Coopeducar: 21 anos depois de sua fundação
Crianças em contato com a natureza e o cooperativismo como filosofia estão entre os pilares da formação educacional proposta
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Loreda Falchetto Venturim, diretora presidente da Coopeducar, está otimista com a satisfação dos pais com a metodologia
de ensino adotada e espera envolve-los cada vez mais com a Escola. “Estamos buscando parceiros para desenvolver
projetos ligados ao cooperativismo. É importante que os profissionais da Escola, pais e alunos estejam afinados com
a filosofia cooperativista, que é um dos nossos grandes diferenciais na educação”.
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Quando a Coopeducar foi fundada por um grupo de pais há 21 anos, Loreda Falchetto Venturim estava na final de seus estudos em outra escola. Sua irmã mais nova, Lubiana se beneficiou fazendo todo ensino fundamental e médio na Instituição. Agora ela estreita seus laços com o ideal cooperativo de ensino, ao manter seus dois filhos estudando na escola. Ao aceitar o desafio de ser a presidente da Cooperativa de Ensino, reforça os laços e assume responsabilidades de perpetuação do movimento.
E ela entrou em um período de desafio redobrado. A Escola, que não visa lucro, e se desdobra para manter a qualidade dentro de uma mensalidade compatível com a realidade local, se deparou com um confronto a mais: a pandemia. Para conhecer se método adotado de ensino remoto e o andamento do funcionamento da escola como um todo, a atual diretoria fez uma pesquisa junto aos pais.
“Em linhas gerais, os pais elogiaram a metodologia adotada pela escola, pontuaram sugestões de melhoras... Continuamos no remoto para fundamental II e, durante o risco alto, estamos mantendo aulas presenciais com fundamental I e infantil ”, descreve Loreda.
Eleita em março de 2021, logo assumindo a função de presidente, Loreda disse que conhecer como os pais enxergam a escola está entre os primeiros passos da atual diretoria, que trouxe uma outra geração para ficar à frente da instituição, somando forças com alguns experientes que permaneceram na Cooperativa de Ensino. “Aceitei o desafio porque não imagino a possibilidade de descontinuidade de um projeto tão bonito como esse. Não quero vê-lo se perder por falta de interessados em ficar na liderança. Chegou a nossa vez e a nossa geração precisa assumir compromissos com a instituição e a comunidade”.
De acordo com Loreda, apesar de alguns pontos a serem ajustados, os pais deram a entender que os resultados e está conseguindo entender a filosofia da Escola. “Os pais que fundaram a instituição, com poucas exceções, naturalmente se afastaram ao ter os seus filhos formados. Alguns ficaram por alguns anos e outros estão até hoje”.
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Nova diretoria - A atual diretoria está em contato com a OCB para desenvolver o
“Cooperativa Mirim” em parceria com o Sicoob Sul-Serrano. Loreda está entre Alexandre
Feitosa (conselheiro fiscal), Cléber Zandonadi (diretor financeiro), Nilton Carlos Galdino
(conselheiro administrativo), João Fábio Zandonadi (conselheiro fiscal) e Cidineia
Miranda Falchetto (diretora secretária).
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Loreda afirma que colocar o ensino em primeiro lugar, tendo o aluno como protagonista continua sendo o DNA da Escola. “Oferecemos apoio para algumas crianças no contraturno. E também fazemos um trabalho com alunos autistas ou com necessidades especiais, o que requer uma equipe de apoio e uma dinâmica diferenciada da equipe pedagógica”.
Com as questões pedagógicas cada vez mais afinadas, a necessidade de investimentos nos espaços físicos é uma constante, num custo não previsto nos valores da mensalidade. E é nessa hora que o espírito cooperativista é importante. “Fizemos uma ação entre os pais para arrecadar recursos, com intuito de fazer melhorias na estrutura interna da escola. Estamos com intenção de realizar alguns serviços de benfeitorias através de ação coletiva de pais, porém dependemos do mapa de risco da cidade”.
As melhorias no parque, por exemplo, podem ser feitas pelos associados mais habilidosos e a escola fará uma ação com os pais. “Alguns pais não sabem como a escola foi construída, ocasião em que pais, colocando literalmente a mão na massa, ajudaram a pintar paredes, assentar piso, plantar as árvores e flores no entorno, entre outras atividades. Fizeram isso mantendo o pagamento das mensalidades, pois sabiam que essa era a única forma de viabilizar um projeto de tamanha magnitude”.
Para apoiar os projetos da escola e também desenvolver outros de conscientização cooperativista, a atual diretoria está buscando parcerias. “Estamos em contato com a OCB para desenvolver o 'Cooperativa Mirim' em parceria com o Sicoob Sul-Serrano e outras cooperativas de outros ramos, pois precisamos desenvolver o espírito de cooperação nos alunos. O projeto já existe e está sendo desenvolvido em algumas cooperativas educacionais no ES. Não foi possível começar no ano passado, mas pretendemos iniciar neste. Precisamos muito capacitar os professores para serem os facilitadores do processo de adaptação dos modelos atuais de ensino”, diz Loreda.
Independente dos projetos citados, a demanda por capacitação está cada vez mais frequente. Hoje estamos diante de mudanças tecnológicas inexistentes antigamente e precisamos capacitar os professores para eles conhecerem as ferramentas disponíveis para que possam utilizá-las”.
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José Adelso Viçosi, diretor, entre Lúcia Helena Alves Ribeiro,
coordenadora pedagógica do Fundamental I e II, e Marcilene da Silva,
coordenadora pedagógica do infantil.
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Na atual conjuntura, Loreda lembra que os professores estão ministrando aulas e as gravando ao mesmo tempo para transmitir aos alunos que optaram por ficar em casa. “O Sicoob doou sete computadores de mesa, o que está nos ajudando bastante’’.
A comissão de pais, formada por 28 membros, tem sido o braço direito da diretoria na implementação de ações que mantém a dinâmica da Escola. “Esse grupo de pais está compreendendo a importância de seu envolvimento e já estamos vendo os resultados. Eles estão organizando um evento (talvez uma carreata) com temas juninos. Todos sabem dos riscos do momento e estão planejando para que tudo aconteça com segurança sanitária”.
Para Loreda, ações lúdicas como essa aproximam os pais da escola, que juntos com os alunos formam uma comunidade escolar mais unida e entusiasmada. “Estamos fazendo as assembleias em modo online, pelo Zoon, e está dando certo, com um aumento considerável da participação dos pais”.
Loreda reconhece que as mudanças tecnológicas vieram para ficar. Precisam ser absorvidas e utilizadas para facilitar a vida. Entretanto há alguns conceitos e hábitos que, por ser fundamentais devem ser mantidos: como o contato das crianças com a natureza e a integração com a comunidade, tanto escolar como a social. “Nossas crianças têm os pés no chão: brincam na areia, cuidam da hortinha, fazem visitas à matinha, dão uma voltinha pelo bairro e se integram à natureza em diferentes oportunidades. As atividades vão além das quatro paredes e o atendimento aos alunos especiais é um desafio a mais para os professores e um aprendizado a mais para todos”.