Orquidário recebe turistas em Venda Nova
Data de Publicação: 26 de julho de 2019 18:03:00 A alta temporada começa em julho e vai até outubro, quando floresce a maioria das plantas: espécies híbridas, vandas e phalaenopsis colorem as estufas
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No Orquidário Tapera, que trabalha com híbridos e espécies puras, o visitante se depara com as plantas devidamente dispostas e identificadas para que tenha uma compreensão da dinâmica da produção e das variedades disponíveis. Se estiver mais interessado, entrará leigo e sairá com conhecimentos básicos sobre as plantas que estão expostas, compreendendo desde a polinização, passando por todas as etapas até a planta florir.
Júlio Sossai, produtor rural que mantém o orquidário junto com a esposa Milena, tem as informações na ponta da língua. Ele fala que os visitantes gostam de saber sobre todos os tipos de orquídeas, principalmente as que estão floridas na época.
Com 3.000 metros de área coberta, o Orquidário atende turistas em sua propriedade durante o ano inteiro, sempre oferecendo novidades. “A cada ano vou acrescentando novas variedades e hoje temos mais de 20 gêneros de orquídeas, com diferentes variações de cores e formatos. Sei que é apenas um pouco nesse vasto universo. Só para se ter uma ideia, no ano passado 35 mil espécies estavam catalogadas no mundo. E as possibilidades aumentam infinitamente quando são cruzadas e dão origem aos híbridos”, explica Júlio.
As cerca de 100 mil plantas estão distribuídas nos seis módulos de estufas. São plantas em diferentes estágios de desenvolvimento: de bandejas e potes de 9, 13 e 15 centímetros de diâmetro, sendo as que estão em potes de 13 e 15cm são consideradas plantas adultas. E a previsão é de que pelos dez mil plantas cheguem do laboratório de Aloísio Falqueto no ano que vem. “Compro mudas de São Paulo, de terceiros e faço polinizações para levar para o laboratório”, diz Júlio ao fazer referência às origens de suas plantas.
As estufas ficam em níveis diferentes do terreno. A subida, que começa na estrada e vai até o último nível, é toda calçada, gramada e florida, oferecendo conforto e beleza visual. Carros de passeio e micro-ônibus sobem e manobram com tranquilidade e, lá do alto, o visitante pode apreciar plantios e remanescentes da mata atlântica no entorno. A paisagem conta com o adicional de um catavento colorido de 2,6 metros de diâmetro, fixado numa haste de 12 metros altura, que foi montado pelo próprio Júlio.
De agosto até outubro, as amethystiglossas estão floridas, o que torna o orquidário mais colorido e atraente. No entanto, elas são as estrelas do orquidário o ano inteiro, pois são procuradas com ou sem flor. Júlio explica que as flores, com coloração rosa/lilás claro com pintas de rosa mais intenso, variam do *tipo (com as pétalas e sépalas em lilás) ao *alba (pétalas claras e labelo branco), sempre com pintas em tom mais escuro.
Como o orquidário Tapera organizou suas aquisições para ter flor o ano inteiro, de março até abril tem a cattleya labiata. A multiplicidade de cores é forte da espécie, de flores amarelas, roxas, lilás, laranja, que combinadas com labelos em cores (muitas vezes mais de uma cor) mais intensas e contrastantes proporcionam um espetáculo de beleza.
De outubro até novembro, as Cattleya warneri predominam na floração. Com variações do roxo ao branco, com plantas parecidas em cores e formas, mas que agrada aos colecionadores pelas sutis diferenças.
Já a Laelia pumila floresce de abril a agosto. As flores também têm muitas variáveis de cores e são menores e geralmente é uma flor única por planta, chegando raramente a duas. Muito bonita, também é muito procurada devido à sua delicadeza.
As vandas também estão entre as plantas mais procuradas no orquidário, tanto pela sua beleza de cores e formas diversificadas quanto pela facilidade de mantê-las belas e saudáveis. Trata-se de um gênero na família das orquídeas mais comuns no mercado pela facilidade de adaptação. Não precisa de substrato para desenvolver-se e por isso pode ser cultivada suspensa com suas raízes livres e soltas no ar.
Quando a floração vem em janeiro, as vandas têm a possiblidade de repetir o feito quatro vezes ao ano, com flores que duram em média 50 dias. “Isso significa que fica a maior parte do ano florida, o que explica muito a sua popularidade, pois as pessoas gostam de comprar a planta com flores”, explica Júlio.
Quando a oferta vai para os híbridos, a infinidade de plantas diferentes, belas e de aparência exótica se intensifica ainda mais. Num passeio pela estufa é impossível os olhos não se sentirem atraídos pelas Phalaenopsis, que ganharam fama mundial e até aparecem estampadas em roupas de marcas famosas. Conhecida como a orquídea dos mercados, é acessível, além de ser a estrela do marketing de muitos tipos de produtos pelo mundo.
Ela floresce até duas vezes no ano e, sob bons cuidados, pode ficar de quatro a cinco meses de floração. A Phalaenopsis é um híbrido, como a maioria, originário do Sul Asiático, a exemplo das consagradas Chia Lin, Chunyeah Remo Prada e Pastoral, que se apresentam com flores grandes e vistosas, com variações de cores intensas e suaves. Um espetáculo para os olhos.
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Histórico
Sossai se formou em agronomia pela Ufes, campus de Alegre, em 1996 e é o único dos três filhos de Osvaldo Antônio Sossai e de Josefina Spadeto Sossai que permaneceu em Venda Nova. Nos primeiros anos ele trabalhou para uma multinacional, mas resolveu ficar em casa quando a mãe adoeceu para ajudar o seu pai. Primeiro ele se dedicou ao cultivo de goiaba e ficou a procura de uma outra atividade agregadora, principalmente uma que pudesse ser implantada numa área pequena e íngreme.
Há cerca de dez anos Júlio foi procurado por André Tedesco para ser o responsável técnico pelo seu orquidário. Tedesco tanto o incentivou a montar um orquidário, como se tornou seu sócio temporário no empreendimento. Em outubro de 2010 Júlio construiu a sua primeira estufa, com 160 metros quadrados e comprou 3.500 plantas. De experiência, ele só trazia a amadora que teve na adolescência, mas abandonou a atividade para cuidar de outros trabalhos.
Ao construir os orquidários, Sossai deu aproveitamento a uma área que até então não dava retorno à propriedade. A inclinação do terreno exigiu muitos investimentos e as estufas são distribuídas em seis níveis, com diferença de 30 metros de altitude entre o primeiro e o último. O caminho entre os platôs confere um charme especial ao empreendimento.
Um confesso apaixonado pelas plantas, Sossai tem mais de dez espécies para colecionadores e o restante são de híbridos e as vandas. Os turistas representam 5% de sua venda e ele acredita que a divulgação e outras ações de marketing podem fazer essa porcentagem crescer. “A Exposição de Orquídeas veio para agregar qualidade ao setor, além de incrementar o turismo espe-cializado”, diz Júlio.
E, apesar de não participar no local da Exposição Nacional, o Orquidário Tapera doa plantas para sortear durante a programação e ajuda também divulgando o evento.
Ele vê a Exposição como um grande divulgador dos orquidários de Venda Nova e o setor com grandes chances de crescimento. “Muitas floriculturas do Espírito Santo vão para São Paulo comprar algumas espécies por falta de volume de produção”, observa.