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Dedicação ao voluntariado depois da aposentadoria

Dedicação ao voluntariado depois da aposentadoria

Data de Publicação: 23 de fevereiro de 2018 10:56:00 Os dias ganham novo sentido entre os tecidos, agulhas e linhas do artesanato e também à dedicação ao trabalho voluntário e às visitas ao sítio da família

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Depois de atuar 30 anos em sala de aula, Dora Ambrosim se aposentou e abriu a sua rotina para um novo estilo de vida.  Entre os seus afazeres está a Associação de Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo, da qual assumiu a presidência no ano passado, depois de eleita em assembleia. 

Dora acompanha de perto o andamento administrativo da Associação, participa das reuniões de planejamento, assim como das ações compartilhadas com o Instituto Jutta Batista da Silva- IJBS, como os cursos, bazares e palestras. Ela, que já era voluntária, passou a se dedicar ainda mais ao terceiro setor.

“Nosso foco, como voluntária do Hospital Padre Máximo, é ajudar nas rouparias do Hospital, como providenciar lençóis, toalhas, cobertores, panos  cirúrgicos, papel cirúrgico, entre outros. É para isso que produzimos, vendemos e geramos lucros. Mas há um cuidado também com o bem estar de nossos voluntários. É importante o cuidado com o corpo, a mente e o social.”

Dora diz que já ouviu muitos depoimentos de mulheres que a vida mudou depois que começaram a fazer parte do grupo. “Elas dizem que não conseguem mais deixar o grupo, pois se sentem muito melhor em serem úteis aos outros fazendo o bem sem esperar nada em troca.”

A observação de Dora é direcionada principalmente às mulheres novatas, que chegam deslocadas, pensando que não têm habilidades para colaborar. “Aos poucos elas vão descobrindo que podem ajudar de alguma forma, que têm algum tipo de talento e ficam encantadas quando descobrem que sabem fazer algo de interessante para o grupo.”

A Associação de Voluntárias envolve mulheres  numa faixa etária de 24 a 90 anos, sendo que tem a participação de filhas adolescentes para ajudar também. A presença de meninas é mais rara devido à dedicação aos estudos.

Dora observa que as mulheres que estão se aposentando agora ou por outro motivo diminuíram seus compromissos familiares têm encontrado nas Voluntárias uma oportunidade de ampliar seu círculo de convivência. Com aparência de bem mais jovem que a sua idade, a professora aposentada é um exemplo de vitalidade, bom humor e boa energia e credita isso ao seu envolvimento com essas e outras atividades.

Ela já se dedicava ao artesanato quando ainda lecionava e a aposentadoria abriu mais espaço para criar novas peças, como as bonecas de pano. “Eu não fiz cursos, mas a vocação estava latente: nas mãos e na cabeça. Tenho minhas criações próprias e são vários modelos e tamanhos, como chaveiros, bonecas para brincar e também para decoração. Adoro criar novidades que fazem o diferencial.”

Dento da sua linha de produção artesanal estão também artesanatos para a Festa da Polenta, como os chaveirinhos do 'Polentinha' e bonecas rainhas e princesa com a temática da própria Festa.

Só depois de aposentada, Dora pode se dedicar ao trabalho voluntário. 

Ainda como produções temáticas também estão as árvores de Natal em tecido que servem como en-feites de mesa ou de cantos de sala. Estas peças tridimensionais (com enchimento de algodão) vão para os bazares de Natal promovidos pelo IJBS nos finais de ano.

Para se organizar melhor, Dora divide o tempo entre as produções próprias e as especialmente feitas para as Voluntárias. “Como estou na diretoria, não tenho tempo de produzir quando estou na Sede. Então separo os materiais e levo para casa, onde me dedico mais.”

Dora mantém um atelier em casa, onde todos os equipamentos dão suporte para sua confecção de artesanato. “Apesar de ter diminuído a produção própria, sempre posto o que faço no Facebook e logo faço a venda.”

Quando vai para a Sede das Voluntárias, Dora gosta de acompanhar a dinâmica da produção e acolher as novas voluntárias, assim como escutar as demandas e as sugestões das veteranas. São cerca de 140 mulheres que colaboram com a causa, sendo que muitas produzem em casa ou no seu próprio trabalho. De acordo com a presidente, cerca de 80 frequentam o atelier, se dividindo entre as tardes de terça e as de quinta-feira.

Além de se dedicar ao artesanato e ao trabalho voluntário, Dora mantém sua qualidade de vida se permitindo o lazer. Ela participa das Cantarolas (um grupo que sempre se reúne para cantar, principalmente depois da missa da manhã de domingo), vai aos encontros do “Tempos do Nunca Mais”, entre outros grupos de amigos, frequenta academia com assiduidade e também adora viajar, principalmente fora de temporada. Ela fez várias viagens internacionais e quer aumentar suas marcações no mapa. “Depois da aposentadoria ficou melhor, pois viajo sempre que surgem momentos oportunos.”

Dora entende que manter essas atividades sociais são muito importantes para prolongar a juventude, colaborando para a sua saúde integral. Ela também atua como voluntária na Festa da Polenta, evento que acontece sempre no mês de outubro em Venda Nova. “Estar envolvida em vários movimentos me faz compreender melhor as pessoas e me inspira a aproveitar todas as oportunidades que aparecem na vida. Acredito que dar o exemplo é a melhor forma de mostrar para as outras pessoas que sempre é tempo de viver e ser feliz. Não importa a idade.”

Para deixar a vida mais leve, sempre que pode Dora acompanha o marido Alberto Falqueto na propriedade do casal, para estar diretamente ligada à natureza. “Vou para lá cuidar das flores, observar os plantios e fazer melhorias que estão ao meu alcance. Aproveito sempre para colher frutas e respirar um ar puro para melhor energizar a vida. Na verdade é sempre uma meditação dentro do trabalho.”

Vida de professora

Dora Ambrosim nasceu na comunidade de Cachoeira Alegre, no distrito de São João de Viçosa. Depois que concluiu o magistério (que corresponde ao ensino médio), foi fazer faculdade de letras – português e literatura em Cachoeiro de Itapemirim, onde conseguiu lecionar numa escola. No último ano de faculdade passou no concurso do Estado e voltou a morar em Venda Nova, desta vez na Sede, pois dava aula em dois turnos em escolas do município. “Minha vida sempre foi difícil, devido à distância que morava. Não tínhamos condição de transporte próprio e nem era oferecido transporte público como hoje, mas encarávamos tudo de uma forma prazerosa, sem reclamar ou achar difícil. Hoje entendo que levar a vida com mais otimismo, coragem e fé nos torna pessoas mais felizes e criativas, consequentemente mais saudáveis.”

Quando abraçou a profissão, o professor já não era tão valorizado no Brasil. Mesmo assim, Dora se orgulha dos anos dedicados ao magistério, campo que atuou quando ainda era estudante. “Vi muitos alunos meus crescerem, se tornarem profissionais conceituados ou empresários... Alguns se tornaram colegas de profissão. Isto me orgulha muito, me traz satisfação e me deixa realizada. Vejo que meu trabalho valeu a pena!”

E é com esta sensação de ter colaborado com a formação de tantas pessoas que Dora busca outra forma de fazer a vida das pessoas ser melhor. Seja como exemplo de vitalidade ou se dispondo a atuar como agregadora de pessoas ao trabalho voluntário, ela quer continuar fazendo a diferença na comunidade onde nasceu e escolheu para viver.

O casal sempre aproveita as oportunidades para viajar, 
como demonstra a foto feita na Grécia.
No dia 23 de janeiro, Dora e Alberto completaram 25 anos de casados.
Desta união nasceram Lucas e Alice, que hoje já moram em outra
cidade devido aos estudos universitários. 
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