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Uma engenheira que vai da obra à sala de aula

Uma engenheira que vai da obra à sala de aula

Formada pela Ufes, Jéssica Salomão Lourenção que fez pós e mestrado, revela uma faceta multifuncional da profissão

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Jéssica Salomão Lourenção é uma engenheira versátil: atua como professora no curso de engenharia, acompanha obras, faz projetos estruturais e ainda é a responsável técnica da Aroeira Pré-Moldados e da Blocok Sul Pré-Moldados. Atuar em várias frentes possibilita novas conexões e intercâmbios profissionais: uma atividade enriquece a outra e a torna mais preparada para os desafios naturais da profissão.

Então vale a pena conhecer mais de perto essa profissional jovem e com um currículo rico em experiências. Formada em engenharia civil pela Universidade Federal do Espírito Santo- Ufes, Jéssica concluiu um ano depois a pós-graduação em cálculo estrutural e fundação e, no ano seguinte, o mestrado em estruturas. Para conseguir ambas especializações, antes de terminar a graduação ela já estava fazendo a pós e, antes de terminar a pós, engatou no mestrado. Durante a graduação, entre 2013 e 2014, fez intercâmbio nos Estados Unidos, o que lhe deu o domínio do segundo idioma.

Como a busca de conhecimento é algo incansável, Jéssica faz atualmente graduação em arquitetura e urbanismo, modo à distância, na Universidade Cruzeiro do Sul. “A arquitetura busca beleza, funcionalidade e identidade visual, enquanto a engenharia cuida da infraestrutura. Como faço acompanhamento de obra, quero entender dos dois setores que, embora diferentes, se complementam e interferem um no outro”.

Jéssica explica que em sua função de fazer o acompanhamento de obra (ou acompanhamento técnico), faz visitas periódicas ao canteiro de obras. “Atuo para garantir que a construção esteja sendo executada de acordo com os projetos, esclareço dúvidas do construtor, oriento a mão de obra contratada, faço e confiro medições, assim como oriento a compra de materiais de construção”.

Como o projeto estrutural (também conhecido como cálculo estrutural) é complementar ao projeto arquitetônico, o foco do engenheiro civil é o dimensionamento e detalhamento, bem como a verificação das vigas, lajes, pilares, fundações, entre outros. “Estes elementos estruturais deverão resistir aos esforços impostos pelo uso e ocupação da estrutura, conforme proposto pelo projeto arquitetônico. Com o projeto estrutural, tudo já foi previamente calculado e previsto. Assim, o controle é mais fácil de ser mantido e cobrado, sendo possível até mesmo antecipar os custos da obra, como o cálculo da hora/máquina dos equipamentos utilizados”.

Ao lecionar nas disciplinas de cálculo estrutural no curso de engenharia civil da Faveni, Jéssica leva casos reais para sala de aula. “Já apresentei desafios verdadeiros para meus alunos e pedi que eles sugerissem soluções. Foi uma oportunidade interessante para o debate, mesclando ensino acadêmico com realidade”.

 

Trajetória

Depois de formada Jéssica foi trabalhar em um escritório de projetos na Serra com a elaboração de orçamentos e projetos para manutenção e reforma de ambientes, que prestava serviço para a Vale. Esta experiência abriu portas para ser contratada para atuar em outro escritório, também na Serra, que mexia com projetos de infraestrutura.

Assim que concluiu o mestrado (início de 2019), Jéssica conciliou o trabalho no escritório pela manhã com o da sala de aula, pois passou a lecionar no horário noturno numa faculdade em Aracruz. Ela só interrompeu essa rotina intensa quando passou no Ifes, campus Cachoeiro de Itapemirim, como professora substituta. Em setembro de 2019, se mudou então para Cachoeiro, ficando mais próxima de Venda Nova.

Jéssica deu aulas presenciais durante um ano e quatro meses, quando veio a necessidade de isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus. Durante o ano de 2020 ela atuou no modo a distância, quando recebeu o convite para lecionar no curso de engenharia da Faveni, em Venda Nova. Até o final daquele ano ela conciliou o trabalho nos dois cursos, até mudar para Venda Nova no início de 2021, quando ficou lecionando somente na faculdade da cidade.

Em 2022 foi convidada para trabalhar como responsável técnica das empresas Aroeira Pré-Moldados e Blocok Sul Pré-Moldados. No ano anterior, quando somente lecionava e acompanhava algumas obras, Jéssica aproveitava as horas livres para ajudar o pai na tornearia.

Hoje conciliando a elaboração de projetos e o acompanhamento das obras, com o trabalho na fábrica e na sala de aula, Jéssica percebe a importância da comunicação com o cliente e com o construtor. “Precisamos compreender as expectativas e as necessidades do cliente e alinhar com o construtor o que o dono da obra almeja e as exigências técnicas para ter segurança e qualidade como resultados”.

Neste diálogo com o cliente, Jéssica identifica, por exemplo, qual tipo de laje ou cobertura é desejada. “Vou fazer o projeto estrutural de acordo como se pretende para que seja gasto o necessário: nem menos e nem mais ferragens, na medida da segurança da obra. Quando se gasta mais do que é preciso no início da obra o dinheiro vai fazer falta no final, pois a fase de acabamento é muito cara. O planejamento evita distorções e aborrecimentos”.

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