Exercício físico e a saúde mental
A saúde mental é uma das linhas que mais surgem pesquisas atualmente. E como não poderia deixar de ser, o exercício físico é umas das ferramentas essenciais na modulação positiva. Diversas evidências científicas demonstram que a prática regular de atividade física está associada à redução de sintomas de transtornos mentais, como depressão, ansiedade e estresse, além de melhorar o humor, a autoestima e as funções cognitivas.
E a melhora aparece em diversos aspectos:
Mecanismos neurobiológicos: a atividade física estimula a liberação de neurotransmissores como serotonina, dopamina, noradrenalina e endorfina, que desempenham papel fundamental na regulação do humor e da ansiedade. Além disso, o exercício induz a expressão do BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor), uma proteína relacionada à plasticidade neural e ao crescimento de novas conexões cerebrais, especialmente no hipocampo — região associada à memória e ao controle emocional.
Respostas fisiológicas: o exercício contribui para a redução do cortisol (hormônio do estresse) e melhora a qualidade do sono, fatores essenciais para o equilíbrio mental. A regulação do sistema nervoso autônomo também é observada, com aumento da atividade parassimpática, promovendo maior relaxamento.
Sem contar os benefícios psicossociais já que a prática regular de exercício, especialmente em ambientes coletivos como academias, promove interação social, sensação de pertencimento e propósito. A conquista de metas físicas melhora a autoeficácia, a resiliência emocional e a percepção de controle sobre a própria saúde.
Numa sociedade cada vez mais competitiva e imediatista percebemos que o número de pessoas que desenvolvem depressão ou ansiedade é crescente.
A Organização Mundial da Saúde (WHO 2017) apontava que naquela época a depressão atingia aproximadamente 4,4% da população mundial. Diversos estudos mais atuais apontam um aumento considerável desta proporção nos dias atuais, fato agravado inclusive pela pandemia do Covid-19, onde chegou-se a se observar que ¼ da população tenha apresentado sintomas depressivos. (ALLEN, 2022)
Os sintomas de depressão são: sensação de vazio ou tristeza; falta de vontade para realizar atividades que davam prazer; irritabilidade; dores e alterações no corpo; problemas de sono; perda de apetite; falta de concentração; pensamento de morte e suicídio; abuso de álcool e drogas e lentidão.
Não é necessário apresentar todos estes acima, mas apenas alguns podem e devem levantar o alerta para a busca de ajuda, pois qualquer um deles presentes numa rotina leva à uma redução da qualidade vida das pessoas.
Um estudo alemão (HEISSEL et al, 2022) buscou observar o papel do exercício físico em pessoas depressivas. Ao fim do trabalho, este grupo acompanhou pessoas medicadas que praticavam exercícios regularmente (ativos) e pessoas que não praticavam (controle) por um período de dois anos e apontou que após este tempo a dosagem de medicamentos aumentou no grupo controle e reduziu no grupo ativo. Cabe ressaltar que as atividades incluídas nesta pesquisa eram de exercícios mais estruturados, como aquelas que são executadas tipicamente nas academias atualmente (musculação + aeróbios).
Ainda sobre este tema, um outro grupo de pesquisadores chilenos (KSADARANGANI et al, 2023), num estudo que atingiu vários países sul americanos, incluindo o Brasil, buscou observar o tempo de exposição à telas (seja de televisão ou telefones celulares) e observou relação direta entre o tempo e a propensão a desenvolver sintomas depressivos. E ressaltou ainda que substituir apenas 10 minutos de tempo sentado e exposição a telas por atividade física (intensa ou moderada intensidade) diminui consideravelmente os valores de depressão e de ansiedade.
Cada vez mais fica comprovado que devemos pensar nosso corpo de maneira holística (completa) e buscar mantê-lo “em movimento” é um dos comportamentos que devemos enfatizar em nossa rotina de vida!
Dudu Altoé
Personal Trainer
CREF.: 002126-G/ES
Especialista em treinamento físico para grupos especiais