Vila Portugália: charme e gastronomia
As sombrinhas coloridas, os varais de lâmpadas e outros elementos decorativos tornaram a praça central de Conceição do Castelo e seu entorno um lugar agradável para frequentar durante a Festa Portugália. As ofertas gastronômicas (típicas portuguesas e italianas) feitas pela agroindústria e produtores ligados ao agroturismo, que se instalaram nas barraquinhas e na estrutura da Casa do Artesanato completaram o aconchego. Soma-se ainda as ofertas dos bares ao arredor, que se prepararam para receber o público na Vila Portugália.
Valério Faé Fuzer e Willian Fontes, sócios da Cervejaria Rústica, contam que o convite para participar da Vila Portugália aconteceu pelos organizadores da Festa, “Zenaldo é um amigo, faz cervejas com a gente e fez o convite”. Eles são donos da fábrica instalada em Montevidéo, interior de Conceição, e produzem cervejas de origem europeia desde 2018.
Cinco tipos de chopes (pilsen, red, Stout, ipa e o chopp de vinho) foram oferecidos ao público, que consumiu cerca de 100 litros nos dois dias de evento (sexta e sábado à noite). As que tiveram mais saída foram a pilsen e o chope de vinho. Este último é feito com as uvas produzidas sem agrotóxico na propriedade de Willian, o sócio que mora em São Roque, Venda Nova, e mantém a Lanchonete Avanci, onde o chope também é comercializado. A marca é conhecida, pois no ano passado, participou da Feira de Negócios, quando os sócios comercializaram 400 litros de chope.
Já o casal Rita Teixeira e Nilcimar Colombini que produz Cachaça Colombini, na Fazenda Viçosa, há sete anos, vendeu cerca de 50 litros da bebida e 48 litros de melado de cana durante os festejos. Eles afirmaram que se tivesse levado mais, venderiam. Eles ainda produzem rapadura e açúcar mascavo.
“Somos bem conhecidos na região. Já participamos da RuralturES em Venda Nova, da Feira do Enduro da Polenta no mês passado, na Expo Sul em Cachoeiro, dentre vários outros eventos. Quando a coordenação da Portugália nos convidou para participar, aceitamos na hora. Trata-se de mais uma oportunidade de mostrar nosso produto, que sempre é muito bem aceito”, afirmou Nilcimar.
Primeira vez num evento
Os produtos da Queijaria Rota Imperial também marcaram presença durante a Portugália. José Reinaldo Ferreira e a esposa Glaciane de Cássia Zucoloto Ferreira, que se orgulham de serem donos da primeira registrada em Conceição do Castelo, levaram os seus produtos, que tiveram grande aceitação junto ao público. Queijos defumado (feito no defumador artesanal), frescal e tipo minas foram vendidas em peças e também compuseram algumas receitas oferecidas.
Depois de ralados, os queijos também arremataram a polenta com molho de carne moída e os caldos de bacalhau e de quenga. Este último, feito com ingredientes da pizza portuguesa: man-dioca, bacon, frango e temperos naturais. “Nossas receitas, tanto as dos queijos como a da polenta, têm história. Aprendi com minha avó, que tem quase 100 anos”.
Todos os produtos levados pela família da queijaria foram comercializados. “Vendemos 100%”, afirmou a matriarca, antes mesmo de contabilizar os ganhos reais. “A polentinha com molho fez muito sucesso. Era o prato mais pedido. Atendemos pessoas de várias partes do Brasil. Uma moça do Acre quis conhecer a receita da polenta para saber se era igual à que ela conhecia”.
A família considerou a experiência como ímpar. “Nunca tínhamos participado de feiras. Foi uma oportunidade única de expor nossos produtos, divulgar nossa marca. Algumas pessoas não sabiam que existia no município uma queijaria registrada. As pessoas passaram a saber que, além da nossa própria queijaria, nossos produtos também são comercializados nos supermercados Glícia e Zagoto, em Conceição”.
Vitrine
Para Marileida Pinon, da Leda Confeitaria Artesanal, participar da Vila Portugália “foi uma experiência incrível, de muita visibilidade para os produtos. Uma vitrine para vender e expor”, declarou. Ela avaliou o resultado como muito positivo para ela e disse acreditar que assim tenha sido para todos os expositores.
Ela, que mantém sua cozinha no Centro da cidade e produz desde 2016, levou para a Vila Portugália bolo de pote, copo da felicidade (brigadeiro de colher que intercala sabores: morango, ninho, brigadeiro, ferrero roche, entre outros), bombons variados, brigadeiros gourmet e canjição. Os maiores elogios foram para os brigadeiros e para o canjicão servido quentinho.
Um português legítimo
O português Rufino de Oliveira Freitas Neto, que mora em Conceição do Castelo há quatro anos e é gerente de uma choperia na cidade, foi convidado para comercializar a culinária portuguesa na Vila Portugália e fez sucesso. Ele preparou bacalhau na brasa acompanhado de acebolado de pimentão (assado na brasa) e molho e também sardinha assada na brasa, sendo que ambas iguarias foram servidas com vinagrete à moda do Porto.
Ele, que em breve abrirá seu restaurante com a culinária portuguesa, disse que suas expectativas em participar da Vila Portugália foram superadas. “A culinária portuguesa se sobressaiu. Foi uma divulgação boca a boca. Vendi 200 porções de bacalhau e umas 120 de sardinha. Se tivesse levado o dobro, teria saída”.
Para ele, este foi o primeiro ano que a culinária portuguesa teve tanto destaque na Festa Portugália. “E a aceitação do público foi fantástica e fiquei muito animado. Foi uma ótima vitrine para o que pretendo oferecer em meu restaurante. Conceição do Castelo tem 80% de seus habitantes descendentes portugueses e sei que a culinária vai ser sucesso como foi na Portugália”.
Bolinhos de bacalhau
Maria da Penha Pancieri Pinto levou para a feira além dos 800 bolinhos de bacalhau, tortas doces e salgadas e pudim de leite condensado. Fritos na hora, os bolinhos de bacalhau compuseram a culinária portuguesa oferecida durante o evento.
“Quando fomos convidados para participar da Vila Portugália, já sabíamos que o bolinho de bacalhau estaria no cardápio”, declarou. Para ela, o evento novamente superou as expectativas. Os bolinhos foram comercializados em porções de 12 unidades a R$ 20,00 e tudo foi vendido. A serenata mal tinha chegado na praça, na noite de sábado, e os bolinhos já tinham acabado. Para ela, algumas pessoas experimentaram, gostaram e foram falando para as outras. “Foi uma divulgação boca a boca, que não deu pra quem quis”.
Maria da Penha é dona dos Produtos Marip, produzidos na agroindústria que funciona na Fazenda Viçosa, desde 1992. Ela comercializa massas como biscoitos, bolos e pães. Na Fazenda Viçosa foi onde chegou o primeiro português em Conceição do Castelo: José de Souza Pinto. Ele doou para a paróquia, em 1887, a imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição, que veio da região de Douros, Portugal.
Para resgatar a história, há três anos, sempre em setembro, a comunidade faz uma pequena confraternização: a Festa da Colônia Portuguesa. “E no ano passado, buscando culinária típica para servir o público, fiz o bolinho de bacalhau que teve muita aceitação. Depois disso, participamos no início de maio último da ExpoSul, em Cachoeiro de Itapemirim, e levamos o bolinho. Foi novamente um sucesso. Agora a receita está disponível em nossa linha de produtos”.