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Coffee Design: do laboratório para a experiência direta no campo

Coffee Design: do laboratório para a experiência direta no campo

Estudantes compartilham ambiente de criação e inovação dentro do campus do Ifes e influenciam a evolução da cafeicultura familiar

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O Coffee Design é um centro de pesquisa que funciona no Campus do Ifes, onde todos os dias uma equipe de alunos bolsistas e os professores se ocupam em compreender sistemas complexos relacionados à produção de cafés especiais. As instalações (com sala de torra, prova, granulometria e outras) funcionam num galpão, que foi adaptado especialmente para abrigar o projeto desde o dia 25 de abril deste ano.

Como um ambiente de criação e inovação de processos, no Coffee Design todos os dias se trabalha a temática da qualidade do grão, tendo como suporte experiências em química, biologia, bioquímica, engenharias em meio ambiente. “Conseguimos construir um ambiente híbrido e transversal que permite aplicar a ciência em prol da compreensão de fenômenos complexos na produção de cafés especiais”, descreve o professor Lucas Louzada Pereira, um dos acadêmicos responsáveis pelo projeto.

“Não existe um dia sequer que nossos estudantes não estejam vinculados às práticas experimentais e de desenvolvimento de P&D. Nosso sistema consiste em trabalhar de forma horizontal, ou seja, nossas equipes estão distribuídas em função dos desafios sociotécnicos que consistem em nossos projetos de pesquisa”, reforça.

 

Cooperação entre os 49 bolsistas

Quem visita o espaço logo percebe que todos os estudantes cooperam entre si e com o desenvolvimento dos projetos, independentemente do nível de formação acadêmica. Muitos são filhos de produtores rurais e estão promovendo um verdadeiro intercâmbio de conhecimento entre a academia e as propriedades cafeeiras.

A comunicação fácil e a forma cortês como os bolsistas se dirigem aos visitantes e se relacionam entre si comprovam que o aprendizado vai muito além dos preceitos científicos. Muitos confessam ter superado a timidez e desenvolvido a capacidade de se comunicar e até de falar em público.

O professor Lucas afirma que ele e os profissionais envolvidos acreditam que esse modelo cooperativo incentiva a criatividade e a resolução de problemas complexos. “Nosso objetivo é pensar fora da caixa. O importante não é a formação de base, mas sim a forma como pensamos para resolver desafios de múltiplos aspectos com as habilidades que dispomos. Muitas soluções já foram aplicadas nos terreiros de café e também se tornaram artigos científicos publicados até em outros países”.

Vale ressaltar que o atual sistema é fruto do amadurecimento do projeto. No passado as tarefas eram distribuídas de forma muito concisa entre os estudantes, pois o número pequeno de bolsistas tornava possível supervisionar todos os processos e acompanhar os trabalhos de todos. “Atualmente são mais de 49 estudantes em diferentes níveis acadêmicos, distribuídos nos diferentes seguimentos do centro de pesquisa e também em unidades de pesquisas de outras universidades federais”.

E o caminho para organizar, acompanhar e direcionar as ações dos estudantes foi criar uma rotina de diálogo. De acordo com Louzada, todas as semanas têm um momento para revisar as metas, objetivos, definir prioridades e distribuir as tarefas. Esse encontro reúne (presencialmente ou virtualmente) os bolsistas do campus e os que atuam em outros centros acadêmicos”.

Com a criação do atual espaço físico, várias atividades que eram executadas em diferentes partes do campus estão reunidas, facilitando a integração entre elas. Na área dos contêineres (no topo do Campus) continua funcionando a unidade de processamento, de pós-colheita e os laboratórios para fermentações.

 “Trata-se de uma área essencial, onde é feito o trabalho “pesado” do laboratório”. Lucas explica ainda que após o período de descanso e repouso, todo o café é processado e desce para o Coffee Design, onde é torrado e analisado sensorialmente e quimicamente, fazendo uso de toda infraestrutura disponível.

Do ponto de vista de gestão de projetos, Lucas observa que seria melhor ter todos os espaços aglutinados em uma mesma área. “A topografia do campus não nos permite tal abordagem e seria necessário um espaço bem maior, caso fossemos concentrar todos laboratórios e processos de forma linear”.

 

Em outros campus

De acordo com o professor Lucas, as ações estão distribuídas em função das expertises dos núcleos de pesquisa que estão em outros campus. Na Universidade Federal de Viçosa- UFV, por exemplo, são feitas as análises de biologia molecular, em função da experiência e infraestrutura dos pesquisadores alocados por lá.

Já na Universidade Federal do Espírito Santos- Ufes estão concentradas as análises químicas no Laboratório de Petróleo- LabPetro. “A unidade da Ufes que acolheu as demandas do Coffee Design dispõe de uma infraestrutura única para realização de nossos trabalhos, assim como acontece nas unidades de pesquisas de outras universidades ligadas aos nossos projetos”.

E Lucas acrescenta que nos demais parceiros são desenvolvidas diversas ações direcionadas de acordo com as expertises e competências. “Assim conseguimos aumentar nossa capilaridade em função da possibilidade de cooperação”, diz sobre os outros centros de pesquisa.

 

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