Uma 'Florada Premiada' em deferência à presença delas na produção de cafés especiais
Neusa Venturim sempre acompanhou o esposo Ronaldo Pansini na jornada de produção de especiais e agora ela e toda família se dedicam com exclusividade à atividade
Uma bebida tão delicada e cheia de detalhes na percepção dos atributos tem muito a ganhar quando uma mulher se envolve em qualquer uma das etapas de sua produção. No caso de Neusa Venturim, de Venda Nova, a sua atuação já rendeu prêmios no passado recente e novamente esse ano o café produzido está entre os melhores do Brasil.
No ano passado o café inscrito com o seu nome para o 'Florada Premiada' (promovido pela marca Três Corações em parceria com a BSA), concurso destinado às mulheres, ficou entre os dez finalistas na categoria via úmida. Este ano, na atual etapa do concurso, por enquanto ela figura entre os 100 melhores do Brasil. Já no concurso da Associação Brasileira da Indústria de Café- Abic, Neusa ficou em segundo lugar da Região das Montanhas Capixabas.
O reconhecimento através dos prêmios, além de gerar marketing, vem num momento de reestruturação da marca, pois o seu núcleo familiar (ela, o esposo e os dois filhos) assume a produção de café especiais. “Estamos realinhando nossos projetos e contando com a assessoria do Sebrae”, relata Neusa.
Para Ronaldo, a participação de Neusa sempre agregou muito à atividade. “Ela valoriza os colaboradores e eles, em retribuição, fazem o máximo para que os projetos sejam bem-sucedidos. Numa comunicação de família para família, criamos um ambiente de grande sinergia”.
Ao falar em reciprocidade, vale contar que Ronaldo fez muitos cursos de aperfeiçoamento no Ifes, no Palácio do Café e no Incaper e, ao trabalhar com a esposa, transmitiu seus conhecimentos a ela. O mesmo acontece com os funcionários que aprendem na prática compartilhada e também com os cursos que ele promove com a proposta de democratizar as informações, promover boas práticas e colher (literalmente) bons resultados.
Nesta nova fase, a participação integral da família nos projetos traz ainda mais personalidade à marca que agora passa a ser identificada por Venturim Cafés Especiais. “Neusa sempre acompanhou todos os processos”, reforça Ronaldo.
Neusa confirma e acrescenta que esteve presente deste o início da jornada para a produção dos cafés especiais. “Eu nasci em meio à produção de café. Trata-se de uma cultura que faz parte da minha história familiar e eu só não me dedicava mais por estar envolvida nos negócios comerciais da família. Depois de 35 anos trabalhando no comércio, agora estou exclusivamente atuando na cafeicultura”.
Como forma de acompanhar todo o processo, Neusa continua visitando os talhões, verificando os grãos colhidos e ajudando a definir os procedimentos de colheita, de pós-colheita e de torra. E o mesmo está acontecendo com os filhos Felipe e Sara. Enquanto Felipe se dedica à parte administrativa, Sara já se 'aventura' no setor de torra, assumindo esta parte da produção da marca.
Junto com a mãe, Sara visita as lavouras que representam a fase inicial da produção de especiais. “A busca de informações e a experiência nos mostraram a importância do manejo para a manutenção da qualidade do grão e a possibilidade de realçar os seus atributos. É importante que se entenda um pouco sobre as nuanças a serem preservadas em cada estágio, desde a colheita até a torra. Ela também compreende a propriedade como um todo, como é bem administrada. Nossa gestão está alinhada com os conceitos de preservação do meio ambiente e da remuneração justa do trabalho e tudo faz parte da identidade do café que oferecemos”, ressalta Neusa.
Neusa afirma que o trabalho familiar em equipe e o reconhecimento da importância de cada um fazem parte deste processo de transição do projeto da marca.“Nós mulheres sempre trabalhamos, mas é recente ter o nosso nome associado ao resultado, principalmente quando se fala em sucesso”.
A fala da Neusa é bem ilustrada pela sua foto estampada na embalagem especial produzida para o café premiado no concurso Florada Premiada que foi inscrito com o seu nome. “Eles já pediram novamente uma foto minha para compor a embalagem do café de nossa mostra no concurso deste ano”, informa. Foram cinco quilos de mostra para a prova, com possibilidade de venda da produção no leilão promovido no final do concurso. “Como torramos e temos marca própria, participamos sem interesse de venda”.
Para a família ter o café avaliado em concursos (nacionais ou internacionais) vem para confirmar e validar a avaliação feita por Ronaldo, que é provador. “Também costumo levar para o laboratório do Ifes e os resultados têm confirmado nossa percepção do que produzimos”, afirma o patriarca.
A família administra uma propriedade em Alto Bananeiras, em Venda Nova, onde a altitude chega a 1.200 metros, e outra em Lajinha, Minas Gerais, com média de 800 metros, com produção de arábica e um pouco de conilon. “Estamos agora fazendo um experimento com conilon no Alto Bananeiras”, diz Ronaldo sobre a aventura na cafeicultura de montanha. Recentemente, o café que ele inscreveu ficou em primeiro lugar no concurso da Abic nas Matas de Minas Gerais e está entre os dez no nacional, além de conquistar o terceiro lugar na Semana Internacional de Café- SIC.