Um projeto cervejeiro de um vendanovense de coração
O publicitário e jornalista Leandro Fidelis demonstra toda sua versatilidade ao lançar uma marca cheia de bossa
![]() |
Com a Fidelis Bier, o jornalista Leandro Faria de Castro Fidelis mostra toda sua versatilidade ao lançar uma charmosa e saborosa marca de cerveja. Ele surfa na onda das cervejas artesanais, que estão conquistando um mercado dos apreciadores da bebida que são donos de um paladar mais exigente e que gostam de experimentar novidades.
“Se eu não fosse jornalista, seria um bom vendedor”, disse sobre esse talento de se comunicar, mostrar as vantagens de um produto e de desenvolver sinergia com os clientes. “Teve uma época que eu trabalhei com vendas de bolas magnéticas de lavar roupas, fazendo uns extras, e gostei muito de desenvolver esse meu lado profissional”.
A inquietude de Leandro era uma voz persistente em seu ouvido dizendo: 'seria interessante fazer algo seu para vender, uma criação sua'. E ele soube reconhecer a oportunidade que a vida colocou diante dele ao trabalhar próximo ao movimento cervejeiro de Venda Nova, mais especificamente ao lado dos amigos da Piwo, os irmãos Stanislaw (o Taninho) e Tedesco Almeida. “Eu experimentei uma cerveja de café e fiquei encantado”.
Esse encontro com o universo das cervejas artesanais foi no início da pandemia, fazendo um trabalho de divulgação, quando falou ao amigo que gostaria muito de desenvolver uma receita de cerveja. Taninho estimulou Leandro e a troca de ideias culminou na decisão de desenvolver uma 'weiss', que é uma cerveja de trigo. “Tedesco estuda muito sobre cerveja. Conversamos muito e brifei as origens históricas de minha família, que tem ascendência alemã (a maior parte) e italiana”.
Assim nasceu a primeira cerveja artesanal de trigo das Montanhas do Espírito Santo em escala comercial e a marca também é pioneira ofertada enlatada. “Eles investiram numa máquina de envasar a bebida em lata e, ao me apresentarem as vantagens, incluindo o baixo custo, vi que esta seria uma ótima opção. O momento do mercado também apresentava escassez de matéria-prima de vidro e disponibilidade de latas. Tudo convergiu para que o projeto tivesse o formato apresentado atualmente”.
A primeira 'safra' da Fidelis Bier saiu em janeiro de 2021, quando a bebida foi pré-lançada ainda naquele mês e durante três semanas foi a mais vendida na biqueira da Piwo, que empresta sua estrutura de produção para a marca do jornalista. Os meses seguintes foram dedicados ao registro da marca e a criação da logomarca, que ficou pronta entre março e abril.
O produto foi apresentado com toda comunicação visual pronta em janeiro deste ano. O caminho percorrido até o lançamento da marca incluiu um trabalho minucioso de 'branding', feito por uma agência contratada em Cachoeiro de Itapemirim. “Eu queria um nome alemão, mas um dos publicitários concluiu que 'Fidelis', além de ser fácil de pronunciar, fazia parte de minha identidade, pois muitas pessoas se referem a mim com esse que é um dos meus sobrenomes”.
Então a ideia foi que a marca se remetesse à história de um cara que roda o mundo, faz entrevistas e tira fotografias. E isso explica o bloquinho e a máquina fotográfica do rapaz vestido com roupas típicas alemãs que estampa a marca Fidelis Bier.
Leandro explica que a cerveja de trigo faz parte da nobreza alemã. “Quando a Alemanha era monarquia, foi baixado um decreto proibindo que alguns estilos de cervejas fossem consumidos pelo povo, ficando só reservados para a nobreza. E as receitas feitas de trigo estavam nesse pacote e também por isso, o layout traz nuanças de dourado. O trigo e a bebida também são dourados”.
Muitas pessoas pensam que Leandro é nascido em Venda Nova e é descendente de imigrantes italianos. A conclusão é verdadeira em parte, pois, como foi dito, suas raízes familiares estão ligadas aos imigrantes italianos e alemães. A segunda influência é mais forte em termos numéricos pois, apesar de ser bisneto de italiano (pelo lado da família da mãe), os dois avós paternos são descendentes de alemães das famílias Loubach, Thasmo, Werner, Spamer e Fock.
Em termos culturais, Leandro se adaptou bem à cultura do imigrante italiano, fazendo valer este lado de suas raízes, ao ser professor da língua italiana durante sete anos, fazer mestrado do idioma, ter cantado por um tempo numa banda típica (Toni Boni) e ser ativo no Circolo Trentino, entidade da qual é presidente atualmente.
Em dezembro de 2021 foi produzido o segundo lote da cerveja e o terceiro, em março deste ano, num sistema que funciona de acordo com a demanda. A bebida é produzida na Piwo e envazada na Grecco. E a Fidelis Bier segue seu projeto cumprindo a fase de divulgação e estabelecendo novos pontos de venda. A marca é encontrada na Quintas dos Manacás, no Alecrim e na Piwo e ele faz muitas entregas de encomendas, num sistema de 'delivery'. Vários estabelecimentos estão interessados em comercializar e Leandro pretende construir um corredor de pontos de venda das Montanhas do Espírito Santo até o Caparaó, lugar onde mantém um refúgio.
Com pouco ou quase nada em investimento em marketing, a Fidelis Bier tem se revelado uma marca 'instagramável', pois vários consumidores expõem suas experiências espontaneamente nas redes sociais. Leandro é uma pessoa popular, que circula em diferentes ambientes e é cheio de amigos, o que ajuda bastante. “Todas essas pessoas que divulgam a Fidelis Bier o fazem de forma espontânea, sem que eu peça. E eu gosto muito disto”.
Um combo para presente tem ajudado bastante a cerveja conquistar paladares em diferentes partes do Brasil. “As pessoas descobriram que a Fidelis Bier é uma ótima opção para presentear, principalmente com o combo que traz um copo Weiss de 680 ml, uma bolacha de colecionador e dois latões. Todas as peças são personalizadas”. Leandro ainda ressalta que sua cerveja compõe as ofertas da cidade do agroturismo e que já até chegou a fazer parte de uma cesta de produtos.
Leandro já planeja homenagear os 200 anos da imigração alemã no Brasil, que iniciou em 1824, em Nova Friburgo (RJ). Seus familiares chegaram com a primeira leva na cidade fluminense e vieram parar em Alto Jequitibá (MG), na Região do Caparaó, e ele quer lançar um lote comemorativo, agregando alguns diferenciais na comunicação visual.