Psicologia com afeto, dedicação e preparo profissional
A clientela infanto-juvenil ocupa a maior parte da agenda de Rubia de Souza Silva, psicóloga que prossegue nos estudos em busca de excelência
Formada em 2016, a psicóloga Rubia de Souza Silva tem encantado seus seguidores nas redes sociais com a desenvoltura e a naturalidade ao falar de temas relacionados à saúde mental. Os vídeos são feitos enquanto vai para a academia ou no intervalo de um atendimento e outro.
Como ela própria define suas produções, Rubia atua de forma orgânica, sem ensaios e criando conteúdos de acordo com suas observações do dia a dia. Ao incorporar uma linguagem simples, leva informações relevantes até para as pessoas que não têm acesso ao atendimento clínico. “São observações e dicas simples... São reflexões que podem simplificar a nossa vida, nos ajudando a ser mais leves”, pontua.
Rubia não tinha intenção de ir para as redes sociais e acabou abrindo o Instagram por pressão de sua supervisora técnica, sob a alegação de que seria interessante mostrar o que ela sabe, popularizar conceitos da psicologia e ajudar as pessoas.
Dedicada, Rubia continua estudando muito, principalmente quando fica diante de um caso diferente. Com cerca de 40% de sua clientela formada por crianças, 35% por adolescentes e 15% por adultos, a psicóloga atua de forma a ser conhecida como uma pessoa amorosa, acolhedora e atenciosa.
“Minha forma de transmitir amor também é presenteando e sempre tenho um chocolate, um agrado para os meus pacientes, principalmente em datas especiais”, diz Rubia ao confessar dificuldade para recusar um novo caso. Com a agenda cheia e com fila de espera, Rubia acredita que recusar um atendimento é falar não para o sofrimento da pessoa que a procura.
Enquanto administra sua agenda para ter espaço para o autocuidado, Rubia celebra os bons resultados de seus pacientes. E ela atribui a eles o sucesso do tratamento. “O papel do psicólogo é dar instrumento para o paciente ultrapassar barreiras e promover a auto cura. Ele vai evoluir para ter autonomia para lidar com suas dores e seguir em frente de forma saudável. Auxiliamos neste processo, mas o mérito é dele”.
Rubia esclarece que o processo terapêutico também é de deixar claro o papel do psicólogo na vida do paciente. “Terapia não é criar dependência de um profissional. Tem que ter início, meio e fim, sendo que se pode e deve voltar a recorrer a ele em situações pontuais”.
Avaliação neuropsicológica
Além do atendimento clínico, Rubia faz avaliação neuropsicológica e passou a prestar este tipo de serviço depois que fez especialização. “Gosto desta parte da atuação, pois os casos impulsionam os meus estudos”.
A avaliação neuropsicológica trata-se de um procedimento de investigação detalhado que tem como objetivo avaliar as funções cognitivas da pessoa, tais como, atenção, memória, linguagem, entre outras e também se concentra em aspectos sociais, emocionais e funcionais. “Faz-se necessário diante da presença de queixas de desempenho ocupacional, de aprendizagem e comportamentais, com impacto na vida diária do paciente’’.
Por meio de entrevista e testes neuropsicológicos padronizados, Rubia investiga o funcionamento cognitivo e estabelece as habilidades e as dificuldades específicas de uma pessoa para planejamento de intervenção.
Rubia, que antes fazia os atendimentos somente relacionados aos quadros de depressão, ansiedade e pânico, por exemplo, passou a incluir os relacionados ao desenvolvimento cognitivo. “A cada caso que aparece preciso fazer pesquisas e estudos para fundamentar meus laudos”.
Trajetória
Quando conquistou a bolsa de estudo no curso de psicologia do Centro Universitário São Camilo, de Cachoeiro de Itapemirim, Rubia era estagiária do Jornal Folha da Terra. Ela se formou em dezembro de 2016 e em março de 2017 iniciou os atendimentos clínicos em Venda Nova.
No mesmo ano ela passou a fazer atendimentos no Centro de Reabilitação Psicossocial Nova Perspectiva, onde atuou por quatro anos. Ela conciliava o trabalho na clínica com o atendimento no consultório e na Prefeitura de Venda Nova, onde atuava como auxiliar administrativo desde 2013.
Com o aumento da demanda de atendimento no consultório, Rubia decidiu deixar de atender na clínica no início de 2022 e, em setembro, de atuar na Prefeitura. A partir de outubro de 2022, ficou exclusivamente com o atendimento em seu consultório.
“Chegou o momento em eu precisei decidir em qual demanda eu iria evoluir e, como a procura por pacientes era cada vez mais crescente, optei por investir no atendimento clínico”. Rubia então alugou uma sala na clínica Med Max. Até então ela passou por várias clínicas, mudando de uma para outra conforme a disponibilidade das horas/salas oferecidas. “A cada percepção de aumento de demanda, eu procurava um lugar com maior disponibilidade. Esta é a única explicação das minhas mudanças, já que construí ótimos relacionamentos de amizade por onde passei”.
Recentemente Rubia concluiu a pós em neuropsicologia clínica pela São Camilo e está fazendo pós em terapia cognitivo-comportamental- TCC pela Puc do Paraná. Seu próximo projeto é inaugurar seu novo consultório, o que está previsto para abril desse ano.
Ao conhecer o currículo e atuação de Rubia, percebe-se que o conteúdo da profissional que faz sucesso nas redes sociais vai muito além de suas postagens. Mesmo que leves, seus vídeos são fundamentados em experiência e conhecimento acadêmico.
Ela venceu
Oriunda de uma família simples, sem estudos e sem posses, Rubia e mais dois irmãos foram criados pela mãe, sem a presença do pai. No entanto, ela contou com tios acolhedores e que se transformaram em rede de apoio nos momentos mais difíceis.
Rubia nasceu com onfalocele, uma má formação na barriga que a levou a ser operada com 12 horas de vida. Aos seis anos foi operada do coração, devido ao problema de comunicação interatrial. “Ficamos seis meses no Rio de Janeiro, pois meu irmão mais novo (com quatro anos na época), também fez a mesma cirurgia um mês depois. Entrei na escola em agosto daquele ano”.
Aos dez anos de idade, Rubia voltou a fazer nova cirurgia na barriga devido a uma hérnia que surgiu em decorrência da intervenção quando recém-nascida. Em 2019, fez novamente cirurgia de uma outra hérnia.
“Desde os quatro anos comecei a pensar que iria crescer, estudar e proporcionar melhores condições para minha família. Sabia que seria assim, mesmo sem ninguém acreditar em mim”, diz sobre sua dedicação aos estudos desde a infância. Quando ganhou a bolsa de estudos na São Camilo, Rubia sabia que o seu propósito estava começando a se cumpri.
E ela não sabe dizer se é exatamente essa razão de ter procurado na psicologia uma forma de se colocar no mundo e ainda ajudar os outros a enfrentarem suas dores. Sempre bem-humorada e procurando levar a vida com leveza, a cicatriz no peito de Rubia é apenas a marca de alguém que teve que abrir o coração para aprender amar, se amando em primeiro lugar.