10 anos de Coffee Design - Aprendizado: do laboratório para a propriedade da família
Em fase de conclusão de curso, Michel fala do que já conseguiu levar de conhecimento para a prática e de seus planos profissionais
Michel Mendonça dos Santos, que cursa o 8° período do curso de ciência e tecnologia de alimentos, viu o Coffe Design e o próprio Ifes aparecerem em sua vida em 2019, após participar do curso de "produção de cafés especiais" ofertado no campus de Venda Nova. Ele, que pensava em cursar agronomia em Viçosa-MG, se encantou com toda a cadeia do café e decidiu estudar em Venda Nova.
“Comecei como bolsista em 2020, em um projeto que auxiliava os produtores com o planejamento, construção e avaliação dos cafés processados nas unidades de processamento via úmida (despolpadores de café). Depois migrei para diferentes projetos, envolvendo a parte química de clones de café conilon, de caracterização do terroir do Espírito Santo e do Brasil, de pragas e doenças que atacam o cafeeiro e hoje estou novamente no projeto metaboloma, de caracterização do terroir do Brasil”.
Desde quando entrou no laboratório, o foco de Michel foi aprender sobre o pós-colheita do café, ou seja, tudo que influencia a qualidade depois que o fruto é retirado da planta. Michel conta que adquiriu muito conhecimento sobre técnicas de fermentação, de secagem, de torra, de análise sensorial, de processamentos alternativos para frutos que não estejam maduros e, principalmente, aprendeu a se comunicar melhor. E essa habilidade de se comunicar o possibilitou ensinar pessoas por meio de cursos e aulas, além de desenvolver uma visão mais crítica sobre a produção de cafés e outras culturas.
Na propriedade
ichel representa a 3° geração de uma família produtora de café. Filho de João Roberto dos Santos e de Andréia Mendonça dos Santos, sempre morou na propriedade no município de Afonso Cláudio, mais propriamente, na comunidade de Nossa Senhora da Saúde, no distrito de Piracema. A propriedade fica bem próxima à divisa com o município de Brejetuba, pertinho da comunidade de Rancho Dantas.
Os conhecimentos que Michel vêm construindo nestes quase quatro anos de Ifes estão sendo aplicados, principalmente no pós-colheita do café da propriedade. “Com o conhecimento que adquiri sobre análise sensorial e torrefação, há três anos venho fazendo um mapeamento das diversas lavouras da propriedade. Faço isso buscando entender qual processamento ou técnica aplicada no pós-colheita mais se adapta àquele padrão de café. O objetivo é poder entregar uma matéria- prima diferenciada, de acordo com o perfil solicitado pelos clientes”.
Além deste trabalho, a família conseguiu fazer alterações na unidade de processamento via úmida. “Essa modificação é para conseguir separar melhor os tipos de grão que vêm da roça, o que facilita a produção dos lotes de café e nos dá mais autonomia para tomada decisão. Também colocamos sistemas de reuso de água, o que reduziu 70% do consumo de água usado no processamento do café, e implantamos sistemas alternativos na unidade de secagem, o que reduz 50 a 60% do consumo de energia elétrica”, cita as principais transformações.
Michel relata que, com essas e outras poucas mudanças, a família começou a conhecer o que realmente produzia e como o mercado do café absorvia esses tipos de grãos. “Hoje vendemos uma parte da produção de cafés finos para torrefações em São Paulo e Minas Gerais”.
Além do café, Michel trabalha com abelhas e se considera um pequeno apicultor (que lida com abelhas com ferrão) e meliponicultor (com espécies nativas de abelhas sem ferrão) da região. Ele pretende abrir uma torrefação de cafés na propriedade e continuar refinando as técnicas em busca de fazer de lá uma propriedade modelo, onde as pessoas possam ir para aprender ao participar de cursos, dias de campo e de muitas ações a serem lá promovidas.