A pandemia do sedentarismo
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5,3 milhões de pessoas.
Um estudo (GUALANO, 2020) apontou que de todas as mortes associadas à doenças coronarianas que ocorreram no ano de 2018, a inatividade física (IF) estava associada à 9% (os 5,3 milhões) delas. Um índice de mortalidade de 9% é bem alto. Significa dizer que aproximadamente 1 a cada 10 pessoas que morreram por doença coronariana era sedentária.
Mas o que esses números querem dizer? Experimente comparar a esses números com a pandemia do covid-19, que estamos enfrentando no momento. Em termos percentuais ela apresenta uma taxa de mortalidade que fica próximo dos 3%. Importante frisar que cada país possui uma taxa diferente, uns maiores e outros menores, devido às medidas que cada um deles tomam para enfrentar e enfraquecer a disseminação do vírus.
Ou seja, a taxa de mortalidade por doença coronariana associada ao sedentarismo é três vezes maior que a taxa de mortalidade do covid-19.
Cabe destacar que essa taxa (os 9%) refere-se apenas à mortes relacionadas a doenças coronarianas que são todas aquelas em que o óbito, em algum momento, ocorreu por uma falha no funcionamento do coração. Geralmente esse tipo de mal funcionamento e a falha ocorrem por um entupimento de artérias e veias decorrente de acúmulo de gordura e ou açúcar. Situação básica de doenças como diabetes, síndrome metabólica, obesidade, hipertensão arterial e outras dislipidemias.
E como se pode classificar uma pessoa como sedentária?
A Organização Mundial de Saúde- OMS sugere que sejam necessários praticar atividades físicas por pelo menos 150 minutos (em intensidade moderada) ou 75 minutos (em intensidade vigorosa) por semana. Significa dizer que praticar 25 minutos de atividade física todo dia (quando ela for moderada) ou “dia sim, dia não” (quando ela for vigorosa) pode diminuir suas chances de desenvolver problemas coronarianos.
Atividades laborais (arrumar casa, caminhadas de fim de tarde, carregar compras, jardinagem, etc...) podem aumentar o status físico das pessoas mas para deixar o sedentarismo de lado e ser classificado como fisicamente ativo, as atividades físicas devem ser prescritas e orientadas por um profissional.
Então o que diferencia caminhar num shopping e caminhar sobre orientação de um professor, já que basicamente o movimento (andar) é o mesmo? A resposta é a finalidade da caminhada. Em uma a organização considerará velocidade, tempo, distância e outras variáveis afim de progredir estímulos e aperfeiçoar a aptidão cardíaca e de resistência muscular. Na outra, o movimento visará apenas “olhar lojas” e comprar coisas.
Quando um movimento motor tem uma finalidade específica ele deixará de ser atividade física e se transformará num “exercício físico”. E exercícios físicos são capazes de prevenir todas as doenças destacadas acima, além de inúmeras outras. Não há qualquer situação que desabone a prática de exercícios físicos. Nosso corpo não foi feito para ficar parado, mover-se é inerente à evolução das pessoas.
Está aí mais um problema que o coronavírus. Além do problema real e imediato que ele pode causar (com o colapso do Sistema de Saúde) as medidas de isolamento social têm aumentado o nível de inatividade física. A FITBIT Inc (2020) – empresa que produz aparelhos para medir a atividade das pessoas (smartphones e smartwatchs) considerou o mesmo período do ano (1º de janeiro a 22 de março) e verificou uma diminuição da contagem de passos diários em todas as regiões do mundo (reduções variando entre 7 e 38%). Se considerarmos que as pessoas que adquirem este tipo de ferramenta já se encontram fazendo alguma atividade, isso pode ser ainda mais preocupante.
Em tempo, o número de óbitos por covid no mundo inteiro até 14 junho é aproximadamente 432 mil, segundo o OMS em um (desde dezembro de 2019). Isso representa pouco mais de 8% dos 5,3milhões destacados na primeira linha do texto.
Devemos respeitar sim as medidas de isolamento que é a única medida para combater o covid-19, mas que tal aproveitar o tempo ocioso em casa e tirar 25 minutos para praticar um exercício físico?!
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Dudu Altoé – Personal trainer
Especialista em treinamento físico para grupos especiais
(28) 9 9939-9260