Trio investe na produção e comercialização de tomate grape
Data de Publicação: 29 de novembro de 2019 19:37:00 Thiago Costa, Aguinaldo Davel e Wellington Casagrande estão produzindo o fruto em estufa e o comercializando sob a marca Fruit Colors
![]() |
Com uma produção de 450 quilos semanais e numa crescente que em poucas semanas resultará em 900 quilos, o trio de sócios Thiago Costa, Aguinaldo Davel e Wellington Casagrande é responsável pela produção do tomate grape (uva em inglês) que está nos supermercados de Venda Nova e de algumas cidades vizinhas. Sob a marca Fruit Colors, os tomates também estão nas redes de supermercados de Cachoeiro de Itapemirim e entregues nos mercados gourmet e em domicílio em Vitória e Vila Velha.
Nesse nicho de mercado, o número de frutos por penca interessa mais do que o tamanho ou calibre dos frutos produzidos. Por isso, o tomate grape é um produto que se encaixa muito bem no perfil do agricultor arrojado, pois requer um alto investimento em estrutura para conseguir produzir um material de elevado valor agregado. Embora os três sócios não tenham ligações consanguíneas, se valem da mão de obra familiar e formaram uma parceria bem sintonizada para tocar o negócio.
Wellington, 30 anos, que é técnico agrícola, é o responsável direto por tudo que envolve a produção. É ele quem define o que usar, quando e para que algum insumo e qual tecnologia empregada em todas as fases do cultivo. “A nutrição é muito detalhada e um esquema é preparado todos os dias. Quando preciso me ausentar, deixo todas as instruções que são rigorosamente seguidas pelo responsável”.
Quem vai às estufas visitar o plantio se encanta. Mesmo sem agrotóxico ou adubo químico, as pencas estão enormes, com vigor. “E a sanidade está muito boa”, explica Wellington. Os tomates são cultivados em vasos de oito litros e crescem até três metros, guiados por fitilhos em um sistema de tutoramento na estufa.
Dentro das estufas (de plástico transparente e galvanizadas em metal), as cultivares, alimentadas por uma solução nutritiva, crescem num ambiente semi controlado. A altura de sete metros proporciona uma circulação de ar que evita bolsões de calor e as telas laterais antiofídicas impedem as passagens de insetos, que são responsáveis por 95% da pragas.
Faz parte das tecnologias implantadas, a irrigação automatizada, que oferece a solução que a cultura realmente precisa. A captação da água da chuva representa outra pegada ecológica ao projeto que praticamente não usa água do rio e nem de poço artesiano. Os vasos das plantas também não têm contato direto com o solo, que é revestido por ráfia, uma espécie de tela. Todos esses cuidados dispensam o uso de agrotóxico para combater doenças que, quando aparecem, podem ser debeladas por processos naturais.
No processo que antecede as estufas, a semeadura marca o início da produção. Depois de 25 a 30 dias, as mudas são transplantadas para os vasos e saem do viveiro. Toda essa fase até o ponto da primeira colheita leva em média 75 dias. As variáveis ficam por conta dos dias/horas de sol, que aceleram o processo.
Aguinaldo, 32, um dos pilares do tripé, cuida da gestão. “É fundamental que a parte financeira tenha um bom controle para que não sejamos pegos de surpresa pela má administração”. Ele atualiza sistematicamente as contas, observa as tendências de mercado e negocia com os fornecedores e prestadores de serviços.
Formado em administração de empresas e com MBA em controladoria financeira, Aguinaldo, que é de Muniz Freire, veio para Venda Nova trabalhar na Plantec, com sede no Alto Caxixe. Atuando na revenda, ele fazia muitas viagens e numa delas para São Paulo se deparou com a tecnologia de produção de tomates tipo grape. “Eu fiquei com a ideia na cabeça e me perguntava: porque não tentar no Espírito Santo? Algumas pessoas me desencorajaram, dizendo que no Estado não tinha mercado”, recorda-se.
Não por acaso, quando resolveu colocar seu plano em prática, se encontrou com Thiago que especulava uma possibilidade de trabalho em Venda Nova, pois queria morar no município. “Quando ele perguntou 'o que tem pra nós aí em Venda Nova?' Eu logo respondi: uma sociedade”. A vocação de vendedor de Thiago, que atuava como corretor de imóveis em Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro, veio a calhar. Ele tem formação em petróleo e gás, com pós em processamento de plástico e borracha, que nada tem a ver com sua atuação profissional.
Por se tratar de agricultura de precisão, o trabalho é exigente e com uma rotina diária de condutas
![]() |
De fácil comunicação, Thiago está no setor comercial. Ele é o responsável por prospectar mercados, faz contatos e contratos de venda, formando assim o portfólio de compradores. Ele também é o responsável por cumprir a rota de entrega, com viagens programadas para cada dia da semana. O tomate já sai do packing house (local onde separam e embalam os tomatinhos), no Alto Caxixe, embalado em cumbuquinhas fechadas e transparentes com 300 gramas do produto.
“Ainda não estamos nas grandes redes de supermercados em Vitória e Vila Velha, onde às quartas-feiras faço entregas em domicílio em pontos estratégicos, também a mercados gourmet e ao Ceasa. As encomendas entregues em domicílio variam de meio até cinco quilos o que facilita essa entrega, são os pontos estratégicos. Temos um dia separado para entregar em Venda Nova, outros em Pedra Azul e regiões”, relata Thiago.
Wellington foi a última ponta do trio a formar a sociedade. Ele, que entrou como colaborador técnico, foi convidado para ser sócio quando o projeto se apresentou mais exigente e amplo do que imaginado inicialmente. Para que desse o resultado desejado, era necessário uma certa produtividade.
Os três são unânimes em dizer que tudo foi muito bem conversado e desenhado para que todos colhessem de forma justa os resultados, em plenitude e em abundância. Os três se completam em competências e aptidões.
Com código de rastreabilidade, o tomate grape da Fruit Colors permite ao consumidor saber (através do QR Code) quem produz, localização do plantio e como e quais insumos são usados no cultivo. O produto é livre de agrotóxico e esta é uma das grandes vantagens em consumi-lo.
Além dos três sócios, a produção do tomate da Fruit Colors envolve mais cinco pessoas. Por se tratar de agricultura de precisão, o trabalho é exigente e com uma rotina diária de condutas. Toda a estrutura e os tratos culturais foram pensados para que o modo de produção ficasse livre de agrotóxicos, preservando a saúde dos consumidores e dos trabalhadores.
A primeira colheita foi em setembro e toda produção foi comercializada. Embora o mercado esteja em construção, a expectativa inicial é trabalhar num raio que alcance todo o Estado, para depois expandir para outros, pois o tamanho e textura do fruto são favoráveis ao transporte.
Para otimizar a mão de obra, o investimento em tecnologias e a abertura do mercado, o trio pretende produzir outros produtos dentro desse segmento aumentando o portfólio da Fruit Colors. O projeto de expansão prevê culturas que, como o tomate grape, possam ser controladas pelo manejo biológico para evitar os agroquímicos, o trio não abre mão dessa forma de manejo. “Queremos entregar produtos saudáveis e saborosos para o consumo”, concordam os três.