Socol ganha Indicação Geográfica
Data de Publicação: 29 de junho de 2018 11:18:00 O produto tipicamente local, a partir de agora conta com um atestado para comprovar suas características e qualidade
Venda Nova é oficialmente uma referência para a produção de socol. É que a iguaria produzida no Município possui o certificado de Indicação Geográfica, IG. No dia 12 de junho de 2018 a publicação da concessão do registro de IG, na espécie Indicação de Procedência (IP), pelo INPI, colocou fim a um processo iniciado em 2010.
A concessão foi publicada na Revista da Propriedade Industrial (RPI) nº 2475 em nome da Associação dos Produtores de Socol de Venda Nova do Imigrante (Assocol). Considerado um dos símbolos da cultura e da identidade local, o embutido de carne suína curado pelos temperos é produzido por descendentes de imigrantes italianos.
Atualmente produzido com o lombo do porco, sal, pimenta do reino e alho, o socol resgata a cultura dos imigrantes e valoriza o saber fazer tradicional do produto. Produzido inicialmente para consumo próprio, aos poucos, com o advento do agroturismo, tornou-se uma atividade rentável para as famílias que tradicionalmente já o produziam.
A área a ser considerada como indicação de procedência está localizada na parte nordeste do município abrangendo as regiões de: Alto Bananeiras, Bananeiras, Lavrinhas, Sede, Tapera, Alto Tapera, Santo Antônio da Serra e Providência.
Entenda a Indicação Geográfica
O registro de IG permite delimitar uma área geográfica, restringindo o uso de seu nome aos produtores e prestadores de serviços da região (em geral, organizados em entidades representativas).
A espécie de IG chamada “denominação de origem” reconhece o nome de um país, cidade ou região cujo produto ou serviço tem certas características específicas graças a seu meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.
Já a espécie “indicação de procedência” se refere ao nome de um país, cidade ou região conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.
O Espírito Santo está ampliando o mapa das Indicações Geográficas- IGs brasileiras. Só mais recentemente, os capixabas passaram a perceber as vantagens competitivas da certificação nos comércios nacional e internacional com a valorização de tradições construídas ao longo de décadas e a promoção do desenvolvimento rural de norte a sul do Estado.
Enquanto na Europa, berço das IGs, mais de 3.000 produtos agropecuários contam com o certificado, na América Latina ainda existem poucas políticas para o seu desenvolvimento. Hoje, existem no Brasil 49 Indicações Geográficas registradas, sendo três no Espírito Santo: o cacau em amêndoas, de Linhares; as panelas de Goiabeiras, de Vitória; e o mármore de Cachoeiro de Itapemirim.
O processo
O processo da IG do Socol começou quando Rodrigo Belcavello Barbosa, como analista técnico do Sebrae, ao conversar com o produtor Ednes José Lorenção, começaram a pensar em uma forma de valorizar o socol, como um produto típico de Venda Nova e representante da cultura italiana do município.
Em seguida, eles procuraram entender qual o formato mais adequado de criar uma “certificação” que pudesse proteger este produto e, dentro do Sebrae conseguiram o apoio para a viabilização desta conquista. No dia 6 de maio de 2010, aconteceu uma reunião na propriedade de Máximo Lorenção, na Tapera, onde Izolina Passos e Anselmo Buss, consultores do Sebrae, apresentaram aos produtores o início do andamento do projeto rumo à IG.
O processo teve certa lentidão, como explica Belcavello, por se tratar de um produto de origem animal (a grande maioria das IG's são de produtos de origem vegetal) e o socol ser desconhecido por órgãos de controle e fiscalização. “Devido a estas circunstâncias, o produto teve que passar por diversos testes e diversas documentações tiveram que ser providenciadas, além de muitas pesquisas de campo realizadas.”