O amor à arquitetura: do escritório ao pé na obra, tudo é realização para Vanessa Schwartz
Experiência com técnica em edificações a impulsionou para a graduação e ela se descobriu uma profissional apaixonada pelo urbanismo
![]() |
Vanessa Schwartz Altoé é assim: serena e firme. Com esse perfil que lembra o equilíbrio da suavidade das linhas da arquitetura sobre a dureza do concreto, a arquiteta toca projetos de perfis diferentes em Venda Nova. Sua habilidade a faz transitar entre o desafio de detalhar um espaço em conformidade com a personalidade de um cliente e a missão de tocar uma edificação de grande porte da idealização até as chaves nas mãos dos clientes.
“Estou fazendo pós em gerenciamento de obra, pois quero estar cada vez mais preparada para entregar o melhor para o meu público”, diz a profissional formada em arquitetura pela Faculdade América, de Cachoeiro de Itapemirim. De início, a firmeza de Vanessa em se posicionar profissionalmente pode contrastar com sua imagem delicada. Mas, aos poucos, seu interlocutor logo percebe que está sendo atendido por alguém que sabe o que tem a oferecer.
É que os caminhos que Vanessa trilhou até a graduação foram difíceis e ela precisou de muita força de vontade para receber o diploma de arquiteta. Nascida em Venda Nova em outubro 1992, aos 11 anos ela se mudou com a família para Minas Gerais, onde morou durante três anos. Quando retornou com a mãe, estudou nas escolas públicas e depois fez o curso técnico em edificações, quando descobriu que o seu destino era ser arquiteta.
Para realizar o seu sonho, Vanessa tentou uma faculdade particular em Vitória e, diante das dificuldades financeiras, chegou a voltar para Minas Gerais na esperança de conseguir uma bolsa de estudos. Quando percebeu que não era possível, retornou para Venda Nova, arranjou trabalho e passou a se deslocar diariamente para Cachoeiro para estudar. Essa saga, contanto a partir da primeira tentativa, durou dez anos. Ela se formou em 2021, já casada com Renan Altoé (em 2019).
No período do curso técnico ela trabalhou em um escritório de arquitetura e noutro de engenharia e também na Prefeitura de Venda Nova. Foram experiências que confirmaram suas convicções quanto ao seu futuro profissional.
Vanessa aprendeu algumas manhas da vida e sabe 'que tomar sopa quente pelas beiradas' funciona. Com quase dois anos de formada já coleciona projetos executados com sucesso: dos pequenos ao de grande porte. “Da casa mais modesta até as grandes edificações luxuosas o trabalho do profissional de arquitetura é fundamental e, sem dúvidas, traz grandes benefícios”.
Enquanto seu escritório comercial não fica pronto, é de uma sala de trabalho em seu apartamento que ela põe em prática suas habilidades. Claro, antes ela faz uma anamnese com os seus clientes, onde a escuta e a observação são fundamentais. “Toda sensibilidade e todos respeito são fundamentais para compreender o que o cliente almeja e faz parte de minha missão, com os meus conhecimentos, entregar a melhor solução”.
Pé na obra
Engana-se quem pensa que Vanessa se contenta em atuar no frescor de seu escritório. “Essa sensação de estar na obra, de sair com os cabelos cheios de poeira, me faz sentir realizada. Eu estudei para isso. Não me contento em ser um arquiteto de escritório. Gosto de acompanhar a execução da obra, do início ao fim”.
Para Vanessa, cada projeto traz em seu âmago a história do cliente. “As casas contam histórias. Ali as famílias de verdade moram, tem experiências e fazem a vida fluir. Então é preciso que o espaço físico colabore para que cada história seja vivida como deve. Penso que os espaços devem oferecer conforto, aconchego e ao mesmo tempo têm que ser funcionais”
Vanessa diz que, particularmente, gosta de espaços amplos e é adepta à leveza, com detalhes clássicos. “Muitas vezes menos é mais. Acredito que devamos conferir personalidade aos espaços ao mesmo tempo que eles proporcionem praticidade. Além das demandas do cliente, temos que levar em consideração o clima, o relevo e outras particularidades da região onde a obra será erguida”.
![]() |
A luminosidade do ambiente, os cuidados com impermeabilização, a distribuição dos cômodos conforme a posição do sol da manhã e da tarde estão entre os detalhes técnicos que precisam ser observados na região. “Alguns erros vão dificultar a manutenção do imóvel e a vida de quem vai usufruir dele, mesmo que a proposta seja linda”.
Outro ponto observado pela arquiteta está relacionado às soluções construtivas oferecidas pelo mercado. “Pesquisas e investimentos da indústria estão atualizando os métodos construtivos que cada vez estão mais práticos, exigindo menos mão de obra e tornando as obras mais limpas, com menos desperdício. Temos que estar atentos e apresentar essas possibilidades aos clientes”.
Ao avaliar os sonhos do cliente e as possibilidades construtivas, Vanessa ressalta a importância de equilibrar as expectativas com a realidade do bolso de quem vai construir. “Uma avaliação financeira é fundamental para evitar frustrações ou até mesmo eliminar a possibilidade de gerar um grande problema financeiro para o cliente”.
Mesmo sendo apaixonada pelo lado poético da obra, como gosta de descrever, Vanessa mantém os pés no chão. “Eu preciso ter sensibilidade para interpretar o cliente e transferir isso para o projeto. Tudo tem que ser limpo, suave e fluido, mas é preciso ter uma base sólida formada pelo tripé: necessidade do cliente, exigências do ambiente e respaldo financeiro”.
![]() |