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O PROVADOR tem um papel importante, muitas vezes invisível

O PROVADOR tem um papel importante, muitas vezes invisível

‘’Para que todos entendam, o provador é o profissional responsável por verificar lote por lote no decurso do pós-colheita, alinhando os ajustes de processo, para que os frutos de café possam expressar o máximo em termos de qualidade. Assim, a função do provador é direcionar os processos no pós-colheita para que, no segundo momento, os blends e os microlotes sejam separados para atender aos mais variados mercados’’. Lucas Louzada Pereira

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Diferente do barista- que tem um papel essencial na cadeia do café ao fazer a comunicação entre o consumidor final e o café em si-, o provador atua nos 'bastidores'. “O provador muitas vezes faz todo o trabalho de seleção dos frutos, direciona as ações de produção e seu trabalho finaliza na conferência dos lotes pelos compradores de café, não sendo uma figura que permeia todos os ciclos da cadeia”.

Lucas observa que, em muitos cenários, o provador de café é visto como um farejador de defeitos, como alguém que vai bater firme no controle de qualidade para evitar inconformidades. “Porém, a essência do provador é conseguir planejar os melhores lotes para os diversos clientes que sua empresa possa ter, ou seja, é provar pensando em quem estará consumindo o café e quais descritores sensoriais serão lembrados em termos de percepção para os torrefadores e consumidores”.

Uma profissão que não existe nos currículos dos cursos, mas que na prática é mais que centenária: em 1914 a prova de xícaras já era utilizada na bolsa de valores para compra dos lotes de café. Para Lucas, trata-se de algo estranho, pois o Brasil é o maior produtor, exportador e consumidor de cafés no mundo. “Não é comum ter esse curso como formação nas escolas técnicas e nas universidades do Brasil. O Ifes, seguramente, é uma das poucas instituições no Brasil que possui um curso superior em cafeicultura: o campus de Alegre”.

Normalmente, hoje em dia no Brasil são utilizados cursos da ABIC e do Coffee Quality Insitute para formação de provadores. Lucas salienta que, porém, são metodologias iniciais, cursos com pouca duração de horas, o que não reflete uma formação plena, aprofundada. “Quem quer ser provador de café, precisa muitas vezes conseguir um estágio em empresa ou em um laboratório de controle de qualidade, sendo formado aos poucos em função do processo de prática”.

Lucas afirma que o bom provador deve ter boa memória sensorial e acima de tudo, capacidade de direcionar os cafés para seus clientes, mesmo que não os conheça. É importante saber qual método, qual processo, qual técnica poderá direcionar a qualidade de modo que as ações sejam focadas na expressão máxima da qualidade. Para que o resultado de um café seja perfeito, tem que passar na mão de um provador. O provador é o cérebro do negócio, que dá o comando para onde o café vai.

O Ifes sempre oferece cursos de formação para provadores e demais profissionais da cadeia do café, em função do quadro de pandemia de Covid-19 as ações presenciais estão sendo retomadas, acredito que a partir de fevereiro os cursos serão retomados.

FORMAÇÃO

Lucas começou atuar em 2004, como estagiário de Evair de Melo, na Pronova, e ao seu lado estavam Sávio Filete e Rafael Marques. Depois de um período de um mês de estágio em Venda Nova, ele retornou para seu curso de cafeicultura na antiga Escola Agrotécnica Federal de Alegre – EAFA e foi contemplado com uma bolsa de estudos no Centro de Comércio de Café de Vitória – CCCV, por intermédio do professor João Batista Pavesi. Após ser certificado pelo curso, foi trabalhar na Prefeitura de Vargem Alta, de 2005 a 2008, como provador e técnico em cafeicultura.

Depois teve duas passagens pela Olam Agrícola (de 2008 a 2010 e 2011 a 2014), período em que fez mestrado na Universidade Estadual do Norte Fluminense- UENF (2010 a 2012). Ele se apaixono com a escrita científica, mesmo retornando para a Olam, uma gigante do mundo das commodities, seu coração sempre estava inclinado para a escrita e investigação científica.

Em 2013 Lucas prestou o concurso público para o Ifes, campus São Mateus, e sua nomeação saiu em fevereiro de 2014 para o campus Venda Nova. “Quando cheguei no campus, ninguém me direcionou, ou me disse qual linha de pesquisa ou de trabalho eu deveria desenvolver. Como estava vinculado com as atividades de cafeicultura, eu entendi que poderia contribuir um pouco mais com os alunos, tendo em vista que muitos são filhos de produtores e não possuem oportunidade de estudos nessa área”.

Com esse pensamento, iniciou o Laboratório de Análise e Pesquisa em Café- Lapc, em abril de 2014, um mês após sua chegada no campus.

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