TORRADOR automatizado é apresentado
Apresentação de tecnologia desenvolvida simboliza fechamento e abertura de um novo ciclo de cooperação e parceria entre instituições
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Equipe executora do torrador desenvolvido inteiramente no campus do Ifes Venda Nova: Lucas Louzada Pereira (professor), Edimilson Bellon (servidor),Gustavo Falqueto (estudante do curso de Ciência e Tecnologia dos Alimentos) e Aldemar Polonini Moreli (professor).
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Diante de um público formado por diferentes executivos do Sicoob Espírito Santo, o aluno do Ifes e bolsista do Laboratório de Análise e Pesquisa em Café- Lapc, Gustavo Falqueto de Oliveira, apresentou o torrefador I-Roast desenvolvido pelo estudante, um técnico e professores. A apresentação foi no meio do dia 18 de outubro, num evento corporativo promovido pela Cooperativa e o equipamento de torra materializa uma das ações do programa desenvolvido pelo Lapc com apoio do Sicoob.
O projeto, que apresenta um equipamento automatizado, fácil de ser usado, foi todo desenvolvido dentro do Ifes e a equipe executora envolveu o graduando em ciência e tecnologia de alimentos, o técnico em agroindústria e em eletrônica Edmilson Bellon e os professores Lucas Louzada Pereira e Aldemar Polonini Moreli. “O torrador foi projetado para permitir que qualquer pessoa possa fazer uma torra, seja um consumidor e apaixonado pela torrefação e também um profissional da área, que terá um equipamento capaz de realizar várias torras com a máxima precisão na execução”, explica Gustavo Falqueto.
Para chegar ao atual equipamento, foram três anos de pesquisa, experimentos e prototipagem tanto no desenvolvimento das partes de elétrica, de eletrônica e de mecânica, além do software. “Foi desenvolvido um aplicativo que possibilita o controle de seu funcionamento de forma remota e programada”. O estudante explica ainda que durante esse período foi possível modelar os protótipos e finalizar um equipamento com capacidade operacional de uma a 200 gramas de café, sendo superior em quatro vezes ao principal concorrente no mercado.
Além do torrador, o software de controle para automação do processo de torra também será licenciado. “Para consolidação do processo de fabricação e produção serão necessários investimentos na consolidação de pequena fábrica para automatização dos processos industriais, visando proteção e sigilo do processo fabril”, explica um trecho do relatório assinado pelos professores.
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O passado
O desenvolvimento desse torrador representa uma realidade recente do envolvimento do meio acadêmico com a cafeicultura, graças à parceria público-privada (Ifes/Sicoob), dentro de uma das linhas de pesquisa e desenvolvimento. O cenário que se vive atualmente-, com filhos de produtores estudando (ou já formados) assumindo as propriedades, sendo coautores de um novo modo de lidar com a cafeicultura ou mesmo atuando profissionalmente em outros pontos da cadeia-, é resultado também de iniciativas visionárias do passado.
O reconhecimento do potencial da região produzir café de qualidade como um bem coletivo teve um ponto marcante lá atrás, com Evair Vieira de Melo- a convite do então prefeito José Onofre Pereira-, sendo contratado como provador do Centro de Classificação e Degustação de Café- CCDC, que funcionava numa parceria entre a Pronova e a Prefeitura. Um pacto coletivo antecedeu esse ato prático, que desencadeou várias outras ações até chegar ao ponto de os filhos dos próprios produtores serem protagonistas de um movimento crescente de valorização do café de qualidade. Esses jovens, hoje, conseguem identificar as características de seu café para comercializá-lo com valor agregado diretamente com o mercado.
“O primeiro passo para melhorar o café do Espírito Santo foi dado em 1988, quando um grupo de técnicos, produtores e representantes do setor público capixaba se reuniu, na Fazenda Experimental de Venda Nova - Incaper “, recorda-se Aldemar Polonini, professor do Ifes e ex-funcionário do Incaper. “Todos declararam um pacto para mudar os títulos de café “rio-zona” para os atuais conceitos de qualidade superior ou de café especial, refletidos nas excelentes nuanças que hoje rotulam as bebidas”.
De lá pra cá, palestras de esclarecimentos e concursos de qualidade incentivaram os produtores e, de um modo especial, a atual parceria do Sicoob com o Lapc encontrou um terreno fértil para envolver as novas gerações com a cafeicultura. Trazendo para a atualidade, os projetos ‘Determinantes da Qualidade do Café' e o e do programa de extensão ‘Transferência de Tecnologias e Inovação para Colheita e Pós-colheita do Café Arábica na Região Serrana do Estado do Espírito Santo’, desenvolvidos pelo Lapc, trazendo uma grande e positiva movimentação na produção cafeeira da região e de algumas outras localidades do Estado. O ciclo de execução 2019 a 2021 desses projetos desenvolveu uma série de processos, metodologias, resultados e inovações (a torradora, por exemplo), que foram articuladas de forma a convergir para os objetivos da proposta global.
“O Sicoob, uma empresa da iniciativa privada, se propôs a apoiar os projetos oriundos da academia. Neste caso, num gesto de responsabilidade social, apoiando o projeto, que irá se transformar em ativo para a sociedade. O foco é trabalhar a capacitação de um modo geral das pessoas. De alguma forma chega aos nossos associados, para eles próprios agregarem valor aos seus produtos. O café no Espírito Santo sempre será apoiado pelo Sicoob, seja pelas linhas de financiamento, e, nesse momento em especial, pela criação de um equipamento que vai proporcionar uma experiência maior ao consumidor. O torrador, ora lançado, integra um projeto amplo da academia que está em consonância com os ideais do cooperativismo”.
Cleto Venturim, presidente do Sicoob Sul-Serrano