Primeiro promotor de Venda Nova tem relação estreita com a comunidade
Zenaldo Baptista de Sousa viveu sua juventude e mantém amizades de longa data em Venda Nova
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Zenaldo é o primeiro filho do segundo casamento do pai, o farmacêutico Valério de Sousa Júnior com Zelita Baptista Júnior. Seu pai tinha ficado viúvo, com seis filhos, e, devido ao ofício- mesmo estabelecido na Vila de Piracema, Afonso Cláudio -, circulava em toda região e conheceu em Brejetuba a professora, com quem se casou e teve mais quatro filhos.
Zenaldo nasceu no dia 12 de novembro de 1964, em Piracema, Afonso Cláudio. Ainda menino, de cinco para seis anos, ele se mudou para Cariacica, na Grande Vitória, acompanhando os pais e com os dois irmãos mais novos (Ezir e Sérgio). Lá ele fez o ginasial e o segundo grau (quando a família cresceu mais um pouco com a chegada do Marcos Valério, irmão caçula, hoje advogado) e só saiu para fazer faculdade de direito em Colatina. Nessa época, seu irmão Eliezer já era promotor de justiça e foi seu professor de direito penal. Só depois ele se tornou procurador de justiça do Ministério Público do Estado do Espírito Santo.
Antes de ser seu professor, Eliezer foi sua inspiração, exemplo de profissional e homem que também fez o papel de pai, dada a diferença de idade e experiência de vida. “Nós sempre fomos muito próximos e sempre tivemos muita afinidade. Antes de ser promotor, ele abriu as portas do seu escritório de advocacia, me ensinou e me disciplinou, acompanhando os trabalhos. Mas quando assisti um júri (ele ainda era advogado), eu descobri e percebi o que eu queria ser profissionalmente”, recorda-se Zenaldo.
Aos 28 anos Zenaldo já tinha alcançado o posto de promotor de justiça, vindo atuar no município de Conceição do Castelo. Na ocasião, ele prestou relevantes serviços a Venda Nova, quando ainda não havia sido elevada à condição de Comarca. “ Foram tempos difíceis, pois qualquer assunto que dependesse da palavra de um juiz de direito ou do promotor, o cidadão de Venda Nova tinha que se deslocar até Conceição do Castelo”.
Zenaldo se lembra das muitas vezes que os trabalhos forenses prolongavam madrugada afora, principalmente na ocasião das apurações para eleições majoritárias e proporcionais. “Foi uma época em que o voto era manual, e candidatos e população vendanovenses tinham que se deslocar ao ginásio municipal de Conceição do Castelo para acompanhar a apuração até o resultado final. De igual forma, os atos processuais (audiências e julgamentos) também eram realizados em Conceição do Castelo”, recorda-se.
“Com a luta incessante da comunidade vendanovense, foi instalada a Comarca de Venda Nova, em cerimônia que tive a honra de participar, oportunidade em que presenciei a alegria do povo local. O Fórum Desembargador José Vieira Coelho (hoje uma linda e imponente edificação) funcionava em um imóvel alugado”, recorda-se Zenaldo que, como promotor titular de Conceição, foi o primeiro promotor de justiça de Venda Nova e o juiz Márcio Nunes da Rosa, juiz instalador.
Ele se recorda que o Ministério Público ocupava uma das salas das instalações do Fórum, que se valeu da estrutura de uma pensão desativada, um imóvel alugado localizado em cima da Casa Perim, no Centro de Venda Nova. Zenaldo atuava sozinho na Promotoria e, às vezes, contava com uma estagiária cedida pela Prefeitura.
E num período de cerca de três anos, Zenaldo fez audiências em Venda Nova e em Conceição, só voltando a ser exclusivo para Conceição quando chegou um promotor para atuar em Venda Nova. “As instalações em Venda Nova, apesar de adaptadas, atendiam bem às necessidades daquele momento”, observa.
Depois de um certo período, Zenaldo foi promovido para uma promotoria criminal de Cachoeiro de Itapemirim e, na sequência, para a Vara do Júri de Cariacica. Alguns anos depois, ele requereu remoção para o município de Viana, onde ficou durante oito anos. Depois surgiu a possibilidade de ficar em Castelo, onde está atuando há dez anos.
Em junho, Zenaldo vai completar 28 anos no Ministério Público do Estado do Espírito Santo. Contando com três anos de averbação (que trabalhou em outras funções na área jurídica), falta muito pouco para, se ele quiser, 'pendurar as chuteiras' e se envolver com outros projetos.
Juventude
Mesmo morando na Grande Vitória e mais tarde estudando no Norte do Estado, Zenaldo continuou frequentando Venda Nova e Conceição do Castelo. Ele participava dos eventos, como o Baile dos Universitários e a Festa da Polenta, por exemplo. Com o seu retorno, já como promotor, para Conceição do Castelo, ele reforçou e ampliou essas relações de amizade.
No dia 21 de maio de 1994 ele se casou com Renata Rigo, produtora de café de Conceição do Castelo, com quem tem um filho, o Guilherme, de 25 anos. Mais tarde descobriu que tinha um filho, Warley Quintão Rodrigues de Sousa, de 31 anos, fruto de uma relação da juventude, do qual ele fez questão de se aproximar, se relacionar e reconhecer judicialmente.
Zenaldo acredita que o reconhecimento como 'Cidadão Vendanovense' veio principalmente em razão de suas relações de amizade da época de juventude que foram se fortalecendo com sua atuação profissional. “Quando me casei e passei a morar em Conceição do Castelo, essas relações ficaram ainda mais fortes. Tenho muito afeto por Venda Nova e recebo essa mesma consideração. São famílias tradicionais queridas, que fazem um trabalho comunitário muito bacana”.
A organização dos moradores de Venda Nova, o trabalho voluntário e a garra para lutar pelo os interesses coletivos são inspiradores, na avaliação de Zenaldo. “Eu sempre vi Venda Nova como referência pela forma como vem conduzindo seu desenvolvimento, como defende sua cultura e como promove seus eventos. Enquanto em Venda Nova o diferencial é a cultura do imigrante italiano, sempre muito bem representada, em Conceição temos o encontro das culturas dos imigrantes italianos e portugueses, representadas agora pela Festa Portugália. Estamos nos organizando para mostrar nossas riquezas também através de evento”.
Para Zenaldo, essa conexão com a comunidade, tanto em Venda Nova quanto em Conceição do Castelo, lhe traz grande alento, pois pela força de sua função, ao longo da carreira, trabalhou em diferentes municípios. “O promotor de justiça, pela peregrinação de comarca a comarca, acaba quase se sentindo sem pátria, como se não tivesse raízes. Fiz largas andanças neste Estado, mas sempre frequentei esta terra querida, até porque aqui ainda possuo raízes e amigos que hoje estão a me aplaudir por esta homenagem”, disse na solenidade que recebeu o título.
Ele ainda confessa nunca ter sonhado ser merecedor da distinção. “Receber o título de 'Cidadão Vendanovense' tem para mim o significado de um gesto de reconhecimento, o que faz com que me sinta vitorioso e mais estimulado a contribuir com este município”.
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