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Os perigos da perda de peso acelerada

Os perigos da perda de peso acelerada

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Você já deve ter ouvido falar ou conhece alguém que, buscando perder muito peso na balança, passou um período de grande restrição de alimentos (aquelas dietas da moda) associada a um grande aumento do gasto energético com a intenção de emagrecer.

Em termos numéricos o emagrecimento é sim fruto de um balanço energético onde o “gasto” de calorias deve ser maior que a quantidade que se “consome”.

O problema daquele tipo de intervenção altamente restritiva é que ela não é sustentável a longo prazo. Assim, passado o evento no qual o desejo era 'estar magra', volta-se com a alimentação desregrada e a inatividade física e, consequentemente, ocorre um reganho de peso, quase sempre a valores maiores que os anteriores.

Exemplificando: em janeiro Fulana tinha 70kg. A associação de dietas milagrosas + excesso de exercícios fez com que em fevereiro ela tivesse 60kg. Alimentação desregrada + inatividade física fez com que em março ela chegasse a 72kg.

Um grande número de pesquisas está tentando mapear este tipo de comportamento e há um consenso entre elas: o histórico de perda de peso muito brusca tornará o processo de emagrecimento cada vez mais difícil. Além disso, indícios apontam que entrar nesse ciclo “emagrece demais” e “reganha o peso novamente” aumenta as chances de desenvolver doenças relacionadas ao controle de açúcar no sangue, especificamente o diabetes.

SAARNI (2006) e STYNCHAR (2009) comprovaram que pessoas que passavam por perda de peso bruscas ao longo da vida apresentavam maior dificuldade em manter-se dentro de padrões ideais de saúde no fim da vida. “Quanto mais peso tentamos perder ao longo da vida, mais econômicos se torna nosso metabolismo e menos calorias passamos a gastar em situações de repouso” (DEL VECCHIO, 2019).

Um estudo (FOTHERGILL et al. 2016) acompanhou os participantes de um programa televisivo onde pessoas com obesidade severa disputavam quem conseguiria perder mais peso (intervenções intensas no cotidiano alimentar associada à prática de exercícios físicos) no período de três meses (o programa chama-se The Biggest Loser, - “O grande perdedor”).

O acompanhamento ocorreu durante o programa até seis anos após o término. Em resumo: os participantes reganhavam quase sempre o peso que haviam perdido e atingiam um percentual de gordura maior do que antes de iniciar o programa. Uma das explicações se baseou no metabolismo basal dos participantes (metabolismo basal são as atividades fisiológicas que ocorrem durante um dia com o objetivo de mantermo-nos vivos. A energia que precisamos consumir para manter órgãos e tecidos corporais funcionando em harmonia). Antes de iniciar o programa o metabolismo dos participantes exigia um gasto aproximado de 2.600 kcal. Valor que foi reduzido à 1.990 kcal ao fim do programa e se manteve em 1.900 kcal após os seis anos da pesquisa.

A melhor medida para emagrecer com saúde é aderir a uma mudança de vida (alimentação saudável e prática regular de exercícios físicos) que seja sustentável para toda a vida. Excessos e extremismos nunca serão o melhor caminho, pois dificultarão a aderência.

 

Dudu Altoé

Personal Trainer

CREF.: 002126-G/ES

Especialista em treinamento físico para grupos especiais

 

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