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Um projeto que começou da união do casal

Um projeto que começou da união do casal

No pilar do sucesso da Vinco Engenharia estão Áurea Fiorese e Alécio Vinco. O casal sempre envolveu os filhos nas ações e nas decisões mais importantes, ensinando com exemplo como é possível lutar e manter a alegria de viver

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Sempre unidos - Alécio passou por três cirurgias no coração e Áurea venceu um câncer. Ele, impedido
de fazer trabalhos pesados, não se intimidou e passou a costurar junto com a esposa,
fazendo prosperar os negócios da família.

Mesmo que em algum momento Áurea Fiorese e Alécio Vinco não tenham consenso sobre alguma data ou número, é perceptível a cumplicidade e união deles. Contar a trajetória da Vinco Engenharia é trazer à tona a história do casal que se uniu na doença, na escassez, na educação dos filhos, no trabalho e nas alegrias.  União e fé definem.

Interessante é destacar que o bom humor é presente mesmo nos momentos que eles contam ser os mais duros enfrentados. Em um bate papo informal, em meio as peças da confecção de moda praia e roupas íntimas que ela ainda mantém, eles transparecem tranquilidade e olham para trás sem demonstrar mágoas ou dor.

“A gente tem crédito bom na praça”, diz Alécio tentando explicar um pouco sobre a confiança que a empresa conquistou. “Tem base, é sólida e isso é resultado do ambiente que viemos construindo desde 1990. Tudo foi alicerçado e tem como base 100% na união do casal, que até hoje é o motor que puxa o empreendimento. Quantos problemas resolvemos com a experiência do diálogo”, diz o patriarca.

Quando Alécio fala em 1990, ele se refere ao ano do casamento. Ambos da comunidade rural de São Roque, no interior de Venda Nova do Imigrante, eles se casaram no dia 22 de dezembro. Colegas de escola, filhos de famílias amigas, eles conviviam desde a infância e começaram a namorar quando ela tinha 19 anos e se casaram dez anos depois.

Ainda antes de casar, aos 30 anos de idade, em janeiro de 1990,  Alécio precisou fazer uma cirurgia no coração. Eles se casariam um ano antes, caso não fosse a necessidade de fazer a intervenção médica que também viria a comprometer sua capacidade de trabalhar. Após a cirurgia, ele passou a assumir os trabalhos mais leves da propriedade da família dos pais (todos os irmãos trabalhavam juntos) e também já ajudava Áurea nas costuras de roupas íntimas.

Em junho de 1993, um acidente de trabalho no corte de eucalipto fez com que Alécio perdesse parte de um dedo. Em setembro do mesmo ano ele, Áurea e os dois filhos Gustavo (2 anos) e Beatriz(um) já estavam morando no bairro Vila Betânea, na Sede de Venda Nova, num barraco erguido em um terreno que o sogro lhe cedera. “Trouxemos 20 mudas de cebola e plantamos no quintal. Fizemos nossa primeira venda para o “Tito Codesso”, que viu as folhas tão vistosas e se interessou em comprar”, recorda-se Áurea.

Alécio trabalhou como motorista de um supermercado, fazendo caixa de tomate em uma serraria e também se arriscou como pedreiro, apesar de seus problemas de saúde. Ele assim o fez até que no dia 27 de fevereiro  de 1995 precisou fazer uma nova cirurgia no coração. Diante da sentença médica de que não poderia trabalhar no serviço pesado, ele se viu novamente diante de um dilema: “O que vou fazer para sustentar minha família?”

Ao avaliar a margem de ganho das peças íntimas produzidas pela mulher e da boa freguesia conquistada, o casal concluiu que poderia formalizar a empresa e a família passar a viver da atividade. “Chegamos a ter 28 sacoleiras e dez lojas vendendo a nossa produção. Antes a maioria das peças era vendida em casa”, recorda-se.

Com um pouco de economia que tinha, o casal ampliou a casa, comprou mais máquinas, mais novas e melhores, e contratou funcionárias. Com a empresa legalizada, as vendas puderam ser ampliadas.

Para aproveitar o momento, Alécio voltou a fazer parte da produção, cortando e costurando peças, ao mesmo tempo que dividia com a esposa os cuidados com os filhos. “Os meninos foram crescendo, dando menos trabalho e também passaram a ajudar a gente. Gustavo, com cinco anos, sabia operar uma 'Overlock' e costurar uma cueca com a mesma qualidade que a mãe produzia”.

Em 2000, mesmo com a produção de vento em popa e as vendas consolidadas, os meses de dezembro a fevereiro já representavam uma lacuna no faturamento da confecção. Essa percepção coincidiu com a chegada das produções chinesas de roupa íntima, que apesar de não ter a mesma qualidade eram bem mais baratas, tirando a competitividade da confecção. Foi preciso dispensar funcionários, enxugar todo o sistema de produção e se valer quase que exclusivamente da mão de obra familiar.

O casal enxergou na moda praia uma nova oportunidade e comprou peças para copiar os modelos e as modelagens. “A gente desmanchava os biquínis e sungas para saber como eram feitos. Criamos nossa linha. E com a inauguração do Clube do Nico Andreão, em Castelo, a venda de roupas de banho cresceu substancialmente”, recorda-se Alécio. E o foco foi para esse setor.

O trabalho era intenso, mesmo antes e depois do horário comercial. Eles começavam a trabalhar às 4 horas e paravam por volta das 23 horas e assim era todos os dias do ano, incluindo sábados, domingos e feriados. “Somente no Natal a gente parava mais cedo: às 18h30. Eu pedia minhas irmãs para comprar para mim o que eu precisava e ia passar a data com a minha família. No outro dia, por volta das 14 horas, já estávamos de volta, trabalhando”, recorda-se Áurea.

Em 1998, a família tinha um caixa estabilizado e, com o lote em Vila Velha herdado por Alécio, resolveu construir um prédio com cinco apartamentos que ficaram prontos em 2000. Para tocar as obras, em várias oportunidades, ele levava seu filho Gustavo para ajudá-lo, pois não podia carregar peso. “Conseguimos alugar cada apartamento por dois salários na época”.

Um ano depois, com a renda dos alugueis e da confecção, eles resolveram fazer um prédio em um lote que a mulher herdara próximo da praça Dom Bosco no bairro Vila Betânea. A família construiu metade do prédio (na outra metade do lote funcionava o trailer de lanche do José Mário) e a família passou a ocupar um dos apartamentos e alugar os demais.  

No mesmo lugar, a mãe instalou sua confecção, onde está até hoje, e o principal ponto comercial, hoje, abriga o escritório da Vinco Engenharia. “Enquanto Gustavo ajudava o pai na obra, Beatriz cuidava da casa e passamos a cozinha para os fundos da confecção para poder dar conta do trabalho”, lembra-se Áurea.

Alécio se orgulha de sempre, junto com a esposa,  ter estabelecido o diálogo com os filhos. Mesmo com seu problema de saúde não conseguiu se aposentar e, por conta de sua condição, fez cursos de reintegração profissional no Senac de Vila Velha. “Eu era considerado novo para me aposentar. Fiz o curso de mecânica e passei também a consertar todas as máquinas da confecção, assim como as de outras pessoas”, disse sobre o que faz até hoje.

A matriarca, além de tomar conta da confecção, era responsável pelo pagamento dos funcionários da construção e fazia o controle do recebimento dos aluguéis. “Sempre que precisava, Beatriz ia para o balcão da confecção atender os clientes para me ajudar”, diz Áurea.

Em 2004, a família voltou a investir em Vila Velha construindo mais quatro apartamentos nos fundos do prédio existente e em 2006 construiu a outra parte do prédio em Venda Nova com mais seis apartamentos.

Durante esses anos que Alécio passou a se dedicar ao setor de construção, coordenando equipes e administrando a construtora, sempre contou com a ajuda do filho Gustavo, que atuava no contra turno escolar. O pai, junto com a mãe, sempre incluía os filhos- tanto Gustavo, quanto Beatriz - nos negócios e assim, todos ganharam experiência.

Em 2008, no início do terceiro ano do ensino médio e também prestes a ingressar no cursinho pré-vestibular, a família já contava com uma renda fixa dos alugueis e pensando como os negócios seriam tocados e o que ele faria da sua vida, Gustavo, em um bate papo com o pai, resolveu fazer engenharia civil para criar uma empresa formal de construção.

O pai liberou o filho de suas obrigações no trabalho para que pudesse se dedicar aos estudos. Gustavo passou na Ufes e UFV e optou pela primeira, onde estudou de 2009 até 2014.

De 2010 a 2016, Alécio decidiu a montar formalmente uma construtora, já incentivado pela família, quando passou a construir e vender os apartamentos na cidade. Ele montou a empresa em sociedade com um engenheiro civil. Neste período, a empresa fez um prédio com 17 apartamentos, outro com 13 e mais quatro lojas e um outro com 20 apartamentos.

Em 2016 e 2017 a Vinco Engenharia realizou obras para prestação de serviço e no ano de 2018 a empresa iniciou sua trajetória de venda e aluguel de imóveis. Hoje a empresa encontra-se com o Edifício Veneza entregue com todas as unidades vendidas, com o Edifício Turim em fase final de construção, o Edifício Terra Nova iniciando a fase de acabamento e com os lançamentos Edifício Milano e Edifício Gênova prestes a iniciar as obras.

Em 2019, Alécio fez uma nova cirurgia. Desta vez com os filhos adultos e independentes ao lado dele. Mas não menos ligados emocionalmente. “Foi emocionante ver meus filhos não se afastarem nem um instante do pai. Um dos momentos marcantes foi ver os dois abraçados ao pai e fragilizados diante do novo desafio a ser enfrentado. Todos choramos de emoção”, diz Áurea, aliviada por tudo sempre ter dado certo.

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