Uma história de atuação profissional e a escolha de Venda Nova como porto seguro
O promotor Ricardo Antônio Soresini Filgueiras viveu na estrada para atuar em diferentes comarcas, construindo relações de amizade por onde passou e recebendo títulos em vários municípios
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Atualmente Ricardo Antônio Soresini Filgueiras desfruta de sua aposentadoria como promotor de justiça morando numa confortável casa no Centro de Venda Nova, a cidade que ele escolheu para criar sua família. Sua história começou em Jucutuquara, Vitória, passou por Minas Gerais e por diversas cidades do Norte do Estado até chegar mais ao Sul do Espírito Santo, época que elegeu Venda Nova (ainda antes da emancipação) para morar enquanto se deslocava para atuar profissionalmente em outras comarcas.
Em 2011 ele foi um dos 'imigrantes' homenageados pelo município ao receber o título de 'Cidadão Vendanovense' pela Câmara, um reconhecimento por ter participado de um momento importante da história do lugar. Em 1984 ele foi aprovado no concurso do Ministério Público e, em 1985, passou a ser promotor titular de Muniz Freire, respondendo também pela comarca de Conceição do Castelo e, mais tarde, pela de Venda Nova.
Ele se recorda de uma das fases iniciais da campanha pela emancipação de Venda Nova, quando passou a acompanhar o movimento liderado também pelo amigo Máximo Feitoza, Luiz Carlos Feitosa Perim e Pedro Altoé. “Acredito que tenha recebido o título porque fiz parte de duas comissões no município depois de emancipado: uma para escolher o Hino Municipal e a outra para aprovação da Bandeira, que contava com algumas propostas além da escolhida.
Ricardo Soresini chegou ao município no ano de 1985. Ele conta que Máximo Feitoza e sua família foram os primeiros a acolhê-lo, junto com a sua esposa Elisabeth e ao seu primeiro filho Lúcio, com três anos de idade.
O ciclo de amizades de Ricardo começou a aumentar quando ele comprou um título do Clube Recreativo de Venda Nova- Creven e logo foi convidado para compor o Conselho Deliberativo. “O Clube me ajudou muito a me relacionar com a comunidade. Fiz parte de várias diretorias e minha experiência como organizador de bailes e como músico fez com que eu pudesse colaborar. Participei da organização que trouxe uma banda pela primeira vez para um baile no Clube”, recorda-se o saxofonista.
Ricardo foi músico profissional nos tempos que morou em Caratinga, Minas Gerais, e chegou a se inscrever na Ordem dos Músicos do Brasil, como saxofonista. Ele toca clarinete também. Essa vida musical mais intensa foi na década de 1960.
Histórico
A vida de Ricardo Soresini começou no dia 13 de junho de 1947, no bairro Jucutuquara, em Vitória, mais propriamente em frente ao extinto estádio do Rio Branco. O pai, que era bancário em Minas Gerais, preferiu deixar a esposa grávida passar uma temporada na casa da mãe dela, que por circunstância da vida fez o papel de parteira no dia do nascimento do neto Ricardo.
Logo depois, a mãe de Ricardo retornou com ele nos Braços para Minas Gerais e o menino cresceu morando em Resplendor, Manhuaçu e Caratinga. Neste último fez o primário, o ginasial e parte do curso clássico (que equivalia ao segundo grau), época em que conciliou com o técnico em contabilidade, no noturno. Também foi nessa sua temporada de adolescente que se revelara como músico, tocando saxofone e clarinete nas noites de Caratinga.
Ainda no terceiro ano do segundo grau, Ricardo foi para Vitória fazer a Escola Técnica de Comércio Capixaba (que funcionava no prédio da antiga faculdade de direito). Na sequência fez vestibular para direito e, em 1970, integrou a segunda turma a ocupar o campus da Universidade Federal do Espírito Santo- Ufes. Na época já existia o curso de belas artes.
Ricardo se formou no final 1974 e em fevereiro de 1976 conseguiu fazer sua inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil- OAB. Ele se recorda que na época não tinha prova, bastava ter o diploma validado pelo Ministério da Educação e Cultura- MEC, o que demorava um certo tempo.
Nesse período, os pais tinham vindo de Minas Gerais e já estavam estabelecidos em Jacaraípe e, morando na casa dos pais, Ricardo fez estágio no escritório de Paulo Afonso Barros. O amigo contemporâneo de Ufes, o desembargador Adalto Dias Tristão (hoje decano do Tribunal de Justiça do Espírito Santo), ficou sabendo que Ecoporanga, no Norte do Estado, estava sem advogado e o incentivou a ir para aquela cidade. “Eu peguei uns dois ou três livros e fui para lá no fusquinha que tinha ganhado de presente de formatura de meu pai”.
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Ricardo montou seu escritório e foi morar em uma pensão. Naquele mesmo ano o Banco do Brasil abriu uma agência naquele município e os funcionários fundaram uma república, o chamando para dividir o espaço também. “Eu fiquei em Ecoporanga uns dois anos e aprendi muito. Fui convidado pela Prefeitura de Lajinha, Minas Gerais, para ocupar a função de assessor jurídico e cheguei lá em janeiro de 1978'’.
Naquele município ele conheceu Elisabeth Drumond Ambrósio, com quem se casou em 1981. No ano seguinte nasceu o primeiro filho do casal, o Lúcio. Quando o bebê completou dois meses, Ricardo foi convidado da então Vale do Rio Doce para ser assessor jurídico da subsidiária Floresta do Rio Doce, na cidade de São Mateus, no Norte do Estado. Antes de se casar, Ricardo já tinha a filha Larisse, hoje com 42 anos.
Em 1984 ele passou no concurso do Ministério Público do Espírito Santo e, ainda morando em São Mateus, atuou em toda região. A primeira designação emitida pelo procurador geral Antônio Benedito Amâncio Pereira foi para ele substituir as férias do promotor de Ecoporanga. Lá, ele foi recebido com festa pelos amigos que fez na temporada que manteve o escritório de advocacia.
Como promotor substituto atuou também em Boa Esperança, Linhares, Pinheiros e em outros municípios. Ainda trabalhando em Pinheiros ele decidiu que Venda Nova seria um bom lugar para morar e, no dia 25 de setembro de 1985, buscou sua mudança e sua família em São Mateus para se fixar em Venda Nova. No Município nasceu, o segundo filho do casal, Luiz Ricardo, hoje com 32 anos.
Na sequência de sua vida profissional, já como promotor titular, ele atuou em Muqui, Jerônimo Monteiro, Muniz Freire, Afonso Cláudio, Serra, Cachoeiro de Itapemirim e Boa Esperança. Em 1995 Ricardo foi promovido para entrância especial, em Vitória, e se aposentou em 1996, deixando para trás sua rotina de deslocamentos pelas estradas do Estado.
Ricardo diz gostar do que conquistou como profissional e das relações sociais que construiu por onde passou. Ele também recebeu títulos em São Mateus, Afonso Cláudio, Conceição do Castelo e Venda Nova, que além de reconhece-lo como cidadão local o concedeu a honraria 'Comenda do Imigrante Padre Cleto Caliman'. “Gosto de fazer parte da história de Venda Nova e também sou feliz por Venda Nova fazer parte da minha. Sou muito grato por Venda Nova ter me dado meu filho Luiz Ricardo e minha neta Isadora”.