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Uma comunicadora que compõe a linha de frente no turismo de Venda Nova

Uma comunicadora que compõe a linha de frente no turismo de Venda Nova

Carla Caliman Terra assumiu a função em plena pandemia e a sua facilidade em se comunicar criou uma sinergia com os empreendedores do setor

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A facilidade com que transita tanto entre os poderes públicos quanto entre os empreendedores do turismo, tem feito Carla Caliman Terra estar entre os atores que fazem do setor uma locomotiva que coloca Venda Nova no protagonismo regional. Apesar de o município ter um histórico de vanguarda, ela assumiu a Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Artesanato dentro da crise sanitária ocasionada pela pandemia do novo coronavírus.

Nascida em Venda Nova no dia 1º de fevereiro de 1985, Carla fez o primário e o ginasial no município e depois saiu, só retornando para morar definitivamente depois de formada em jornalismo (2009/Estácio de Sá), pós-graduada em gestão de assessoria de comunicação (2017/Faesa) e com um currículo de várias experiências profissionais. Ela trabalhou na Assembleia Legislativa, na assessoria da deputada Fátima Couzi e depois passou a integrar a equipe do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo.

Fora do eixo da capital, no ano de 2014 ela foi morar em Itaguaçu e passou a trabalhar na assessoria de comunicação da Prefeitura de Itarana, onde também assumiu por um tempo a Secretaria Municipal de Desporto, Cultura e Turismo.

Após 17 anos, Carla resolveu retornar para Venda Nova com o plano de se preparar financeiramente para ir morar um tempo na Itália. Ela logo foi contratada pela Prefeitura para compor a assessoria de comunicação, onde ficou menos de um ano. Carla foi para a gerência da Secretaria de Turismo e, com a saída de Marco Grillo, no início de 2020, assumiu a função de titular da pasta.

Assim que assumiu veio a pandemia, que impactou de forma expressiva o turismo da região. Carla aproveitou a situação de quase paralisia total do setor para visitar todas as propriedades e empreendimentos. “Foi um momento de muitas dúvidas, de medo e de dificuldades. Alguns empreendimentos estavam fechando, outros com medo de reabrir... Período difícil onde a escuta e o diálogo foram fundamentais para achar uma saída e para que os empreendedores não desanimassem”.

As observações sobre os protocolos de proteção advindas do Governo do Estado, bem como a escuta empática das famílias (sobre suas queixas, dúvidas e angústias), deram origem a uma carta de orientação para os empreendimentos turísticos. A ação inédita no Estado mais uma vez colocou Venda Nova na frente e serviu de inspiração para a legislação estadual. “Pensar, debater e tomar iniciativas que se apresentem como soluções locais fazem parte das características históricas do lugar. Pensamos em conjunto com as associações e instituições do município na realidade local para orientar e buscar alternativas. Um exemplo foi restringir a degustação e, em períodos mais críticos, nem ter a prática. Tudo foi muito bem aceito pelo setor, que colheu os bons resultados diante de uma crise tão séria”.

Além de possibilitar a continuidade da maioria das atividades, Carla ressalta que a iniciativa tinha outra função:  mostrar para o turista que o Município tinha uma responsabilidade, um compromisso de gerar segurança para ele visitar o lugar. “Foi uma visão positiva para quem observava o município de fora e desejava visitá-lo. A ação gerou segurança, tanto para o visitante quanto para o trabalhador do setor”.

Em meio ao turbilhão de dúvidas devido à crise nacional e mundial, o Roteiro Agroturismo (de Venda Nova) foi um dos oito contemplados pela parceria entre os ministérios do Turismo, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento- Mapa e a Universidade Federal Fluminense- UFF, que capacitou empreendedores para o desenvolvimento do turismo no campo. O município ganhou ainda mais visibilidade e os 35 empreendimentos de turismo do Ro-teiro Agroturismo  passaram por treinamento e produção de material de divulgação. De acordo com Carla, o projeto está em curso, indo para a parte de comercialização. “Estamos aguardando a divulgação do material promocional que o Ministério fez aqui no ano passado”.

Mesmo em modo sobrevivência, o setor tem se movimentado ao se aprimorar e fazer parte de programas. No final de 2021 houve uma pequena retomada do turismo com a produção de eventos. Carla fez parte da comissão de organização da Ruraltures, que, na avaliação dela, junto com o Natal, fechou o ano com chave de ouro. “Apesar da pandemia, o saldo positivo. As parcerias com o Sebrae e com o Convention, junto às ações municipais, têm feito o setor avançar. Eu fico feliz em fazer parte desse momento da história de Venda Nova”.

Sobre o Natal, Carla diz que trabalhou para Venda Nova ser referência e, para isso, cuidou pessoalmente de cada item da decoração. As pessoas querem ter um espaço para tirar fotos e a decoração fez muito sucesso, com muitas postagens nas redes sociais de moradores e de turistas. “É um projeto de médio prazo, que continuará ganhando investimentos e novos itens que sejam capazes de atrair os visitantes e também os moradores, ao serem estimulados a saírem com suas famílias para tirarem fotos e compartilhá-las nas redes sociais”.

Carla está animada com os novos projetos em curso. A ‘Rua do Imigrante’, a ser aberta só para pedestre no local onde funcionou a antiga venda que deu ao Município o nome Venda Nova, em Vila Betânea. Ela conta que os moradores do entorno abraçaram a ideia e ali vai funcionar uma espécie da rua de lazer. “É um projeto muito especial da gestão Paulinho Minetti, do qual participo ativamente de sua elaboração e vou participar de sua execução. Embora ainda esteja em fase de formatação e de construção da identidade, já sabemos que se trata de algo muito desejado, que os moradores vão amar e usufruir e que será mais um destaque em nosso turismo”.

Para Carla, estar à frente do Turismo em Venda Nova é uma forma de homenagear as mulheres, em especial as suas ancestrais. “Nosso turismo tem a culinária como um dos elementos principais de seus pilares. As mulheres, em toda nossa história, foram protagonistas na condução das famílias, que tinham na mesa da cozinha o seu principal ponto de convivência e de encontro. A culinária nasceu dentro das cozinhas da nonnas e as receitas fazem parte das tradições replicadas pelas mulheres de diferentes gerações. Sempre refazendo tudo muito bem feito e com qualidade”.

Num outro trabalho feito à frente da Secretaria de Turismo, o Ipê se tornou a árvore símbolo do Município e foi criado o programa municipal ‘Venda Nova Cidade dos Ipês’. As árvores, plantadas em grande parte dos canteiros que margeiam a BR-262 ao longo da cidade, todos os anos proporcionam um espetáculo de cores, chamando a atenção dos moradores e rendendo belíssimas fotografias. A proposta é criar mais um atrativo que coloque Venda Nova em destaque atraindo mais turistas para o destino no período de florada. Para isso, está em andamento a organização de um evento que deve ser realizado neste ano.

E, falando em fotografia,  em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, a Secretaria de Turismo contribuiu com o concurso de fotografia para estimular os moradores e visitantes a captarem belas imagens do município. “São pequenas ações que envolvem os moradores e visitantes e os estimulam a olhar ainda com mais carinho para a nossa cidade”.

 

O que a vida trouxe

Carla Caliman não planejou e nem desejou estar no poder público, mas os acontecimentos da vida a trouxeram para onde ela está hoje. Ela conta que assim que retornou para Venda Nova logo se viu envolvida e aceitou o convite para trabalhar na Prefeitura. A sua experiência em outra Prefeitura, no Legislativo e no Estado construiu, junto com os estudos acadêmicos, o seu repertório e lhe deu projeção.

Além dos principais empregos oficiais, Carla prestou serviço para outras instituições e atuou em empresas fora do setor de comunicação. Foram experiências mais curtas que ajudaram ela a enxergar que gosta de trabalhar no setor público. “É onde tenho a oportunidade de atuar em trabalhos voltados para a comunidade”.

Apesar de não se tratar de um cargo eletivo, ocupar uma Secretaria tem tudo a ver com a vida pública. E este perfil de participação comunitária e/ou na vida pública está no sangue das mulheres da família, que tem na sua avó Arlinda Falqueto uma grande inspiração. Uma mulher forte, cheia de iniciativa e de grande liderança, mesmo que a sua atuação devido à época em que viveu se restringiu mais à sua família. Ela também foi voluntária na Festa da Polenta, como uma das primeiras cozinheiras.

A mãe de Carla, Aldi Caliman (a Dé), uma das sete filhas de Dona Arlinda, foi a primeira vereadora que representou Venda Nova na Câmara, quando ainda fazia parte de Conceição. Dé participou do movimento pró-emancipação, mais tarde (na terceira legislatura), como suplente, voltou substituindo um vereador afastado e, agora, surpreendentemente retornou como uma das vereadoras mais bem votadas. Carla também cita as tias Eunice Caliman (que foi vereadora de Venda Nova) e Diomedes Caliman Berger, que teve cargos de expressão no Turismo do Estado do Espírito Santo.

Carla faz parte de uma nova geração de mulheres que estão conquistando lugar de liderança e de destaque, apresentando e atuando na consolidação de projetos e propostas capazes de fazer o município continuar avançando. “Estamos conduzindo esse legado deixado pelas mulheres ancestrais, que não tiveram tanta visibilidade. Espero inspirar outras a ocuparem cargos públicos (que historicamente foram ocupados pelos homens) e conquistarem reconhecimento”.

Com  tranquilidade, Carla não se inibe de circular num meio que predomina a presença masculina. “Não tenho dificuldades de lidar. Eu tento lidar com leveza para mostrar para as outras mulheres que é possível, embora não seja fácil. Já avançamos, mas ainda falta muito”.

Para dar conta de tantos compromissos, Carla confessa que não basta cumprir o horário oficial de trabalho, pois sempre há um imprevisto ou uma novidade que a segura no posto de secretária.  “Existem o antes, o durante e os pós-eventos. E temos ainda as reuniões de trabalho dentro e fora do município. Tento conciliar com o autocuidado, fazendo atividade física e reservando o espaço sagrado de conviver com minha família, meus amigos e meu namorado”.

Dentro de seus compromissos pessoais, os cuidados com o avô Clementino Caliman, 93 anos, fazem parte de sua rotina, pois sua mãe cuida dele e ela também ajuda. “Meu avô ainda tinha alguma autonomia quando eu percebi que ele precisava de um cuidado especial e dei o primeiro banho nele. Foi quando eu estava me preparando para a sua festa de 90 anos. A partir de então, banhos dados por terceiros passaram a ficar recorrentes. Continuei cuidando e dei muitos outros banhos, corto as unhas dele, o levo para passear, leio... E ainda o levei para passar uns dias na praia. Eu o abraço e beijo muito ele”, conta sobre o carinho que sente pelo avô.

Carla gosta de reforçar a importância da figura do avô, mas salienta que teve mais mulheres como exemplo, como suporte e como inspiração. “São mulheres que sempre foram à frente de seu tempo, que saíram do lugar esperado para elas e avançaram, abrindo espaço para as outras”.

Para conquistar o 'know how' que tem agora, seja estudando ou trabalhando, Carla morou em seis municípios depois que saiu de Venda Nova, incluindo alguns da Grande Vitória. “Eu retornei com um projeto e a vida me apresentou novas oportunidades. Abracei todas elas.  Estou em movimento, Venda Nova pode ser um ponto de chegada ou de partida e tudo depende das oportunidades que estou construindo e das que vão surgindo”. 

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