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Prevenção contraceptiva precisa ser orientada ainda na adolescência

Prevenção contraceptiva precisa ser orientada ainda na adolescência

Para a ginecologista e obstetra Eliana Suhet Carneiro Ventorin, a gravidez precoce continua fazendo parte de uma realidade que preocupa

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A ginecologista lembra que o surgimento da pílula anticoncepcional, na década de 1960, foi celebrado como símbolo da liberdade sexual feminina. O método contraceptivo era, para as mulheres, a possibilidade de tomada de decisão sobre seus corpos. Embora, no Brasil, o anticoncepcional seja hoje o método contraceptivo mais popular entre as mulheres que se previnem, a gravidez precoce ainda assombra, ao significar, na maioria dos casos, a ruptura da menina com a sua formação profissional e o desenvolvimento pleno de seu potencial.

“Garoto ou garota, que já tem uma vida sexual ativa, é super importante se prevenir desde a primeira relação. Por quê? Não só para evitar a gravidez na adolescência como também não contrair infecções sexualmente transmissíveis (IST). Para isso, sugiro o que chamamos de dupla proteção, que é o método contraceptivo hormonal combinado com o método contraceptivo de barreira”, diz Eliana.

Ela alerta ainda que essa dupla proteção pode evitar que jovem, entre para a estatística. “Metade das gestações na adolescência acontece após os primeiros seis meses quando a jovem começa sua vida sexual. Um quinto ocorre ainda no primeiro mês após o início do contato sexual”.

 A médica salienta que na rede pública de saúde, há diversos métodos disponíveis, que devem ser usados por eles e elas conforme for adequado à saúde de cada um, pois os dois são responsáveis por essa relação segura. “Penso que os pais precisam estar nessa linha de frente orientando meninos e meninas. Também podem marcar uma consulta para as meninas com a ginecologista logo que chegam na puberdade. Para a prevenção é imprescindível o diálogo. É difícil às vezes, mas é o melhor caminho”.

“Já os adolescentes precisam ser empoderados e conscientes de que a prevenção é para o seu corpo e o seu futuro. Então, converse, negocie o uso da camisinha, seja a masculina ou a feminina. Isso é nada mais do que ser sincero e mostrar que você se preocupa, inclusive, com o seu parceiro ou parceira”, diz, se dirigindo aos jovens.

 

TIPOS DE CONTRACEPTIVOS

A pílula anticoncepcional

Um contraceptivo muito seguro, que possibilita a mulher poder planejar suas gestações,  a pílula continua sendo o método mais usado.

O anticoncepcional oral possui hormônios que são semelhantes aos produzidos pelos ovários, fazendo com que a ovulação não ocorra e não exista um óvulo pronto para ser fecundado. Os tipos existentes são a pílula combinada, que contém estrogênio e progestogênio, e a minipílula, que tem apenas progestogênio, que é mais comum durante a amamentação, em fumantes ou naquelas com mais de 35 anos.

A pílula anticoncepcional pode ser adquirida de forma gratuita em um posto de saúde,  dependendo da marca, pois algumas têm de ser compradas na farmácia. As mais comuns são Selene, Yasmin, Ciclo 21 e Diane 35. Existem outras marcas como Yaz, Minima, Microvlar ou Cerazette, por exemplo.

Vantagens: também pode ser usada para diminuir os sintomas de TPM, reduzir o fluxo menstrual e a cólica menstrual, regular o ciclo menstrual, melhorar a acne e o excesso de pelo e ajudar a evitar a doença inflamatória pélvica, cistos ou câncer do ovário;

Desvantagens: a mulher precisa ser responsável e tomar um comprimido todos os dias à mesma hora, sem esquecimentos, para evitar a gravidez;

Possíveis efeitos colaterais: os mais comuns incluem náuseas, dor nas mamas, pequenas perdas de sangue fora da menstruação, diminuição do fluxo de sangue e sintomas de depressão.

Como tomar corretamente: na maioria dos casos tem de se tomar um comprimido por dia, sempre no mesmo horário, durante 21 dias até ao final da cartela e quando terminar fazer uma pausa de sete dias, que é quando a menstruação deve descer e no oitavo dia, iniciar uma nova cartela.

 

Dispositivo intrauterino (DIU)

É um método contraceptivo de plástico em forma de T que é introduzido no útero pelo ginecologista e que pode permanecer eficaz durante cerca de cinco anos. Não causa desconforto, impedindo a gravidez por ação do cobre ou libertação de hormônios que dificultam a fecundação. Por isso, um número cada vez maior de mulheres está utilizando o DIU devido às suas vantagens com relação a contraceptivos orais.

Vantagens: são muito eficazes, não têm efeitos gerais sobre todo o corpo (sistêmicos), não interfere no ato sexual e é eficiente para quem esquece de tomar o comprimido, pois pode permanecer no útero por vários anos. Além de fornecer um método contraceptivo eficaz, todos os tipos de DIU podem reduzir o risco de câncer uterino (de endométrio). Os DIUs com liberação de levonorgestrel de cinco anos também são um tratamento eficaz para mulheres com menstruação abundante. O DIU de cobre pode proporcionar um método contraceptivo eficaz para mulheres que não podem usar métodos hormonais. Um ano após a remoção de um DIU, 80% a 90% das mulheres que tentam engravidar conseguem. A maioria das mulheres, inclusive as que nunca tiveram filhos e as adolescentes, podem usar DIUs.

Desvantagens: precisa ser colocado por um profissional de saúde e em alguns casos pode levar ao aparecimento de anemia.

Possíveis efeitos colaterais: pode causar dor durante alguns dias depois da colocação, levar a pequenas perdas de sangue nos meses seguintes e ainda aumentar o risco de infecções vaginais.

Opções: há cinco tipos de DIU disponíveis. Quatro deles liberam uma progestina (levonorgestrel). Um deles tem eficácia por três anos e os outros têm eficácia por, no mínimo, cinco anos. O que  contém cobre, permanece eficaz por pelo menos dez anos.

 

Laqueadura ou vasectomia

A cirurgia é um método contraceptivo definitivo, impedindo a mulher ou o homem de ter filhos para o resto da vida, sendo mais frequente em mulheres ou homens com mais de 40 anos.

No caso da mulher é feita a laqueadura das trompas com anestesia geral, onde é feito um corte ou um torniquete nas trompas, que são fechadas, impedindo o encontro do espermatozoide com o óvulo. Exige internamento por cerca de dois dias e, normalmente a recuperação demora cerca de duas semanas.

A vasectomia é a cirurgia realizada no homem, com anestesia geral que demora cerca de 20 minutos, sendo feito um corte no canal por onde passam os espermatozoides dos testículos até às vesículas seminais.

 

Anticoncepcional injetável

Deve ser aplicada no músculo do braço ou da perna uma vez por mês ou de três em três meses por um enfermeiro no posto de saúde. A injeção vai libertando lentamente hormônios que impedem a ovulação, porém o seu uso prolongado pode provocar atraso na fertilidade, aumento do apetite (o que pode ocasionar aumento de peso), dores de cabeça, acne e queda de cabelo. É ótimo para mulheres com doença mental, com tuberculose ou epilepsia que não podem tomar anticoncepcionais ou têm muitas infecções vaginais e não podem usar anel ou DIU.

 

Implante anticoncepcional

É um método que ajuda a prevenir a gravidez através de um pequeno tubo de plástico que é introduzido na parte interna do braço, embaixo da pele, pelo ginecologista e que libera hormônios para o sangue de forma lenta, impedindo a ovulação e dificultando a entrada dos espermatozoides no útero da mulher. Este dispositivo pode permanecer no braço da mulher até três anos, porém só pode ser colocado e tirado pelo ginecologista e, depois de remover a fertilidade volta ao normal após um mês.

Vantagens: também contribui para diminuir a dor abdominal causada pela menstruação. O implante não interfere com o contato íntimo, nem com a amamentação e, é um excelente método para as que se esquecem de tomar o comprimido, têm doenças mentais ou problemas gastrointestinais.

Desvantagens: é um método mais caro e precisa de um profissional de saúde para ser colocado debaixo da pele.

Possíveis efeitos colaterais: pode causar perdas de sangue irregulares,  manchas na pele, náuseas, dor de cabeça e variações de humor.

Quando e como colocar o implante: o implante precisa ser colocado no hospital, com anestesia local pelo ginecologista até aos sete primeiros dias do ciclo menstrual, ou em qualquer momento do ciclo caso se tenha certeza que a mulher não está grávida.

 

Anel vaginal

É um dispositivo de borracha que é introduzido na vagina pela mulher, de forma semelhante à introdução de um absorvente interno. A mulher deve permanecer com o anel durante três semanas e depois deve retirar e fazer uma pausa de sete dias para a menstruação descer, voltando a colocar de novo.

Vantagens: é de fácil utilização, não interfere com o contato íntimo. É um método reversível e não altera a flora vaginal.

Desvantagens: não protege contra DST's, pode levar a aumento do peso e não pode ser usado em vários casos, como problemas no fígado ou pressão alta.

Possíveis efeitos colaterais: pode causar dor abdominal, náuseas, diminuição da libido, períodos menstruais dolorosos e aumentar o risco de infecções vaginais.

 

Camisinha masculina e feminina

O preservativo é um método excelente para evitar a gravidez, além de ser o único que protege do contágio de doenças sexualmente transmissíveis, como Aids ou sífilis. Porém, para ser eficaz é necessário colocar a camisinha corretamente,  evitando que os espermatozoides chegam ao útero.

Vantagens: geralmente são baratos, fáceis de colocar, não causam qualquer tipo de alteração no corpo e protegem contra doenças sexualmente transmissíveis. Não existem efeitos colaterais para o uso do preservativo.

Desvantagens: algumas pessoas podem apresentar alergia ao material, que normalmente é de látex. Pode causar desconforto em alguns casais ou rasgar durante o contato íntimo.

 

Depois de passar por uma prova de fogo, a ginecologista e obstetra Eliana Suhet Carneiro Ventorin retoma suas atividades normais, que inclui atendimento nos consultórios em Venda Nova e em Conceição do Castelo. Ela e o esposo João Pedro Rigo Ventorin contraíram covid 19 de forma grave e ficaram internados durante uma semana no Hospital da Unimed de Cachoeiro de Itapemirim, de onde ela teve alta no último dia 3.

Eliana se formou em medicina na Universidade Federal do Espírito Santo- Ufes em 1997. E, na mesma universidade, ela fez residência médica em ginecologia e obstetrícia. Em 2004, ela começou a trabalhar no Hospital Padre Máximo, em Venda Nova, onde ficou atuando até dois meses atrás. “Fui, até dois meses atrás, uma das mais antigas plantonistas do HPM, que considero minha segunda casa”.

Desde 2004 a vida profissional, bem como familiar, de Eliana girou entre Conceição e Venda Nova, seja atuando no Hospital, nos consultórios e nos Postos de Saúde de Venda Nova, onde passou no concurso público e é servidora até hoje. “Sou realizada profissionalmente e pessoalmente, além de espiritualmente. São três pontos da vida em que o ser humano precisa acertar para se sentir pleno”, pontua a médica.

A relação de Eliana com Venda Nova e Conceição do Castelo começou ainda na época de faculdade, quando estudava com a saudosa Rita de Cássia Rigo Ventorin, cuja família morava em Conceição. A amiga, que ser formou médica com ela, a apresentou ao seu irmão, com quem se casou e, por isso, passou a morar em Conceição desde 2004. “Sempre quis viver no interior e acabei conhecendo meu esposo aqui e meu desejo se realizou. Sou bem casada e tenho dois filhos que aqui nasceram e estudam em Venda Nova desde tenra idade”.

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