostas pelo Coffee Design
Alfredo Sossai, 80 anos, já dividiu a propriedade na Tapera, em Venda Nova, onde mora, entre os filhos e deixou de produzir café. No entanto, ele continua sendo uma das referências quando o assunto é inovação na cafeicultura, pois sempre foi um homem que buscou se informar, dando importância às pesquisas.
De boa memória, recorda-se dos trabalhos pioneiros, da antiga Acares (e só fazia trabalho de extensão e depois se encorpou à Emcapa- dedicada à pesquisa-, se tornando Incaper). Quando o Ifes, através do Coffee Design, passou a oferecer serviço de provas no Lapc e a promover atividades como palestras e cursos, Alfredo fez questão de valer dos benefícios oferecidos.
“Além de levar mostras do meu café para os estudantes fazerem a prova, eu também participava dos cursos. Fiz um de dois dias sobre torra com uma palestrante russa, pois na época eu estava colocando uma pequena torrefação e eu me interessava em me aprimorar”.
Alfredo conta ainda que foram formados quatro grupos e ele ficou com um experiente. “Cada grupo ficou com um equipamento para desenvolver as etapas das torras. O nosso torrador veio emprestado de uma empresa de Minas Gerais. Fizemos várias experiências de ponto de torra e depois a prova e, embora não fôssemos provadores formados, conseguimos perceber as características diferentes de cada um”.
Com uma propriedade de altitude que varia de 750 a 900 metros, Alfredo fez algumas experiências com conilon. “Na primeira vez plantei dez covas e ele colheu 3,5 sacas. Despolpei o café colhido, meu genro levou para fazer a prova e eu não soube distinguir do arábica, pois o conilon deu bebida boa também. Plantei mais conilon no meio do arábica, mas não estou acompanhando mais, pois minha filha passou o plantio dela para um primo explorar”. Atualmente Alfredo compra café para torrar e comercializar com sua marca.
“Sempre gostei de frequentar o Ifes, pois fiz amizade com os estudantes e lá sempre via cafés diferentes. Mesmo sendo leigo, percebia as diferenças pelo paladar”, diz Alfredo. Apesar de não cultivar mais, ele continua empregando os conhecimentos obtidos no Ifes na torra e tem competência suficiente para adquirir bons cafés.
Foto - Diante do despolpador adquirido pela família em 1960. Alfredo tem pioneirismo também no sistema de plantio adensado. Por volta da década de 1970, ele fez o primeiro semi adensado, num plantio de dois por um metro, numa área de 2 mil metros quadrados. “Fui chamado de doido e as pessoas se espantaram quando eu comecei e enfileirar as sacas de café colhido”. Ele ainda deu uma aula das vantagens do café adensado. “O catuaí não cresce muito, mas quando chega a dois anos não é preciso mais fazer capina, pois o pé de café fecha e as folhagens fazem sobra, impedindo o mato de crescer. Antes do adensamento, eu plantava o mundo novo, em 3 por 2, e tinha que fazer a capina na enxada”.