FAMÍLIA SOSSAI - Virgínia, a terceira esposa de Pedro Cola
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Virgínia foi a segunda filha que Pietro Noè Sossai e Elena Caliman tiveram no Brasil. O casal, que migrou para o Brasil no dia 2 de julho de 1888, chegou com seis filhos (Antônia Maria, Beniamino, Girolamo- ou Jerônimo, Anna Orsola, Amália Elisabetta e Carlo Eugênio) e tiveram mais quatro (Domingos, Virgínia, João e Maria).
Virgínia nasceu em Matilde, Alfredo Chaves. Por volta de1910, Pietro e Elena compraram 10 alqueires de terra de Elizabetta Minete no Vale Sossai, em Venda Nova, vizinho às terras do filho Jerônimo Sossai e Carolina Minete.
Na Tapera, foi construído um sobrado onde Virgínia viveu parte da infância, depois foi para o colégio das Irmãs em Vitória. Quanto retornou, se tornou a primeira presidente zeladora do Apostolado da Oração, criado em 1923, na capela de São Pedro de Venda Nova. Ela também era catequista.
A enteada Anna Luisa, a Annita
Anna Luisa Cola (chamada Annita Cola) nasceu em18 de agosto de 1911, na fazenda Providência, era filha de Hermínia Piovesan. Ela se casou com Ângelo Perim em 1927, também em Pindobas.
Em sua residência em Vitória, com 80 anos, ela deu um depoimento de três horas. O relato dado no dia 7 de abril de 1992 está descrito no livro de Ângelo Cola e Catterina Monticello, de Sônia Maria Demoner, lançado em 1994. Faz parte do seu depoimento, o seguinte trecho: "A nonna Catterina foi uma grande parteira. Também a vovó Elena era parteira. Eu aprendi a fazer parto com ela. Meu primeiro parto foi o da minha madrasta (Virgínia Sossai). Foi o parto da Maria da Penha (Nenete)”, diz sobre o parto que fez junto com Elena Caliman. Virgínia teve cinco filhos com Pedro Cola: Maria da Penha (Nenete), Marta, Helena, Pedro (faleceu jovem) e Maria do Carmo.
Annita Cola relatou que a sua madrasta foi muito boa para todos eles. “Foi ela quem arranjou meu casamento. Ela se preocupava porque tinha medo da gente namorar com quem não prestava. Eu é que ajudava a mamãe Virgínia na casa e, mesmo assim, ela quis que eu me casasse nova. Eu tinha 16 anos. Ela pensava no nosso futuro. Eu costurava e sabia bordar. Fiz o meu enxoval e o meu vestido de noiva. Era rosinha de saia plissada. Muito bonito."
"Eu não queria casar, mas ela dizia que o rapaz era bom, de família boa. Lembro-me que era no mês de março. O papai foi no meu quarto e a Júlia (irmã) ficou ouvindo atrás da porta. Ele me perguntou: quantos anos você tem? Eu disse que ia fazer 16. Só isso? Aí ele voltou para a sala. Minha futura sogra estava lá com um par de sapatos que me trazia de presente. Meu sogro também. Há pouco tempo eu vi um sapato igual aquele e comprei. Era muito bonito. Eles tinham ido fazer o pedido de casamento.
O casamento de Virgínia Sossai com Pedro Cola
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Hermínia Piovesan morreu grávida, deixando os filhos muito pequenos. Annita, a mais velha, cuidava da casa e dos seus irmãos menores, sendo que a Maria e o Camilo estavam muito pequenos. Um dia Pedro Cola demostrou preocupação com o trabalho exaustivo e pesado enfrentado pela filha, dizendo a ela que achava que iria se casar novamente. “Você quem sabe, eu falei. Aí ele levou a Virgínia lá em casa. Ela ensinava catecismo e preparava as crianças para fazer a primeira comunhão. Ela falava italiano e ensinava. O padre Cleto Caliman estudou com ela. Aí o papai se casou com ela. Foi um casamento muito bonito. A igreja estava toda enfeitada. Tinha muita gente’’, relatou Annita no livro publicado em 1994.
No mesmo livro também tem um relato de Jurandir Dias da Silva esposo de Maria da Penha (Nenete) genro de Virgínia Cola. "Dona Virgínia era uma santa. Ela deixou muita saudade. Eu devo muito a ela. Foi ela quem me ajudou a ler em Braile. O Pedro era durão, não era má pessoa, mas era dessas pessoas que não tinha dó de ninguém. Em Castelo, no hotel, Dona Virgínia fazia as marmitas dos empregados escondido dele (Pedro Cola) e dava de comer a todo mundo. Ele nunca soube".
Marilza Zanchetta Vieira, filha de Helena Cola e Guerino Zanchetta, confirma essa história. "A vovó Virgínia fazia as marmitas escondido do vovô e entregava para os homens que trabalhavam no hotel Mangueira. O hotel tinha dois andares, um pé de manga espada na frente e um salão grande para refeição, onde a gente ajudava nas refeições”.
Virgínia faleceu de angina no dia 22 de janeiro de 1960 em Castelo. Segundo Nenete, sua mãe previu sua morte. “Dezoito dias antes ela chamou todo mundo - todos os filhos - e pediu que eles procurassem se ajudar. Ela faleceu sorrindo. Castelo em peso foi no velório da minha mãe. Ela era muito querida. Ela gostava muito de todos nós".
Adriana Falqueto, filha de Edília Sossai Falchetto, traz um relato sobre sua tia Virgínia. "Minha mãe contava que ela recebia os parentes de Venda Nova no hotel em Castelo e ajudava em tudo. Castelo era o lugar de embarque no trem. Certa vez mamãe foi lá junto com a nonna Luisa Altoé levar a tia Idasima, que ia para o colégio Santos Anjos, na Tijuca, Rio de Janeiro. Tia Virgínia pediu para sua filha Nenete arrumar os cabelos de suas sobrinhas. Nenete, muito prestativa, lavou os cabelos das primas e fez um penteado lindo com duas tranças trespassadas no alto da cabeça. Mamãe aprendeu o penteado e sempre fazia nela e na Albertina, sua irmã mais nova. Uma foto delas com o penteado é capa do livro ‘Mattinata per Edília’”.
Marilza Zanchetta fala que a sua tia Nenete contava esses fatos. Um das histórias passadas por ela fala da morte da segunda esposa de Pedro Cola, a mãe do Camilo Cola, que estava a cavalo quando entrou na frente e levou um tiro que era para ele. “Ela contava que a vovó Virgínia criou todas as crianças, todos os filhos dele com a primeira mulher, a segunda e os que ela teve com ele. Depois que a vovó morreu, ele casou pela quarta vez com a Dona Olga e eu lembro o dia que a vovó Virgínia morreu. A gente morava mais embaixo eu queria ir lá e não deixaram. Foi aquele alvoroço na rua. Foi um dia que ficou muito marcado na minha lembrança!"
Na casa de Pindobas, Camilo Cola fez uma placa em homenagem à Virgínia Sossai. Também o salão de festas da casa tem o nome dela. Ele a considerava sua mãe.