Epilepsia e exercício físico
A epilepsia é um distúrbio (descarga elétrica excessiva e sincronizada) que ocorre no cérebro provocando as crises epilépticas e alterando o comportamento do corpo. Pode ocorrer com perda de consciência ou não.
Dados mundiais da doença apontam que a epilepsia acomete mais pessoas de países em desenvolvimento (2% da população) em comparação aos moradores de países desenvolvidos (1% da população).
A International Leagueagainst Epilepsy (BERG, 2011) aponta como causas três fatores: 1 Genética; 2 Estrutural/Metabólica e/ou; 3 Desconhecida.
O tratamento farmacológico e medicamentoso é um dos meios eficientes para controlar e evitar as crises epilépticas. Estando bem controlado pessoas com epilepsia podem levar a vida social/profissional normalmente.
Mas e o exercício físico nisso tudo?
Essa é uma relação que vem sendo estudada a tempos e as evidências apontam para um efeito benéfico entre eles.
Já está havia (LENNOX, 1960) a indicação de que atividades físicas e mentais, quando as pessoas estão ativamente e mentalmente “ocupadas” com alguma tarefa levam, ocasionam a menor propensão em desencadear crises, fatos corroborados por estudos mais atuais. (NAKKEN, 1999; ERICKSEN, 1994)
Por proporcionar esse estado “alerta” o exercício físico é muito seguro e quase não há incidência de crises epilépticas durante sua execução (SIMPSON & GROSSMAN 89; FRUNCH 2000). Inclusive estudos mais atuais apontam que mesmo atividades mais intensas e executadas à exaustão não possuem potencial em desencadear crises (CAMILO, 2009; VANCINI, 2010). Além disso, possuem ação anti convulcionante.
Ricardo Mário Arida investigador do assunto tem também importantes contribuições sobre o assunto. Em diversas pesquisas (nos anos de 1999, 2003 e 2004) ele argumenta que executar exercícios físicos regularmente pode ter dois importantes efeitos: o primeiro é uma ação protetiva pois normaliza uma atividade cerebral anormal (que precede a crise epiléptica), e o outro é a diminuição da duração da crise, quando ela acontece, ou seja as crises de pessoas fisicamente ativas duram menos tempo que de sedentárias.
Devido a alterações metabólicas que ocorrem e provocam no organismo, algumas situações devem ser evitadas por aumentarem as chances de desencadear crises epilépticas. São elas: fadiga, hipóxia, hiperidratação, hipertermia, hiperventilação e hipoglicemia.
Estas situações acima devem ser consideradas pois todas elas podem aparecer durante uma sessão de exercícios físicos.
Controlar a temperatura do ambiente, evitar manobras respiratórias que aumentem pressão arterial, alimentar-se antes dos exercícios são atitudes simples e essenciais para evitar crises.
E sobre esportes? Pessoas com epilepsia podem executar?
Não há contraindicação absoluta com relação a isso, mas o que deve ser considerado é a segurança do praticante durante o esporte. Uma crise durante a execução da modalidade pode ter consequências fatais. Assim atividades com risco de queda (alpinismo, corridas de bikes ou motocicleta, escalada) devem ser evitadas.
Esportes no meio aquático possuem risco moderado e podem ser feitos desde que acompanhados por alguém mais experiente, evitando que ocorra um afogamento.
Esportes em solo (individuais ou coletivos) podem ser executados, mas será sempre importante a supervisão de uma pessoa que saiba dos antecedentes do praticante e como se portar frente à crise.
A musculação e atividades aeróbias individuais disponíveis nas academias são uma ótima pedida também para essa população. Não há diferença de rendimento dos benefícios físicos alcançados com a execução destas comparativamente à pessoas sem epilepsia.
Dudu Altoé
Personal Trainer
CREF.: 002126-G/ES
Especialista em treinamento físico para grupos especiais