10 anos de Coffee Design: uma cooperativa de crédito como parceira na produção de conhecimento e desenvolvimento regional
O Sicoob Sul-Serrano vislumbrou a possibilidade de potencializar a produção de café de qualidade dos produtores regionais que, não por acaso, são em grande parte seus associados
Cleto Venturim, presidente do Sicoob Sul-Serrano, quando foi procurado para que a Cooperativa fosse uma das patrocinadoras do primeiro evento sobre cafés especiais promovido pelo Ifes, logo percebeu ali que estava uma possibilidade de uma parceria maior. Ele enxergou que o Ifes produzia um conhecimento necessário, e, o mais importante, tocava um projeto que tinha como propósito qualificar a mão de obra dos jovens estudantes, a maioria filhos de produtores.
“A qualificação significa maior ganho de produtividade, mais ganho financeiro e maior qualidade de vida para as famílias rurais. Mesmo antes, durante as combinações sobre o evento, o Sicoob passou a ter maior aproximação com o Instituto Federal. Entretanto, fez parte do nosso acordo uma ressalva: desenvolver projetos de interesse para todo o Estado do Espírito Santo em termos de cafeicultura”, relembra Cleto sobre o momento que o Sicoob ES, através de Bento Venturim, tornou mais ampla esta parceria.
Com os resultados obtidos no primeiro convênio (que durou três anos), tanto o Ifes quanto o Sicoob perceberam que era preciso não interromper os avanços. “A partir deste momento, o Sicoob, numa atuação mais sistêmica, ampliou a parceria: fizemos um novo convênio, mais abrangente, porém sempre com foco na formação e qualificação das pessoas envolvidas”, diz Cleto sobre os relatórios apresentados pelos professores responsáveis e pela própria Instituição como um todo.
Descendente de imigrantes italianos, Cleto é filho, neto e bisneto de um dos produtores de café pioneiros em Venda Nova. Como cafeicultor, conhece a realidade local e, como presidente do Sicoob, sabe das potencialidades regionais. Ele afirma ser evidente que os avanços da cafeicultura da região não começaram neste movimento do Ifes. “Este trabalho é parte de uma jornada iniciada há mais de 30 anos... Têm muitos atores, muita coragem de muitos produtores e também construções importantes de pesquisas e mensurar as entregas do Coffee Design neste período é muito difícil... Uma, entretanto, posso dizer que aconteceu: uma maior qualidade do produto final. Nossos cafés hoje são destaques em todas comparações. Como nos concursos de qualidade, por exemplo”.
Para Cleto, “a especialização de mão de obra jovem, principalmente de filhos e filhas de cafeicultores, faz com que os jovens tomam gosto pela atividade cafeeira e se aprofundam na amplitude de oportunidades, além de perceberem que têm perspectivas de futuro promissor. O jovem que segue o trabalho dos pais, além de agradar muito os próprios pais, já começam um negócio com muita coisa feita. Tem um grande ganho, inclusive, de errar menos em diversos aspectos. E o entusiasmo vem muito mais forte. Une mais as famílias, trazendo todos envolvidos para mesma página”.
Quanto ao impacto que percebeu no campo pelo trabalho do Coffee Design junto aos jovens, Cleto percebe que as lavouras de café estão sendo muito mais bem cuidadas; que houve um aumento significativo de áreas novas plantadas, o que vai certamente gerar um significativo aumento de produtividade e ganhos financeiros.
Sobre o que espera da continuidade deste projeto, Cleto fala de sua visão particular, que ele pensa estar alinhado com a percepção de muitas pessoas que ele conhece. “Acredito que a educação, a produção de conhecimentos e de saberes são a principal forma de ter tudo melhor para as pessoas e para a sociedade como um todo. Até a área de saúde tem significativa melhora quando a educação é de boa qualidade”.
“Eu realmente espero que o Ifes Venda Nova do Imigrante se aproprie cada vez mais do tema agricultura. E, com o ambiente que a região proporciona, siga avançando na multiplicação de cursos que qualifique aqueles alunos que têm aptidão para o cultivo do café e outros produtos agrícolas viáveis para a região, em especial, a das montanhas. Que a educação siga com foco no que o aluno tenha perspectivas do uso do aprendizado em benefício profissional e da sociedade”.