O Café no Turismo de Experiência – DE TRATOR ATÉ O CAFEZAL, numa experiência que termina na xícara
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Carlos Alberto Altoé, ou Carlinhos como todos o conhecem, já promovia passeios com grupos até o cafezal e fazia com eles um tour do pé de café até a xícara. Com o projeto do Sebrae, sua propriedade no Vale do Caxixe, Castelo, entra no circuito de turismo de experiência e sua prática receptiva ganha formato e nome, além de ser aperfeiçoada e ampliada.
Da altitude intermediária da propriedade, a 750 metros, é possível apreciar a beleza do Vale do Caxixe, com vista frontal para o Cruzeiro do Caxixe. A subida é feita de trator, pois avança 150 metros acima da sede, o que poderia ser muito difícil e demorado para a maioria das pessoas. Assim começa a aventura para conhecer o modo de produção do Café Vale do Caxixe.
Na colheita ou na entressafra, a propriedade tem muito a mostrar ao visitante. Cada fase revela uma beleza: seja na colheita, com o fruto maduro no pé, ou na florada, que ilumina ainda mais a paisagem. Os apreciadores da bebida descobrem então o quanto é caprichoso todo o processo para que o café se revele bom, em todas suas nuanças: variedade adequada (à altitude, terroir e posição do terreno em relação ao sol), adubação, poda e colheita.
O ponto de parada seguinte é a unidade de processamento para entender como funciona a separação dos grãos e porque alguns boiam. Depois de abanado, o café é submetido ao processo de lavagem e separados em dois grupos: frutos cereja e os denominados “boia” (grãos secos e/ou danificados). Essa etapa caracteriza se o processamento será por via seca ou por via úmida, detalhes interessantes de se conhecer in loco.
Na sequência, os cafés processados, tanto por via seca quanto por via úmida, precisam passar pela etapa de secagem, até atingir o teor de umidade de 11,5%, para que os grãos possuam condições adequadas para a pila (beneficiamento) e armazenagem. “Nessa fase os cafés estão muitos cheirosos e com muitas de suas as características já bem perceptíveis, principalmente se estiverem armazenados numa sacaria especial”, explica Carlinhos.
O passeio termina na sala de torrefação e degustação da bebida, com diferentes pontos de torra e os sabores sensacionais dos microlotes. Com pinturas nas paredes e no teto do espaço, Carlinhos homenageia o bisavô, que há 140 anos foi um dos pioneiros na região, e também reverencia a riqueza que a terra proporciona às várias gerações de sua família.
“Temos ainda plantios na parte mais alta da propriedade, há mais de mil metros de altitude. Para essa aventura, precisamos organizar uma outra forma de transporte. Fico feliz em compartilhar nossa história e os saberes que construímos aos longos dos anos. O trabalho que a propriedade proporcionava para alguns grupos agora vai ser ampliado e acontecerá com uma compreensão melhor de nossa parte sobre o que nós, cafeicultores, fazemos para que os cafés especiais cheguem nas casas e nas cafeterias. Do pé de café até à xícara vivenciamos uma aventura feita com muita busca de conhecimento e de dedicação”.
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