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‘’Há vários tipos de câncer de mama, a maioria tem resposta ao tratamento’’

‘’Há vários tipos de câncer de mama, a maioria tem resposta ao tratamento’’

A cancerologista cirúrgica Ana Paula Mazzocco traz uma reflexão com otimismo para marcar o Outubro Rosa

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Não era mês de outubro. A paciente entrou pela porta do consultório cabisbaixa, como se estivesse envergonhada, acompanhada da filha.

Perguntei: “Em que posso te ajudar, dona N. S.?

“'O fia', um caroço que apareceu aqui no meu peito”.

Colhi a história da paciente. Ela veio de uma cidade do interior, ajudava o marido na lavoura. Disse-me que o caroço tinha tempo que estava crescendo, mas ela não teve coragem de mostrar ou contar para ninguém.

“Não queria deixá a família preocupada e não se pode mostrar 'as vergonhas' né fia!!??” Respondeu ela quando perguntei o motivo da demora em procurar ajuda.

Levei-a até a maca para examiná-la, com as mãos calejadas e queimadas de sol, ela me ajudou a tirar a blusa e o sutiã.

Pronto! Aos olhos nus pude ver uma grande lesão já sangrando e necrosada acometendo quase toda a mama direita. Linfonodos (ínguas) na axila direita e os olhos dela cheios de água. “Não tive coragem de mostra, já temos muitos problemas para resolver”, sussurrou ela baixinho no meu ouvido para a sua filha não ouvir.

Meu olho também encheu de água. “Não é hora de choro, Ana Paula, componha-se”, pensei eu.

Realizei a biópsia, resultado positivo: câncer de mama.

Poderia ser uma história, mas infelizmente é mais um caso real de câncer de mama diagnostica em estado avançado.

 

No mês de outubro, lembramos da campanha 'Outubro Rosa'. A data é celebrada anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre o câncer de mama, que é um tumor resultante da multiplicação de células anormais da mama.

Há vários tipos de câncer de mama. Alguns evoluem rapidamente; outros não. A maioria tem boa resposta ao tratamento, principalmente quando diagnosticado no início. A doença pode ser assintomática e/ou se apresentar como caroço (nódulo) fixo, endurecido e geralmente indolor, alterações no bico do peito (mamilo), saída espontânea de líquido de um dos mamilos, pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas) e pele da mama vermelha ou parecida com casca de laranja. Por isso é tão importante o auto-exame das mamas e o exame físico realizado pelo médico anualmente.

A mamografia é o exame que devemos realizar como forma de rastreio da doença. Deve fazer toda mulher acima de 40 anos, segundo a sociedade brasileira de mastologia, e repetido anualmente (quando os resultados são normais).

Mulheres que tenham mãe, irmã ou filha com história de câncer de mama antes dos 50 anos ou de câncer de ovário devem ser avaliadas por um médico para ver a necessidade de iniciar o rastreamento. O câncer de mama hereditário, representa de 5 a 10% do total de casos.

Para reduzir o risco do câncer de mama devemos manter o peso corporal adequado, praticar atividade física, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e amamentar.

Lembre-se: o diagnóstico precoce é muito importante para obtermos a cura.

Cuide-se! Não só em outubro, porque a vida, minhas amigas, vale muito.

 

Dra. Ana Paula Mazzocco

Cirurgiã Oncológica e Geral

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