Português (Brasil)

O voluntariado e a Festa da Polenta: no calor do tacho da fritura da polenta

O voluntariado e a Festa da Polenta: no calor do tacho da fritura da polenta

Florinda pretende trabalhar enquanto tiver forças. A terceira geração de voluntários da família vai se fortalecer com a neta Maria Eduarda

Compartilhe este conteúdo:

Dentre as preferências entre os consumidores da culinária da Festa da Polenta, a polentinha frita em cubos é uma das campeãs. Vai bem com frango à passarinho e participa de outras combinações deliciosas. Quem aprecia provavelmente já degustou alguma porção que passou pelas mãos de Florinda Andrião Briosque, 72 anos, voluntária atuante há 22 anos.

Em torno do calor intenso da fritadeira, ela se dedica ao ofício às sextas-feiras à noite e ao domingo de dia. “Ao domingo faço parte da equipe coordenada por Bráulio Spadeto e às sextas, na coordenada pela minha filha Carla Briosque e pelo meu genro Ademir Altoé, o Quequinha”, diz sobre a dinâmica de seu trabalho, que para ela já é sagrado todos os anos.

“O calor intenso da fritadeira já diminuiu bastante com a transferência dos tachos para a parte externa”, diz se referindo à cobertura que faz um ângulo de 90 graus com a cozinha e onde também ficam as outras fritadeiras, as que dão conta do frango à passarinho e das linguiças. “Trabalhamos como se fôssemos uma família”, disse ao se confessar triste pela falta de condições da Festa da Polenta ser realizada esse ano nos mesmos moldes das anteriores.

“É uma pena. As entidades precisam tanto do dinheiro que a Festa arrecada e depois distribui”, diz a mulher que trabalha com fé o tempo todo. “Eu não pretendo parar. Enquanto eu tiver força, vou trabalhar. Gosto de passar minha experiência para os mais novos que vão chegando cheios de boa vontade para aprender. Gosto de conviver com as pessoas e trabalhar na Festa é uma forma de nos encontrar”.

E esse desejo de participar de um projeto que ajuda o próximo é de família. Florinda tem seis filhos e só um não viveu essa experiência, sendo quatro atuantes (Carla, Cleison, Clóves e Cássio) e outro que mora no exterior (Camilo), afastado pelo motivo de não mais viver por aqui. “Meu neto, Douglas Altoé, é o mais jovem voluntário da família. Meu marido trabalhou por 16 anos e parou depois de uma cirurgia no olho”.

Florinda confessa que adora o seu serviço. Ao longo dos anos foi aprendendo alguns truques para fazer render e resultar em uma polentinha frita perfeita. “Não consigo calcular quantas polentas eu já fritei. Sei que temos segredos para não encharcar de óleo. Tem quer ser preparada num fogo muito alto para que o óleo esteja bem quente e fritar rapidamente. Assim fica com uma casquinha deliciosa e cremosa por dentro”, descreve.

Ela que perdeu a mão esquerda em um acidente de trabalho há 24 anos sabe que todo cuidado é pouco para evitar problemas. A fritadeira é baixa e facilita a manipulação. “Quando fui convidada para integrar a equipe da Festa da Polenta eu me senti muito valorizada. E os visitantes gostam muito de tirar fotos junto comigo e se dizem admirados pelo meu trabalho”. Florinda também é voluntárias em outros eventos, integrando as equipes de cozinha que arrecadam para a Apae como a que prepara o almoço na Festa de Emancipação. “Eu amo ajudar as entidades! ”

Compartilhe este conteúdo: