Onde o ensino e o papel do professor são encarados como uma busca e uma construção de saberes
Os conteúdos que a escola trabalha se referem ao conhecimento, às destrezas e às habilidades que os estudantes usam para construir e interpretar a vida social
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Com dinâmicas em sala de aula e também fora do espaço escolar, os professores da Coopeducar atuam dentro de uma filosofia na qual se faz presente a preocupação com a ética no uso dos conhecimentos adquiridos e o quanto o cooperativismo fortalece a construção desses saberes. Muito além de ser entendida apenas como o lugar em que se realiza a construção do conhecimento, a instituição trabalha para ser pensada como um espaço em que se reflete acerca das implicações desse conhecimento.
E são nas práticas do cotidiano, na atuação dos projetos, nos momentos dos esportes coletivos e individuais e nas festas realizadas que se encontram as oportunidades de se trabalhar os ideais cooperativistas. Uma prática que se faz presente em cada tijolo da sede da escola, o cooperativismo está no DNA da formação conti-nuada, nas relações entre os profissionais, no trato com os estudantes e nas trocas com os familiares dos alunos.
A professora Rafaela Lopes Caliman, 40 anos, atua há quase 20 anos na Coopeducar na área de ciências humanas com as disciplinas de história, geografia, filosofia e sociologia. Formada em história e geografia, faz pedagogia atualmente, como parte de sua busca contínua pelo aprimoramento profissional.
“Quando eu ingressei na escola, eu era nova, inexperiente e não tinha muito conhecimento sobre a filosofia do cooperativismo. A Coopeducar, com muitos cursos, trocas e experiências, foi me ensinando sobre esses valores do cooperativismo. Tive bons professores, como os pais fundadores, que me possibilitaram muito aprendizado”, recorda-se.
Para Rafaela, ser professora de uma escola que vive a filosofia do cooperativismo é uma desconstrução. “Vivemos num mundo capitalista, individualista, competitivo... Precisamos então descontruir nossas crenças e hábitos para construir novos valores. E foi isso que ao longo desses 19 anos a Coopeducar tem conseguido fazer. É transformador, pois o que eu aprendo na escola transforma também a minha vida. Eu me torno um ser humano mais cooperativo dentro da família, na comunidade, no meu bairro, pois eu levo o meu aprendizado para minha vida também”.
Ao atuar como professora dentro dessa filosofia, Rafaela relata que é preciso levar esse entendimento para os alunos. “É a compreensão de que a gente não precisa competir para ser grande, mas que a gente pode cooperar e que cooperando a gente consegue crescer individualmente e no coletivo. É muito importante isso. Todas as minhas estratégias dentro de sala de aula e todas as formas de trabalhar que eu proponho para meus alunos sempre são pautadas nessa ideia do todo, da importância do grupo e de como todos podem colaborar e crescer juntos. Todas as crianças que passam por uma escola com essa filosofia se tornam seres humanos capazes de colaborar mais com o seu entorno e de serem mais felizes também”.
Um bom exemplo de vivência, na avaliação da professora, são os momentos dos preparativos da festa caipira. “Os alunos do sexto ano ao ensino médio estão todos envolvidos, em todas as situações e decisões. Todos têm função, de acordo com as suas habilidades, gostos, talentos e competências... Quem gosta de dançar se prepara para a quadrilha, quem não está ensaiando prepara as bandeirinhas.... Tem uma equipe da boca do palhaço, na qual um grupo pinta e o outro separa as prendas. O mesmo acontece no correio do amor, que tem a equipe que corta, a que cola, a a que prepara os cartões e que pensa na logística, dentre outras funções”.
A festa caipira proporciona um momento de vivência, assim como nos Jogos Escolares Cooperativos- Jecoop. Para a professora Rafaela, no Jecoop o cooperativismo é apresentado de uma forma muito bacana, não só pelos jogos cooperativistas, pois a maioria é voltada para essa filosofia, mas também pela maneira de pensar o evento. “Tudo é decidido dentro do grupo, dentro da Cooperativa: quais os jogos, nomes das equipes, cores a serem usadas. Todas decisões são tomadas em equipe”.
Todas as práticas da professora em sala de aula estão relacionadas aos princípios cooperativistas, assim como na missão da escola. Rafaela explica que essa preocupação começa desde o momento do mapeamento de sala, pensado pela equipe, quando os alunos são posicionados em duplas, de forma que um consiga colaborar para o crescimento do outro. “Professores, pedagoga e a coordenadora do turno avaliam qual colega pode sentar do lado de qual colega, observando as características para promover ajuda mútua no crescimento, cooperando um com o aprendizado do outro. No mapa de sala a gente já percebe o cooperativismo funcionando e, para que esse movimento colaborador seja contínuo, trocamos os alunos de lugar mensalmente, formando novas duplas de cooperados”.
Rafaela explica que há muitas outras estratégias de trabalho em equipe. “Na nossa escola valorizamos muito o trabalho em equipe. É a vivência do aluno; é a oportunidade dele entender que somos diferentes e que todos temos diferentes habilidades. Então, um estimula o desenvolvimento do outro. Quando a gente promove um trabalho em equipe, e a gente faz muitos, fazemos agrupamento de forma que o saber e a habilidade de uns possam colaborar com o aprendizado do outro. É uma troca constante, onde todos saem mais enriquecidos no final”.