Um sebo que funciona pela Internet
Depois de viver em Milão, vendanovense retorna para cidade natal e tenta movimentar o hábito de leitura entre os moradores
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Ao retornar para Venda Nova e encontrar dificuldades para comprar livros na cidade, Adriana Caliman Minete Brioschi criou uma espécie de sebo, que funciona com ofertas anunciadas pelas redes sociais. Apesar de os livros serem vendidos a valores praticamente simbólicos, ela vai na casa da pessoa entregar.
Moradora do Bairro Vila Betânea, na Sede do município, Adriana se locomove de bicicleta para fazer as entregas e também para recolher as doações, dependendo do volume. Ela guarda os exemplares em casa, onde são fotografados e anunciados com os respectivos valores.
Depois de viver em Milão, Itália, entre 2006 a 2021, e retornar para Venda Nova, Adriana se incomodou com o fato de não ter títulos disponíveis para comprar. “Eu adoro poder pegar nos livros, olhar, dar uma lida e finalmente escolher o próximo que irei ler... Não encontro satisfação em comprar pela Internet”, disse sobre as páginas comerciais das grandes redes.
Mesmo não gostando de comprar pela Internet, ela achou uma forma mais sustentável de usar os benefícios da tecnologia ao associar a comercialização com uma 'reciclagem' de livros. A ideia é recente e alguns moradores já se encontram seduzidos pelo movimento literário. “Ainda são poucas pessoas”, lamenta-se.
Adriana explica que o Sebo funciona da seguinte maneira: a pessoa que tem livros para desapegar a avisa pelo Facebook ou pelo WhatsApp, ela retira e publica as fotos dos exemplares com respectivos valores. Quando aparecem os interessados, ela manda mais fotos e, com a venda fechada, ela vai entregar ou a pessoa passa para retirar, se assim preferir.
Para avaliar os valores, ela faz uma pesquisa na estante virtual e costuma ser generosa ao calcular o valor de venda. Metade da venda vai pra quem desapegou e outra metade fica com ela.
Todos os livros vendidos são retirados da página do Facebook. “É para não dar confusão”, explica. Atualmente ela tem menos de 200 títulos e muitos são infantis. “O público ainda é fraco por aqui. Vendi pouquíssimos, apesar da grande variedade”, diz com esperança do cenário mudar. Afinal, a página foi criada no dia 1º de dezembro de 2022 e o movimento é muito recente.
Para criar a página, Adriana se inspirou na atitude da irmã, que leva brinquedos e parte das roupas que não servem mais nas crianças da família para serem comercializadas no brechó e destina outras para a doação. “Daí eu pensei: por que não fazer o mesmo com os livros?”