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Doenças neurológicas- investir na saúde para prevenir e buscar socorro rápido para o paciente

Doenças neurológicas- investir na saúde para prevenir e buscar socorro rápido para o paciente

A neurologista Caroline Sathler fala das enfermidades que afetam tanto a capacidade motora quanto as habilidades cognitivas

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 “Tempo é cérebro”. A neurologista Caroline Sathler resume com esta afirmação a importância de providenciar o socorro imediato para uma vítima de um AVC e de tratamento para qualquer outra doença neurológica. A especialista, que atua em Venda Nova desde o ano passado, chama a atenção para as principais patologias neurológicas, dá dicas de como reduzir o risco, enquanto afirma que um diagnóstico e providências imediatas podem salvar vidas e evitar sequelas graves. 

“A debilidade do paciente é muito desgastante para ele e para os seus familiares. Para reduzir o risco de ter doenças neurológicas é preciso investir na qualidade de vida, adotando medidas simples, como alimentação balanceada, rotina de exercícios, ter bons relacionamentos  sociais, momentos de lazer e cultivar bons pensamentos”, diz a especialista sobre doenças neurológicas preveníeis relacionadas. Para ajudar, ela resumiu em quatro dicas os princípios gerais para se ter uma boa saúde.

 

Mantenha uma alimentação balanceada

Manter uma alimentação saudável e balanceada é fundamental para garantir a nossa saúde. Frutas, legumes, verduras, tubérculos (mandioca, batata doce, inhame etc.), ovos, carnes e castanhas estão entre os itens que devem ser incluídos em uma alimentação equilibrada.

No entanto, existem algumas opções que podem ser perigosas e por isso devem ser evitados. Esses alimentos são conhecidos pelos males que causam à saúde, incluindo o funcionamento cerebral, como os produtos açucarados, fast food, frituras, alimentos processados e gordura trans.

Juntamente com uma alimentação saudável e balanceada é importante beber água regularmente, evitar o uso de cigarro e bebidas alcóolicas. Essas medidas contribuem para reduzir o risco de desenvolver doenças e são receita certa para uma melhoria da qualidade de vida.

 

Exercite o corpo e a mente

O nosso corpo foi projetado para estar em movimento, e isso também é um fator crucial para manter seu sistema nervoso saudável. Praticar exercícios físicos é uma maneira de manter o cérebro funcionando, constantemente regulando a liberação de substâncias essenciais para uma vida saudável, como a serotonina e a dopamina.

Deve-se apostar também em atividades intelectuais, fundamental para manter o cérebro ativo. Aprender algo novo, como tocar um instrumento musical, pintura, dança ou uma língua, faz muito bem. Brincar com palavras cruzadas ou jogo da memória também são ótimas opções de lazer e que contribuem para a saúde do cérebro.

Separe um tempo no dia a dia para criar essa rotina. Manter uma vida ativa contribui para reduzir o risco de uma desordem cerebral se manifestar.

 

Seja mais otimista e tranquilo

O estresse é responsável por produzir substâncias que fazem mal ao cérebro. Pesquisadores descobriram que pessoas deprimidas possuem maior risco de desenvolver Alzheimer.

Pessoas que são mais positivas e tranquilas estão menos vulneráveis a enfrentar alterações nas funções cognitivas do cérebro, como memória, atenção, fala e compreensão e na execução de atividades. No entanto, fugir completamente das situações estressantes ainda é um desafio, por isso, busque evitá-las ao máximo. Uma dica é: ao chegar no fim do dia procure relaxar com meditação, yoga, conversando com amigos ou com a leitura de um bom livro.

 

Faça avaliação médica regular

Infelizmente, algumas doenças neurológicas acabam se manifestando. Muitas delas podem ser fatais se não tratadas de forma adequada o quanto antes e outras podem ser crônicas e necessitar de tratamento ao longo da vida. Independente de qual seja a doença neurológica que o paciente apresente, um diagnóstico precoce é crucial para que se tenha qualidade de vida.

Há muitos estudos na tentativa de desenvolver exames que sejam capazes de detectar em fases cada vez mais precoces as doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla. Isso permitiria uma compreensão melhor da doença auxiliando o médico na busca dos melhores tratamentos para o paciente.

No entanto, o diagnóstico precoce se torna mais possível quando o paciente faz consultas periódicas.

 

No ranking das doenças mais comuns na região, a neurologista destaca as que mais levam pacientes ao seu consultório

Dores de cabeça

Dores de cabeça nem sempre são sintomas de uma doença. Algumas  vezes podem estar relacionadas à causas comuns como: falta de sono, uso de óculos com grau incorreto, estresse, exposição a ruídos altos ou adereços apertados na cabeça.

Apesar de ser um sintoma comum e, em algum momento da vida, todos teremos pelo menos um episódio, não é normal apresentar dor de cabeça frequentemente. Ela pode ser o sinal inicial de uma condição grave que põe em risco a vida. Por isso, para a neurologista, toda dor de cabeça merece ser avaliada para que seja feito diagnóstico e tratamento corretos.

 

 AVC - Acidente Vascular Cerebral

O AVC se dá quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando uma lesão da área cerebral que seria irrigada por esse vaso sanguíneo. É a doença mais incapacitante do mundo e a segunda em causas de morte em todo o mundo.

Os principais sinais de um possível AVC são: dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente; fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental com alteração da fala ou compreensão; alteração do equilíbrio, no andar ou coordenação. Caso o paciente tenha os sintomas citados, deve imediatamente procurar um pronto atendimento ou hospital.

Dentre as causas mais comuns que podem levar ao AVC estão a hipertensão arterial, diabetes tipo 2, colesterol alto, sobrepeso, tabagismo, sedentarismo e o uso excessivo de álcool, drogas ilícitas, medicamentos (sem receita médica) e de anabolizantes.

 

Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência em pessoas acima de 60 anos. Ela se caracteriza por uma perda progressiva de neurônios em diversas áreas cerebrais, mas de forma mais marcante na região do hipocampo, que é responsável pela nossa memória.

Porém, nem toda alteração de memória significa que o paciente tenha doença de Alzheimer. Mas, para a neurologista,  toda alteração de memória deve ser investigada e tratada para assim evitar que o paciente tenha prejuízo nas suas funções cerebrais ao longo da vida.

 

Doença de Parkinson

A doença de Parkinson também é uma das condições que levam muitos pacientes ao consultório da neurologista. A doença, mais comum após os 50 anos de idade,  é caracterizada por uma diminuição na produção de um neurotransmissor chamado dopamina. Quando a dopamina está baixa no corpo, compromete de forma relevante o sistema nervoso central, afetando as habilidades motoras do paciente de maneira progressiva.

Entre os principais sintomas de doença estão: tremores, rigidez muscular, redução dos movimentos, alteração de equilíbrio, além de outros como insônia, pesadelos frequentes, constipação intestinal e depressão.

Existem medicamentos que auxiliam no controle dos sintomas da doença. No entanto, por se tratar de uma condição crônica e progressiva, o paciente precisará tomá-los por toda a vida.

 

Tremor essencial

Nem todo tremor é indicativo de doença de Parkinson. O tremor essencial é um distúrbio neurológico em que há um tipo de tremor, com características específicas, que pode afetar as mãos, as pernas, a cabeça e até mesmo a voz.

Ele afeta a qualidade de vida do paciente, pode atrapalhar a executar suas atividades no trabalho ou atividades do cotidiano, como dirigir, segurar objetos, digitar ou escrever. É muito confundido com a doença de Parkinson, mas tratam-se de doenças diferentes que possuem características específicas e formas de se tratar diversas.

 

TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causa genética, que aparece em 3 a 5% das crianças. Ele se caracteriza por desatenção, inquietude, impulsividade e dificuldade nas relações sociais.  Em mais da metade dos casos, acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos nesta fase.

O TDAH na infância em geral é mais percebido quando há dificuldades na escola. As crianças são tidas como “avoadas”, “estabanadas” e “ligados por um motor” e apresentam dificuldade de aprendizado. Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade, quando comparados às meninas. Crianças e adolescentes podem apresentar mais dificuldades com regras e limites.

Em adultos, os sintomas são mais percebidos nas coisas do cotidiano e ficam muitos evidentes no ambiente de trabalho e nas relações sociais. Esquecidos, desorganizados, procastinadores, com hiperfoco, perda de interesse rapidamente nas atividades diárias, inquietos ou impulsivos, eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e são freqüentemente considerados “egoístas”. Numa grande frequência, aparecem outros problemas associados, tais como o uso abusivo de drogas e álcool, ansiedade e depressão.

 

Epilepsia

A epilepsia é a doença neurológica crônica mais prevalente do mundo.  Ela é definida conceitualmente como uma “disfunção do cérebro caracterizada por uma predisposição permanente para gerar crises epilépticas”.

Nem sempre haverá perda de consciência durante as crises. Algumas podem se assemelhar a episódios de sustos e em outros momentos pode parecer que repentinamente o paciente está “desligado” ou com alteração de comportamento (calado ou sonolento).

Crises que duram mais de cinco minutos ou recorrentes indicam uma situação de emergência neurológica e, nesse caso, o paciente precisa de atendimento médico imediato. A precisão do diagnóstico é fundamental para que o tratamento seja realizado da maneira mais adequada, pois a epilepsia pode ter implicações significativas na vida dos pacientes e suas famílias.

 

Transtornos de humor

Depressão e ansiedade são duas condições comuns no dia a dia e que, geralmente, coexistem nos paciente que tem alguma doença neurológica. “Quando o quadro é leve a moderado e vem associado a uma doença neurológica, o transtorno pode ser manejado pelo neurologista, mas quando é mais grave, trazendo implicações que podem colocar em risco a vida do paciente ou de seus familiares, o ideal é ser avaliado e tratado por um psiquiatra”.

 

Quem é Caroline Sathler

Caroline Sathler se formou em medicina pela Univix, Vitória/ES, em 2014. Ela trabalhou por dois anos e, de fevereiro de 2017 a de 2020, fez residência em neurologia na Santa Casa de Belo Horizonte.  O início da pandemia e o cenário mundial da crise epidemiológica a fez pensar em morar mais perto dos pais, que residem em Mutum/MG.

No primeiro semestre de 2020 ela começou a atender em Mutum (com idas quinzenais ao município), progredindo para atendimentos semanais, conciliando sua agenda com sua atuação em Belo Horizonte até o final daquele ano. 

Ao final de 2020, Caroline se mudou para Venda Nova, onde vive com sua família, e divide sua agenda com atendimentos locais (no ambulatório do Hospital Padre Máximo, Climed Sul e MedMax) e estudos para se manter sempre atualizada e com isso oferecer uma melhor assistência e cuidados aos seus pacientes.

 

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