Um centro de pesquisa que funciona no Campus do Ifes Venda Nova do Imigrante está provando que a pesquisa acadêmica é capaz de transformar para melhor a vida da comunidade regional em seu entorno. Os trabalhos começaram no Laboratório de Análise e Pesquisa do Café- Lapc e, em paralelo, em uma central de debates com informações e experiências compartilhadas de forma online e presencial denominada Coffee Design.

Com o amadurecimento do projeto, o Coffee Design passou a denominar todas as ações, ganhou prédio próprio (inaugurado no dia 25 de março de 2022), onde todos os dias uma equipe de alunos bolsistas e os professores se ocupam em compreender sistemas complexos relacionados à produção de cafés especiais. As instalações (com sala de torra, prova, granulometria e outras) funcionam numa estrutura que foi adaptada especialmente para abrigar o projeto.

Ao todo, no terreno do Campus, são 16 ambientes voltados para ofertas de cursos, prestação de serviços, realização de análises e processamento de amostras de café. Também constam na estrutura os laboratórios de cromatografia, análise físico-química e análise sensorial, torrefação, escritório de projetos e uma cafeteria.

Os bolsistas e o ambiente de criação e inovação

Como um ambiente de criação e inovação de processos, no Coffee Design todos os dias (incluindo feriados e finais de semana) se trabalha a temática da qualidade do grão, tendo como suporte experiências em química, biologia, bioquímica e engenharias em meio ambiente. “Conseguimos construir um ambiente híbrido e transversal que permite aplicar a ciência em prol da compreensão de fenômenos complexos na produção de cafés especiais”, descreve o professor Lucas Louzada Pereira, um dos acadêmicos responsáveis pelo projeto.

Em um ambiente em que todos os estudantes cooperam entre si e com o desenvolvimento dos projetos, independentemente do nível de formação acadêmica, filhos de produtores rurais (a maioria) estão promovendo um verdadeiro intercâmbio de conhecimento entre a academia e as propriedades cafeeiras. “Todos os dias os estudantes estão vinculados às práticas experimentais e de desenvolvimento e um sistema de trabalho na qual as equipes estão distribuídas em função dos desafios sociotécnicos, que consistem nos projetos de pesquisa do Coffee Design”.

Ao longo desses dez anos, o projeto envolveu cerca de 120 alunos, sendo que atualmente são 80 estudantes de diferentes níveis acadêmicos vinculados. Eles estão distribuídos nos distintos seguimentos do centro de pesquisa e também em unidades de pesquisas de outras universidades federais, como a Universidade Federal de Viçosa-UFV e a Universidade Federal do Espírito Santo- Ufes.  O professor Lucas afirma que ele e os profissionais envolvidos sempre acreditaram que esse modelo cooperativo incentiva a criatividade e a resolução de problemas complexos. “O importante é a forma como pensamos para resolver desafios de múltiplos aspectos com as habilidades que dispomos. Muitas soluções já foram aplicadas nos terreiros de café e também se tornaram artigos científicos publicados até em outros países”.

Vale ressaltar que o atual sistema é fruto do amadurecimento do projeto. O caminho para organizar, acompanhar e direcionar as ações dos estudantes foi criar uma rotina de diálogo. Todas as semanas têm um momento para revisar as metas, objetivos, definir prioridades e distribuir as tarefas. Esse encontro   reúne (presencialmente ou virtualmente) os bolsistas do Campus e os que atuam em outros centros acadêmicos.

O Coffee Design está registrado na Instituição Ifes dentro da diretoria de pesquisa, pós-graduação e extensão como laboratório. Trabalha a parte de desenvolvimento de pesquisa - através dos projetos financiados pela iniciativa privada, cooperativas e também através do fomento público, como as agências da Fapes e CNPQ - e transferência de tecnologias. 

Com a criação do atual espaço físico, várias atividades que eram executadas em diferentes partes do Campus estão reunidas, facilitando a integração entre elas. Na área dos contêineres (no topo do Campus) continua funcionando a unidade de processamento, de pós-colheita e os laboratórios para fermentações.

As ações do Coffee Design em outros centros acadêmicos

As expertises e competências definem a forma como cada polo contribui com as pesquisas de desenvolvimento da cafeicultura

Com o público alvo formado basicamente por produtores de cafés, seja de arábica ou de canéfora, o Coffee Design é um grupo de pesquisa que reúne estudantes, professores, pesquisadores e pensionistas de diferentes universidades e entidades no Brasil. São pessoas que resolveram se juntar para estudar a temática do café na perspectiva da ciência.

As ações do Coffee Design estão distribuídas em função das expertises dos núcleos de pesquisa que estão em outros centros acadêmicos. Na Universidade Federal de Viçosa- UFV, por exemplo, são feitas as análises de biologia molecular, em função da experiência e infraestrutura dos pesquisadores alocados por lá.

Já na Universidade Federal do Espírito Santos- Ufes estão concentradas as análises químicas no Laboratório de Petróleo- LabPetro. A unidade da Ufes que acolheu as demandas do Coffee Design dispõe de uma infraestrutura única para realização dos trabalhos, assim como acontece nas unidades de pesquisas de outras universidades ligadas aos projetos desenvolvidos.

Com os demais parceiros são desenvolvidas diversas ações direcionadas de acordo com as expertises e competências. Conforme reconhece o professor Lucas, é desta forma que o Coffee Design conseguiu aumentar a capilaridade em função da possibilidade de cooperação.

A qualidade das pesquisas do Ifes, dentro do Coffee Design, é o top 3 do mundo na geração de tecnologia para produção de cafés especiais. O reconhecimento é do Medem, que é considerada a biometria na base científica mais importante do mundo.