Uma vocação de cuidar que se tornou projeto profissional
A personal organizer, popular Geu, está entrando nos lares para harmonizar ambientes, deixá-los funcionais e mais fáceis de serem mantidos
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Quem entregou os ambientes da sua casa aos cuidados de Geuniceia Falqueto Uliana sabe bem como a organização e a simplicidade tornam um lar mais aconchegante, funcional e mais fácil de ser mantido organizado. Geu, como é mais conhecida, apenas aprimorou o seu dom e agora o coloca disponível profissionalmente em Venda Nova e na região circunvizinha.
Uma pessoa amorosa, tranquila e talentosa, Geu é egressa do empreendedorismo no ramo de comércio em Venda Nova. A filha de Marta Zorzal e de Angelim Falqueto atuou durante 32 anos como dona de loja de tecidos e confecção na avenida principal da cidade. Ao lado do marido, Camilo Uliana, ela fazia as compras dos fornecedores, organizava a exposição dos produtos, atendia os clientes e cuidava das finanças da loja.
Além de todas as atividades profissionais, ela e o marido tomavam conta da casa e das duas filhas Ádria e Aline, que praticamente cresceram atrás do balcão. Foi uma maratona de sufoco, mas a loja foi o sustento da família, com relativa qualidade de vida.
Com uma arrumação impecável, as peças eram expostas pelas características (modelos e cores) e o mesmo acontecia com sua casa, que ficava no andar superior. Seu senso de organização foi fundamental para que ela conciliasse tantas responsabilidades, mesmo quando seu esposo ficou hospitalizado em Vitória. Seu pai Angelim sempre passava na casa nesse período e abria as portas e janelas para dar uma arejada. Em uma dessas vezes, ele ficou tão encantado com a organização da casa que fez um vídeo mostrando como tudo estava e mandou para ela. Ver sua casa através desse vídeo deu a Geu uma visão diferente de como ela trabalhava.
No ano de 2018, o casal mudou-se para uma casa que construiu na propriedade em Alto Bananeiras. É que o marido queria muito morar na roça. “Era uma paixão e um sonho dele. Ele queria ter criações, horta, flores e plantas em geral”, Recorda-se. Com o falecimento dele no dia 20 de novembro de 2020, Geu se sentiu perdida, sem saber o que faria, pois, os planos de vida eram todos do casal. “E eu fiquei me perguntando assim: como iniciar um novo ciclo?”
Uma de suas filhas, percebendo que Geu se sentia perdida, sugeriu que ela fizesse um curso de personal organizer, pois sabia que ela se daria bem. A filha então a incluiu em um grupo de organizer em uma rede social, onde Geu procurou e fez um curso. “Foi justamente como minha filha falou: eu me identifiquei muito. Era realmente o que eu gostava”
Há quase um ano Geu começou a trabalhar nessa nova atividade. Mesmo depois de fazer um curso especializado, continua buscando aperfeiçoamento e aprendizado. No seu primeiro trabalho ela enfrentou o frio na barriga da ansiedade, estimulada pela professora que disse “vai com medo mesmo”. Para se sentir mais à vontade, ela fez um trabalho teste para ver se estava preparada para atuar profissionalmente como personal organizer.
Ao concluir que ainda faltava algo, Geu se preparou psicologicamente para entrar na próxima casa e estudou mais. Em dois meses se sentiu segura e fez o segundo trabalho de teste, uma experiência que ela classifica como superpositiva, pois concluiu que estava pronta. “Eu me envolvi bastante e deslanchei”.
O passo a passo
O trabalho de Geu começa conhecendo a família que mora naquele lar. Ela faz um bate papo, conhece o ambiente e se certifica das prioridades e a rotina de cada membro da família, pois se trata de projeto para todos moradores daquela casa e também precisa estar funcional para os auxiliares, caso tenham.
Como a organização é em etapas, depois é feito um trabalho individual com cada familiar para cuidar de seus interesses específicos. “Organizo o guarda roupa do pai, da mãe, dos filhos, ficando com cada um deles de forma separada e exclusiva. É muito importante. Depois criamos algumas regrinhas como: só entra uma peça nova se sair uma já usada. Tirou do lugar, coloca de volta”.
Nesse processo, cada um identifica o que pode ser descartado- pode ser para doação ou venda-, o que vai manter, o que precisa de conserto e o desapego. Em algumas ocasiões, Geu chegou a levar até peça para a sua mãe consertar. Dona Marta é muito habilidosa, gosta muito de consertar roupas como antigamente e fazer bordados, além de cozinhar, atuar nas Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo e ir na Pastoral da Saúde.
Já a organização das áreas de uso comum exige outras estratégias. Na cozinha, por exemplo, Geu se certifica quais os utensílios que a família mais acessa e os deixa num lugar visível/acessível dentro ou fora do armário. O que não se usa muito é colocado na parte de trás. O objetivo é deixar tudo à mão, arrumados de acordo com a altura e ao alcance, principalmente os itens mais usados. A cozinha é o ambiente que, geralmente, tem mais detalhes: gavetas, armários, utensílios, talheres, louças, panelas, panos de prato, alimentos e material de limpeza de pia. É um lugar de preparo de alimentos, de encontros e de muito acesso por todos os membros da família. É um espaço que precisa ser muito bem estudado.
Geu explica que o tempo gasto para deixar a casa toda organizada muitas vezes está mais relacionado à quantidade de itens que a pessoa tem do que propriamente à metragem do imóvel. Porém cada casa é um caso.
Ela já fez trabalhos grandes em Pedra Azul e, no momento, presta um em Piaçu. Quando precisa de ajuda, ela já conta com uma equipe de apoio como nesses casos citados.
Se faz importante salientar que não se trata de uma faxina, mas ela acaba passando um paninho tanto do ambiente quanto do objeto. “Não consigo organizar um armário, por exemplo, e deixar tudo sujo. Por isso, já sente a necessidade de contratar uma auxiliar para gastar menos tempo da residência”.
A mais nova integrante da sua equipe é a filha Ádria, que deixa sua carreira de dez anos de contadora para apostar no projeto. Ela, que foi sua grande incentivadora para ingressar nessa carreira, vê o trabalho evoluir e sente que pode fazer parte desse crescimento.
Como diferencial, Ádria vai ficar à frente da comunicação digital, aproximando mais o projeto do público em geral. Ela também atuará ao lado da mãe, fazendo com que os trabalhos ‘in loco’ sejam ainda mais rápidos e eficientes.
Mudança
O próximo passo de Geu é fazer um curso de especialização em mudança, pois percebe que as pessoas têm muita dificuldade e se estressam bastante quando precisam de se mudar de casa.
Ela explica que a forma como faz a mudança a torna um momento de transição tranquilo e nada traumático. “Basta fazer tudo com método”, diz sobre sua experiência baseada somente em sua intuição organizadora. Com o curso, Geu aprimorará um trabalho que já vem prestando à algumas clientes.
Por que contratar uma personal organizer?
O personal ajuda a encontrar o ponto de partida ideal criando um planejamento que ajudará a família a manter as coisas organizadas. “Quando chega em um lar, não volto meu olhar para 'reparar' se existe bagunça, mas sim para notar o que se pode melhorar e ajudar a facilitar a rotina da família”.
A organização é um investimento. Não é perecível, pois tudo vai fluir melhor. Fica mais fácil manter a casa, pois é criado um sistema de acordo com o jeito que cada família tem de viver no ambiente. Como também pode ser feito cômodo por cômodo, assim o foco fica em um local onde mais precisa. Depois, se achar necessário, investe-se em outras áreas.
“Às vezes uma pessoa perde tanto tempo arrumando e organizando as coisas, que acaba abdicando de momentos importantes entre amigos e familiares. Além de usar técnicas que facilitam na organização, o profissional poupa o tempo para a pessoa usar curtindo com quem ama, se dedicando a algum estudo, lazer ou arte”, diz sobre o investimento em qualidade de vida, no sentido dos valores afetivos agregados para quem prioriza os relacionamentos.
Geu percebe que há quem tenha, além do receio que sua 'bagunça' seja alvo de julgamento, a falta de percepção de que a organização é investimento em tempo. Muitas vezes, depois do espaço organizado, é só manter e, para caso necessário voltar a precisar do serviço, é só fazer uma programação.
Quando tudo se ajeita melhor num espaço, a vida fica mais prazerosa e, manter a organização depende de cada membro da família. Muitas vezes as pessoas menos atentas passam a colaborar ao perceber que com 'tudo no lugar' a vida fica mais fácil, principalmente porque o ambiente proporciona mais relaxamento. Além de organizar ambientes e espaços, a profissional ajuda a manter esses lugares organizados, ensinando métodos e técnicas para deixar tudo em ordem sempre.
Geu já voltou em casas que prestou serviço e viu que houve essa mudança de hábito. Como requer um tempo da família para se adaptar, geralmente ela retorna dois meses depois e vê o que funcionou ou não. Se houver necessidade, ela sugere e faz mudanças, sendo que a própria dona da casa pode fazer essas modificações. A organização é para dar praticidade, não necessariamente a estética- para poder somar a isso.
Projeto de organização
Depois de feita a análise da situação, Geu propõe um trabalho e atua por projeto, pois escolheu trabalhar sem pressão, devagar e com amor. “Tudo que faço coloco muito amor, pois vou mexer com a energia do lar e de todos que estão no ambiente.
E porque escolheu este novo estilo de vida: trabalhar pelo resultado, sem a pressão da hora, do tempo, Geu executa o projeto sem se importar com o tempo que vai gastar. Geralmente atende uma ou duas famílias em um mês. “Meu Lema é transformar vidas, deixando a casa do jeito que a família precisa. Não me prende à carga horária’’.
Outros serviços: treinamento de funcionárias da casa, organização de escritórios, etc.