Foi noticiado no fim de agosto que uma jovem de 22 anos (no México) morreu em uma academia após levantar muito peso na execução de um exercício.

Segundo consta, ela teria desmaiado durante a execução de um exercício. Os paramédicos já a encontraram sem sinais vitais quando a atenderam. Segundo a reportagem, o falecimento ocorreu por anoxemia, falta de oxigênio no sangue, acompanhada de hemorragia cerebral aguda e a formação de coágulos em várias partes do corpo, ambas de origem não traumática.

O quadro pode ser desencadeado, dentre outras disfunções, por exaustão e pela altitude — a cidade onde a jovem morava, Torreón, no México, fica a acerca de 1.120 metros acima do nível do mar.

A execução de exercícios com cargas muito elevadas é um complicador porque durante estas podem ocorrer a manobra de Valsalva (prender a respiração) até também de o próprio músculo contraído em isometria (contração potente e sem movimento articular) causar a restrição da circulação sanguínea.

Como o oxigênio, combustível principal das reações químicas, não chega a alguns tecidos por conta desta extrema restrição, estes tecidos podem colapsar.

Uma reportagem como essa deve ligar um alerta às pessoas. Assim como qualquer outro ponto na vida, devemos objetivar o equilíbrio, e entender que excessos podem ocasionar tanto mal como a escassez. E nisso também pode ser incluído o exercício físico. Sua pratica regular é sim essencial para manter uma vida saudável e autônoma, mas quanto mais nos aproximamos de atletas, maiores são os riscos de surgirem problemas.

Relacionado a isso, outro ponto deve ser considerado, na educação física existem diversos princípios básico quando preparamos um treinamento físico e um deles é a “individualidade biológica” que a grosso modo são as características, aparentes ou não, inerentes a cada pessoa.

Considerando isso, cada pessoa é única e, sendo assim, deve ter seu treinamento pensado e organizado de maneira individual. Comparar seu treino com o de colegas de treino não é o ideal, nem muito menos com a daquela musa fitness que você acompanha no Youtube.

No caso da Internet então, fica ainda mais complicado, pois nunca saberemos, por exemplo, o tempo de descanso que foi aplicado antes daquele treino que você viu, assim como também as eventuais edições de vídeo que podem acontecer e mascarar adversidades.

Na academia algumas dicas podem ser seguidas para evitar problemas: E a principal delas é organizar e respeitar a periodização de um professor de educação física. Não exceder as cargas de exercícios sem a devida orientação, não incluir ou substituir exercícios (seja na musculação, seja no tempo do aeróbio) sem o aval do professor e sinalizar a este se perceber algum tipo de desconforto durante e após a execução dos exercícios. Respeitar seus limites corporais é o primeiro passo para obter resultados de maneira segura. Não há um padrão sobre a quantidade de exercício que nosso corpo pode suportar. De acordo com informações da New Scientist, são os músculos que estabelecem o limite. Na maioria dos casos, quando o limite é atingido, a pessoa não consegue mais executar nenhum movimento. Já que nosso corpo tem mecanismos inibitórios para impedir que nos machuquemos ao tentar levantar muito peso.

Existem doses semanais que uma musculatura corporal de uma pessoa normal (e nisso excluem-se os atletas) deve/pode ser estimulada. E exceder essa dose pode aumentar e muito as chances de lesões. Músculos de membros inferiores podem ser estimulados aproximadamente 12 por semana, e músculos de membros superiores, até 9 vezes/ semana. Inclusive essa dose é considerada pensando também no desgaste das articulações envolvidas.

Dudu Altoé

Personal Trainer

CREF.: 002126-G/ES

Especialista em treinamento físico para grupos especiais