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Vila Betânea, uma delícia de lugar

Vila Betânea, uma delícia de lugar

Inspiração bíblica dá o nome ao bairro onde surgiu o nome Venda Nova

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Há pouco menos de 60 anos ainda não existia o bairro Vila Betânea, em Venda Nova. O aglomerado urbano surgiu da boa vontade de Máximo Zandonadi e do primo Caetano Zandonadi, que começaram a parcelar parte de suas propriedades, apenas cortadas por uma trilha que um dia integrou a Rota Imperial.


Para entender melhor, vale explicar que o bairro está dentro de onde foi um dia a primeira parte da Fazenda Lavrinhas, que fora comprada por Lorenzo Zandonadi, Vincenzo Calimam e Giuseppe Falchetto. A Fazenda Lavrinhas foi comprada de Franco da Cunha Silveria Coutinho e Francisco Conceição Rosa Coutinho (moradores de Afonso Cláudio) e o trecho da família Zandonadi compreende de onde é hoje o Posto Esmig até um pouco depois do trevo final da avenida Lorenzo Zandonadi. A escritura é de 1914.

Assim que comprou a Fazenda, Lorenzo Zandonadi foi morar com a família em uma construção já antiga, mas que substituíra uma ainda mais antiga, por isso se chamava Venda Nova. Isso mesmo, muito antes das famílias de imigrantes comprarem as terras no lugar, Venda Nova já era  denominada, assim, bem como as comunidades de Lavrinhas, Tapera, Providência e Bananeiras, nome das quatro fazendas que formaram o núcleo atual.

compreendido como Sede.  São João de Viçosa, que recebeu o primeiro imigrante (Amadeo Venturim) também já era conhecida como Viçosa, pois ali era a Estação Viçosa, na Rota Imperial.

Todos os filhos de Lorenzo moravam com os pais na mesma casa: Pio, Marco, Giobbe, Miguel, Liberal e Francesco. Liberal já era casado com Luiggia, que vinham a ser os pais de Máximo. Giobbe era o pai de Caetano.

Máximo, o primeiro a vender um terreno (na verdade uma chácara para o médico Luciano Zappi), escolheu o nome por se chamar Betânea o lugar de descanso de Jesus Cristo.

Para trazer essas informações e  compreender um pouco melhor a origem do bairro, fizemos uma roda de conversa com Davi, Francisco Ivan (Chico), Denise e Marli,  parte da prole de Caetano Zandonadi, um dos netos do comprador da Fazenda. O patriarca, amante da leitura e do progresso, guardou em um cofre preciosidades como recibos, fotos e outros documentos que dão provas (ou pistas) de como o bairro se formou.

Em tempo: o imóvel chamado ‘Venda Nova’ ficava em frente da casa do saudoso casal Jordelina Caliman e Caetano Zandonadi, hoje tendo como moradora sua filha Marli e seu esposo Luciano Varejão. No sentido Centro/Vila Betânea, mais adiante fica a Padaria Bel Pan, um empreendimento concebido pelos filhos de Caetano, por onde começaremos nossa viagem para dentro de um dos bairros mais charmosos da cidade.

Logo no trevo da padaria podemos avistar um enorme paredão de pedra que no topo abriga a Torre de TV e telefonia. A avenida Lorenzo Zandonadi é a locação da maioria das casas de comércio, pois foi a primeira do bairro. Com a mudança do fluxo do trânsito, outras ruas ganharam importância e se tornaram endereço de relevantes empreendimentos.

Voltando um pouco na história, no ponto em que os moradores eram formados em sua totalidade por descentes das primeiras famílias de imigrantes, falamos novamente de dois homens visionários: Máximo e Caetano Zandonadi, primos e netos do comprador da fazenda. Eles foram desprendidos o suficiente para facilitar a compra de lotes para os novos moradores que chegavam na cidade e se deparavam com a pouca oferta de imóveis para alugar.

Chico observa que os primeiros moradores fora desses núcleos familiares eram colonos que conseguiram comprar um lote vendendo algumas sacas de café. “Era um tempo que se comprava um Fusca com quatro ou cinco sacas de café”, observa Davi Zandonadi “Meu pai vendia e anotava as parcelas pagas  a lápis nos versos dos recibos. Lembro de Erasmo Marcate que trouxe o dinheiro dentro de um saco de estopa”, lembra Chico.

Os filhos de Caetano observam que se tratava de uma arquitetura que obedecia a disponibilidade econômica de uma época. As casas, quase todas quadradas com um terraço coberto de telhas de amianto, com somente uma queda de água. À medida que o dinheiro passou a circular mais, as construções foram mudando.

Junto com o processo de urbanização, coisas boas foram acontecendo, como por exemplo o Hospital Padre Máximo, que fica no bairro. A primeira parte loteada é o quadrante onde fica a praça Dom Bosco, à esquerda. Depois veio a parte onde funciona a Escola Liberal Zandonadi e a Pastoral da Saúde. A terceira etapa foi o quadrante onde fica o Hospital Padre Máximo,  e a quarta, onde fica a Igreja Santa Terezinha e o Centro Cultural e Turístico Máximo Zandonadi. Uma quinta fase de loteamento poderá ser formado do outro lado do Rio Lavrinhas.

De acordo com os irmãos Zandonadi, a Escola Liberal Zandonadi, que este ano completou 50 anos, estava no terreno de Caetano, mas foi comprado por Máximo que almejava a construção de uma escola técnica no local. porém o projeto foi abandonado sem explicações e no local foi erguida a escola estadual.

E a ocupação urbana continua em franca expansão, interligando com poucos intervalos ainda não construídos aos bairros Bananeiras  e Santa Cruz (formado por parte da Fazenda Tapera).

 

Gildo Gomes, o primeiro morador

Antes de morar em Vila Betânia, Gildo Gomes e sua família moravam onde hoje é o Creven (que também fazia parte da Fazenda Lavrinhas). Casado com Zelinda Zorzal desde o dia 5 de novembro de 1955, data em que passou a ser colono de Máximo Zandonadi. De acordo com os cálculos de sua mulher e filhos, a família passou a morar em Vila Betânea em 1962 quando Máximo fez e doou uma casinha de madeira. No ano seguinte, facilitou a compra de um terreno, dando condições para Gildo pagar aos poucos com o seu trabalho

Quando passou a morar na Vila Betânia, o casal já tinha quatro filhos (Nininha, Cleuza, Tarcisio e Gerson) e  sua esposa estava grávida de Neuza. Ela foi a primeira criança a nascer no lugar e isso aconteceu após alguns meses pelas mãos da parteira Maria Sossai Caliman, esposa do Elizeu Caliman. Depois o casal teve ainda mais sete filhos.

Gildo faleceu com 77 anos, no dia 6 de maio de 2009 de câncer no pâncreas, e Dona Zelinda está  firme e forte com seus 88 anos.

Os filhos e vizinhos reivindicam (e até protocolaram na Câmara) que a praça que fica ao lado do campo de bochas Dom Bosco homenageie Gildo Gomes.

 

“4ª Chácara – Cedida a outro que trabalhava na minha propriedade de parceria, o Sr. Gildo Gomes, esposo de Zelinda Zorzal Gomes, residindo junto à sogra, D. Maria Camata Zorzal, na propriedade que hoje faz parte do Clube Recreativo de Venda Nova. O Sr. Gildo foi o primeiro morador de Vila Betânea. Em 20 de outubro de 1963, ele foi morar numa casa de madeira construída por mim. Foi também a 20 de outubro de 1963 que o sr. Gildo recebeu a escritura da chácara, constando a área de 4.800 metros quadrados. Portanto, a data 20 de outubro de 1963 é considerada a data de fundação  de Vila Betânea” (Máximo Zandonadi, 1992, p. 97).

 

Em 1964, Ângelo Pianissolla construiu uma casa e houve interesse de um diretor da cia de construção  da BR-262 em alugar. O pagamento do aluguel foi antecipado, mas em menos de três meses o diretor deixou a casa, sem explicações. O cunhado de Máximo, casado com Terezinha Zandonadi, foi morar com a família naquela que seria a segunda casa do bairro Vila Betânea. Antes, dele, somente a família de Gildo Gomes morava no lugar. Com 90 anos, ele é o morador mais antigo do bairro.

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