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Um construtor que foi além do seu ofício

Um construtor que foi além do seu ofício

Data de Publicação: 16 de dezembro de 2016 08:41:00 Gerson Rocha começou trabalhar ao lado do pai ainda jovem, se apaixonou pela profissão e hoje, com o irmão, faz gestão de obras e mantém um escritório com profissionais da arquitetura e design

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Uma das marcas das obras geridas  pelo Roccia Arquitetura, Design e Gestão de Obras é estar fora do lugar comum. Idealizadas ou não por Gerson Rocha, as obras, em sua maioria, são marcantes, seja pela sua concepção arquitetônica ou pela escolha dos materiais e os arranjos no acabamento. Madeira, vidro, ferro, pedras e outros elementos sempre estão presentes, fazendo a integração entre a edificação e a natureza.

Com mais de 40 casas construídas, na sua maioria em Pedra Azul, Domingos Martins, e Região, Gerson é filho de construtor e como ele próprio diz, por ironia do destino, foi trabalhar com o pai ainda jovem. “Ao trabalhar ao lado do meu pai, fui me identificando com o ofício e me apaixonando pela profissão. Também enxerguei a necessidade de ir além e imprimir a minha marca pessoal nesta trajetória de uma profissão tão comum e ao mesmo tempo tão importante para o desenvolvimento de um lugar.”

Assim fez Gerson. Ele sempre foi muito curioso e se preocupou em se cercar de profissionais graduados para formar seu escritório. Roccia Arquitetura Design e Gestão de Obras recebeu este nome com fundamento: roccia é rocha em italiano e o ícone, a imagem de uma pedra em processo de lapidação, lembra a própria trajetória do construtor. “Eu me considero uma rocha sendo lapidada, pois sempre estou em processo de aprendizado”, diz Gerson Rocha.

O carro chefe do escritório é a gestão de obras, sejam elas projetadas pela sua equipe ou não. Essa parte de projetos fica a cargo do arquiteto Tiago Del-Puppo Favilla Lobo, numa proposta de trabalho em parceria, e o escritório conta ainda com desenhistas contratados (Camila, Vanessa e Júlio) e com a ajuda significativa do irmão de Gerson, Adilson Rocha, que é seu parceiro e braço direito. Já os serviços de engenharia são terceirizados.

Antes do escritório, Rocha só fazia gestão de construção e foi responsável por muitas obras em Pedra Azul. E foi com este público exigente que ele se deparou com projetos mais elaborados, na fase do boom dos condomínios. “Precisei procurar mão de obra qualificada para estas obras e fui construindo meu diferencial profissional, agregando elementos artísticos às minhas obras, fazendo novas combinações de materiais, principalmente os que valorizam a natureza.”

Neste período de experiência em Pedra Azul, ele percebeu que os proprietários, na maioria das vezes, investem mais na casa de final de semana, onde buscam lazer e descanso, do que na moradia principal. “Muitos moram em apartamentos na Região da Grande Vitória e querem descansar num lugar bonito e integrado ao meio ambiente, onde eles possam contemplar toda a beleza da natureza. Essas casas se transformam, em sua maioria, em verdadeiras obras de arte."

Rocha se lembra que passou a ser procurado também pelos arquitetos para executar seus projetos, tendo como referência seu estilo de construção. A maioria das casas tem espaço gourmet, varandas, lareiras e piscinas aquecidas, exigindo uma experiência diferenciada, pois os donos querem lazer e espaço para receber os amigos, aconchego e ao mesmo tempo, uma casa com vista pra aproveitar a paisagem.

“Pedra Azul mudou muito do período em que comecei a atuar, foi quando começavam a surgir os condomínios”. Rocha construiu muitas casas em diversos condomínios, com estilos bem distintos. “São diferentes e se destacam pelo bom gosto: algumas seguem o estilo contemporâneo, outras lembram casa de fazenda e outras referências. São obras que saem do lugar comum e são integradas à natureza.”

Para Rocha, a casa é um lugar de descanso e da busca da paz, por isto é importante abrir espaço para contemplação. Ao mesmo tempo gerar segurança e liberdade. Quando se concilia tudo isso com arte e beleza, fica ainda melhor.

Capelas, como referência

A construção de capela faz parte dos seus trabalhos preferidos, que também passaram a ser uma forte referência. A primeira foi concebida em uma propriedade na União, em Domingos Martins. Trata-se de uma capela dedicada à Imaculada Conceição, onde, à esquerda do altar, exibe uma imagem da santa. Ao centro, um crucifixo em ferro forjado por Anderson Falqueto, um parceiro quando o assunto é incursão artística com o metal. Ele também fez o sacrário, com uma tampa de bueiro de rua, se tornando um atrativo à parte.

Rocha gosta de lembrar da importância da obra para a dona que conseguiu levar nove religiosos para a inauguração da capela, dentre eles Dom Luiz Mancilha Vilela, arcebispo de Vitória, e um padre italiano.

Também um ícone, a capela na propriedade da família de Dom Décio Zandonadi, na comunidade da Peçanha, Venda Nova, é considerada uma obra de arte por quem a conhece. “Quando eu conheci Dom Décio, ele disse que tinha um projeto de construir uma capela e me convidou para conhecer o local. Quando cheguei lá ele me perguntou onde achava que deveria localizar a capela, quando eu apontei na beira do lago. E ele me perguntou se eu faria um projeto pra ele.”

Quando Rocha apresentou o esboço do que seria a capela, Dom Décio se apaixonou e pediu que ele levasse o projeto adiante. “Tudo foi concebido e construído de forma fiel à proposta. Depois de concluído, eu me encontrei várias vezes com ele em outros locais e nossa parceria foi se consolidando à medida que ele se identificava com meu trabalho."

Ao se refletir no lago, a capela valoriza a beleza natural do lugar. O  formato do telhado, a torre adornada de pedra e as paredes com muito vidro se harmonizam ainda mais com a madeira que banca a estrutura e emoldura a obra. Trincos e puxadores de ferro, gradis, piso de ladrilho hidráulico e outras delicadezas valorizam a escultura em ferro de Cristo crucificado, em tamanho natural, feita por Anderson Falqueto.

Tanto as obras das capelas quanto das casas até hoje erguidas sob sua gestão formam a linha do tempo do trabalho de Rocha, numa trajetória que começou ainda jovem. “Dediquei metade da minha vida ao ofício, sempre fui dedicado e curioso e colho os frutos de sempre tentar ir além”, diz Rocha apreciando o acervo de fotografias digitais que guardam pelo menos 20 mil imagens.

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