Pesquisa levanta dados sobre coronavírus em Venda Nova
Data de Publicação: 29 de maio de 2020 14:23:00 Município fará segunda etapa do inquérito sorológico
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Venda Nova, um dos 19 municípios selecionados para a pesquisa do 'Inquérito Sorológico' promovido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) em parceria com as Prefeituras, vai entrar na segunda etapa da coleta de dados nos dias 8,9 e 10 de junho.
O Estado dividiu a pesquisa em quatro etapas e Venda Nova está incluído em duas devido a vários fatores, dentre ele se tratar de uma região turística, centralizar atendimentos em saúde (hospital e várias especialidades médicas) e ser cortado por duas rodovias. A primeira etapa da pesquisa foi na segunda quinzena de abril e foram concentradas em Alto Colina, Providência, bairro Minete e parte do Centro.
Equipes da Secretaria Municipal de Saúde voltarão a percorrer o Município (em localidades determinadas pelo Estado) coletando informações e realizando testes rápidos para detecção de anticorpos do coronavírus. As residências visitadas são selecionadas por sorteio e, de acordo com a secretária Municipal de Saúde, Marize Vilela, o Município só sabe as localidades em cima da hora. “O Estado mapeia as áreas e microáreas de acordo com dados do IBGE”.
Toda a equipe (formada por um motorista, um técnico de coleta e um secretário para fazer as anotações) vai para campo com as EPIs. “A família da casa sorteada só participa se quiser. Com o seu aval, então um dos membros (também definido por sorteio) maior de 16 anos vai ser submetido ao exame”, explica a secretária. De acordo com ela, toda a equipe chega e se identifica. A coleta é feita e enquanto se aguarda o resultado, os dados da família são coletados e o teste verifica se essa pessoa já entrou ou ainda não entrou em contato com o coronavírus.
Município de risco
Marize Vilela, secretária Municipal de Saúde, e Solange Mauro, coordenadora da
Atenção Primária em Saúde. Reuniões e realinhamento de estratégias quase diários.
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Todo o cuidado a ser tomado pela população é pouco, na avaliação da secretária. “Venda Nova não foi escolhida para testagem por acaso. Um dos fatores, além das duas rodovias, é o Hospital Padre Máximo, que pelo número de especialidades, atrai muita gente de toda região. Essas pessoas procuram atendimentos e, antes ou depois, passam pelas farmácias, restaurantes, postos de gasolinas, lojas... Enfim, aproveitam para desfrutar de outros serviços locais”.
O fato de outros municípios não terem agência da Caixa Econômica Federal também atrai moradores da região em busca dos benefícios concedidos pelo Governo. Conceição do Castelo e Brejetuba não são servidos pela agência e algumas regiões circunvizinhas (Rio da Cobra, Pedra Azul e Braço Sul, por exemplo) são mais próximas da sede de Venda Nova do que das sedes de seus próprios municípios, mesmo que estes tenham agência (como Afonso Cláudio, Domingos Martins e Castelo).
São muitos os motivos que fazem de Venda Nova um centro regional. “Não podemos parar o mundo por causa do coronavírus, mas podemos diminuir a circulação de pessoas, redobrar os cuidados com a higienização das mãos e adotar o uso de máscaras”, reforça Solange Mauro, coordenadora da Atenção Primária em Saúde. “Quando diminuímos a circulação, evitamos a exposição desnecessária. Muitos estão saindo para fazer compras acompanhados de outros membros da família e é preciso ser mais prático, fazer saídas objetivas e voltar para casa assim que terminar o que é necessário ser feito”, ressalta.
Solange lembra que o uso da máscara ajuda a proteger o outro. “Muitas vezes as pessoas não sabem que estão infectadas e, ao usar máscara, diminui consideravelmente a possibilidade de passar o vírus adiante”.
Máscaras
Até o fechamento dessa edição a Secretaria de Saúde contabilizava a distribuição de mais de 1,5 mil máscaras. De acordo com a secretária foi feito um grande movimento para a produção, visando distribuir e incentivar o seu uso. “A Prefeitura doou TNT para que costureiras voluntárias produzissem máscaras e capotes para uso dos profissionais da saúde, tendo em vista que faltaram esses produtos no mercado. Mulheres de Fazenda do Estado, mãe e avós de funcionárias, funcionárias e vizinhas e amigas dessas mulheres se mobilizaram para costurar as peças”, conta Marize.
Outra frente foi abraçada pelas Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo e também as oficineiras do Crea, que se debruçaram na confecção de máscaras de pano.
Grande parte dessas máscaras está sendo distribuída nas barreiras sanitárias promovidas pela Secretaria Municipal de Saúde. As primeiras barreiras foram feitas nas proximidades da rodoviária e, segundo Marize, geraram um grande impacto. “Depois fizemos no Alto Caxixe, comunidade do Camargo e em São João de Viçosa. Agora repetiremos o ciclo”.
Marize sentiu que a ação teve impacto por onde passou, gerando mudança de comportamento das pessoas. “Passamos no Alto Caxixe e soube por fontes seguras que no outro dia as pessoas estavam usando máscaras. Isso foi um sinal que estavam dispostas a mudar os hábitos e que escutaram nossas recomendações’’.
Nas barreiras sanitárias as pessoas também são orientadas da forma correta de usar a máscara, de como lavar as mãos e a fazer distanciamento social e quando devem procurar o Posto de Saúde. Todas as abordagens aos carros foi feita por uma equipe usando máscara N95 e, durante a conversa, os profissionais mantiveram distância e sem tocar nos veículos ou na pessoa.
Já a abordagem na comunidade do Camargo foi feita aos transeuntes. “Quando as equipes foram lá constataram a ausência de pessoas usando máscaras e, ao voltar no outro dia, perceberam a diferença. Agora vamos refazer o ciclo de abordagem, passando para reforçar a campanha”, anuncia a secretária.
Tudo muda, quase todos os dia
As estratégias de atuação vão sendo feitas e executadas de acordo com o que acontece diariamente no quadro epidemiológico relacionado ao coronavírus no Estado. Antes de começar o isolamento social, um comitê foi formado para seguir as normas da Sesa e todas as ações estão centralizadas na Secretaria Municipal de Saúde, que envolve a Atenção Primária de Saúde e o departamento de Vigilância Sanitária, coordenado por Camila Mauro Zandonade.
“Quase todos os dias eu acordo com uma nova portaria do Governo do Estado. Quase todos os dias temos mudanças de parâmetro”. A secretária ressalta que junta-se a tudo isso a campanha de vacinação, que está sendo feita dentro dessa necessidade de distanciamento.
Para ajudar a tocar a situação foi montado um Centro de Operação Especial- COE, que fez um plano de ação envolvendo representantes do Samu, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Hospital Padre Máximo e diferentes setores da Prefeitura. “Vamos fazer o terceiro plano de ação. O primeiro foi feito em fevereiro, o segundo em março e agora faremos um novo, pois uma medida tomada hoje pode ter que ser mudada amanhã em função da dinâmica que a pandemia provoca em todo o sistema de saúde”.