Quer emagrecer de verdade?
Imagine você em duas situações: 1. Caminhando num shopping olhando as lojas e 2. Praticando aquela sua "caminhada" rotineira num fim de tarde. Ambas com duração de uma hora.
Quais das duas você perderia mais gordura? Qual aperfeiçoaria o sistema cardiovascular e melhoraria sua aptidão pulmonar? Será que seu organismo saberá diferenciar as duas?
Fisiologicamente o organismo sempre responde ao estímulo que ele recebe com as condições físicas em que se encontra. Se o estímulo for além da sua capacidade física, ele buscará adaptar-se afim de resistir àquele estímulo se, porventura, ele for repetido. É fácil concluir que, se o estímulo for aquém da capacidade, não haverá necessidade dessa adaptação.
Bem... voltando à situação imaginada no primeiro parágrafo pense no seguinte: qual das duas você conseguiria manter pelo dobro do tempo? Isso mesmo... a resposta é: as duas!!!! Aí chegamos à conclusão que em nenhuma delas o organismo precisará modificar sua estrutura e adaptar-se.
Logo elas são consideradas atividades físicas e sim, necessitam consumir energia para serem realizadas. Mas num processo de emagrecimento, pensar apenas em gastar mais calorias (executando atividades físicas) pode ser considerado, mas não é fundamental. Se fosse simples assim todo mundo conseguiria alcançá-lo com mais facilidade e não existiria hoje a epidemia da obesidade que observamos.
Basicamente não é apenas o quanto você come (e/ou gasta) que deve ser considerado, é fundamental também pensar em o quê, como e porque você come (e/ou gasta). É necessário que ocorram modificações mais profundas no organismo para que o processo ocorra com saúde e principalmente seja sustentável em longo prazo.
Priorizar quantidade ao invés de qualidade é o principal erro num processo de emagrecimento. Principalmente porque apenas pensar em aumentar esse gasto de energia fará com que as pessoas cheguem à conclusão que aquelas longas caminhadas na esteira (ou na rua) em intensidade moderada seriam as mais eficientes no emagrecimento. Apenas aumentar o tempo executando exercícios fatalmente acarretará no abandono da prática (visto que "falta de tempo" é um dos maiores empecilhos para aderir a um treinamento, sem contar que é "chato pra caramba" ficar uma hora numa esteira).
Inclusive não há (e nunca houve!) evidência científica que justifique a caminhada para emagrecer. Inúmeros pesquisadores (GARROW & SUMMERBELL, 1995; WILMORE, 1996; MILLER et al, 1997; NIH, 1998; EVANS et al, 1999; WILMORE et al, 1999; DONELLY et al, 2003; IRWIN et al, 2003; RING-DIMITROU et al, 2007; KRAUSE et al, 2014) comprovaram que não há perda significativa nos percentuais de gordura em atividades moderadas (como efetivamente essa caminhada é classificada).
Na verdade o conceito que caminhada emagrece foi deturpado. A concepção primeira era que esta atividade promoveria queima de gordura relativamente alta em relação ao repouso, mas mesmo sem comprovação, esta ideia foi propagada de geração em geração fazendo acreditar que ela seria eficiente no emagrecimento.
Não devemos pensar na quantidade de calorias gastas durante uma atividade, mas sim pensar em Exercícios Físicos capazes de promover estímulos para que o organismo tenha que se adaptar. Em se tratando de exercício físico, não é o quanto você faz que vai te emagrecer e sim como você o faz.
E aí vem a excelente notícia. Você pode emagrecer e pode despender pouco tempo para isso. Basta escolher e praticar exercícios da maneira correta. Há inúmeros estudos que eu já citei nesta coluna e outros mais novos vão surgindo (WEWEGE, 2017; BATACAN, 2017; ASLANKESER 2017; MAILLARD, 2018; SCULTHORPE, 2017; VIANA, 2019) comprovando que atividades em intensidades mais altas (popularmente chamados hoje em dia de HIIT) são as mais eficientes para emagrecer.
Dudu Altoé
Personal Trainer
CREF.: 002126-G/ES
Especialista em treinamento físico para grupos especiais