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Uma cultura pujante para mostrar aos compradores

Uma cultura pujante para mostrar aos compradores

Farmers Coffee leva os importadores para conhecer as propriedades e suas famílias, assim como apresenta a riqueza cultural da região

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O cultivo do café arábica nas Montanhas do Espírito Santo continua encantando compradores de diferentes nacionalidades que visitam a região para conhecer in loco o modo de produção dos grãos que pretendem comprar ou dos quais ser tornam clientes fiéis. Quem faz a leitura desse e de outros aspectos do atual cenário é Dério Brioschi, um dos sócios da BPM Farmers Coffee, empresa fundada por jovens produtores, a maioria ex-bolsistas do Coffee Design, do Ifes Venda Nova.

E, ao falar de cafés especiais como atrativo turístico e trazer a importância do Cofffe Design para esse cenário promissor, vale destacar a Farmers Coffee. A empresa, que inclui em seu portfólio de serviços a divulgação do potencial cafeeiro da região e do Espírito Santo, faz parte de uma das bem-sucedidas inciativas que nasceram com o pé nos projetos de pesquisas desenvolvidos no campus do Ifes Venda Nova.

“A agricultura familiar é um modelo diferente do imaginado pelos compradores estrangeiros, que constroem uma imagem baseada no que ficam sabendo lá fora sobre o Brasil. Eles imaginam a produção mecanizada e os cultivos sendo feitos por grandes produtores, latifundiários. Nós explicamos os diferentes portes de agricultura e mostramos que na região prevalece a familiar, tanto para a produção de café quanto a de outras culturas, como a de abacate, por exemplo”.

Dério destaca que as matas preservadas e a água em abundância são outros pontos que chamam a atenção do comprador estrangeiro, que se encanta pela exuberância da natureza. “Também faz parte das leis europeias exigências de que os produtos comprados sejam cultivados com respeito ao meio ambiente e com justiça social. Qualquer alimento produzido em região desmatada, legalmente ou não, não pode ser comercializado. Essa lei foi prorrogada e representa um cenário desafiador para o mundo, mas não nos afeta aqui no Espírito Santo. Isso mostra que a preservação está valendo a pena”.

Mais ou menos 20 importadores passam pelo escritório da Farmers Coffee por ano. Para Dério, essas pessoas também são divulgadoras e formadoras de opinião, o que impacta de forma direta no turismo, pois desperta o interesse de um público fora do trade café interessado em conhecer a região.

“A altitude, o clima, as belezas naturais, a forma como as famílias rurais e as comunidades se organizam se somam à boa estrutura turística da região. Temos excelentes hotéis e restaurantes, cervejarias e cafés, propriedades integradas ao agroturismo e várias agroindústrias, que oferecem produtos encantadores, como o azeite de abacate e o socol, que possuem selo e podem ser levados para fora do país”.

Dério acrescenta que, dependendo da época que os importadores chegam, podem ter uma experiência ainda mais prazerosa. “A Festa da Polenta, em outubro, e a do Socol, em maio, são exemplos de uma cultura pujante. Eles têm experiências que consideram maravilhosas e muito diferentes do que as que vivenciam em seus países de origem”.

 

Os preços recordes dos cafés e o conilon subindo as montanhas

O Brasil e o mundo vivem um momento importante para a cafeicultura. “Se avaliarmos da década de 1970 para cá, estamos presenciando patamares históricos. O consumo mundial de café aumentou e os países não conseguem produzir o suficiente para abastecer”. Dério avalia que para o trade do café está difícil, pois a necessidade de capital de giro está de três a quatro vezes maior e, que no caso da Farmers Coffee, o ingresso na produção de conilon dá a empresa uma mobilidade maior no mercado.

“O Espírito Santo se destaca pela produção e os impactos das mudanças climáticas são minimizados pelo capricho nos tratos culturais e pela proteção ao meio ambiente. Para os produtores, esse é um bom momento, pois podem se capitalizar e investir em tecnologia para atenuar a influência do clima na produtividade”.

Dentro deste contexto, no Espírito Santo a produção de conilon (ou canéfora) tem sido a solução para enfrentar o aumento da temperatura. “Essa planta tem um vigor maior, mais intolerância à seca. As pesquisas da Embrapa e do Incaper e o mais recente trabalho do Coffee Design, do Ifes, vêm revelando os conilons especiais. Nesse sentido, a produção caminha de forma favorável e vem ao encontro das demandas do consumidor mundial”.

“O Espírito Santo é o maior produtor de conilon do Brasil em volume e o trabalho de pesquisa em torno do pós-colheita vem destacando o seu potencial de qualidade de bebida. O Coffee Design foi pioneiro em desenvolver a roda de sabores para o coffea canephora, isso nos ajuda muito a mostrar para o cliente o potencial de qualidade e aplicações que o nosso conilon possui”. Para Dério, se tudo isso não estivesse acontecendo, o cenário seria de aumentar a área de plantio, o que seria contraproducente no sentido de preservação e mitigação dos efeitos do clima.

Embora em 2025 a produtividade prevista do arábica não seja maior, a previsão de um superávit na produção de conilon posiciona bem o Brasil no mercado mundial. “O Espírito Santo produz sozinho quase o mesmo que o Vietnã, que tem uma área territorial 20 vezes maior do que a nossa. Projeções apontam uma produção ao redor das 19 milhões de sacas de conilon no Estado, enquanto aquele país produz aproximadamente 30 milhões”.

Diante do novo cenário de produção em terras de altitudes, o mercado favorável para o conilon também é um aceno aos cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo. O conilon está subindo para as montanhas e um exemplo é o café produzido por Pedro Tonole, em Alto Rio da Cobra, Afonso Cláudio. Propriedades em Brejetuba, Conceição do Castelo e até em Venda Nova, o município mais frio da região, já têm lavouras bem-sucedidas, o que seria impensável décadas atrás.

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