Motivação: canto e peças de teatro no desenvolvimento da escrita e da linguagem
Nos finais de ano, as apresentações dos alunos da Coopeducar são uma grata surpresa aos familiares
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Mário Bonato, 67 anos, dos quais 50 dedicados à educação, é o tipo do professor cujas práticas deixam memórias afetivas marcantes na vida dos estudantes. Atuando na Coopeducar há 16 anos – sendo 15 na disciplina de redação e agora, este ano, como professor de linguagem –, ele já montou inúmeras peças de teatro e apresentações de canto, colocando em evidência o talento dos alunos tímidos e dos mais confiantes.
O professor formado em letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Madre Gertrudes de São José, de Cachoeiro de Itapemirim, com especialização em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, está entre os trunfos da Coopeducar, que aposta numa relação mais próxima e afetiva entre seus profissionais e alunos.
Além da produção de textos dentro da rotina escolar, Mário Bonato sempre lançou mão dos recursos artísticos para aproximar os estudantes da escrita e da leitura. Ele reconhece que sempre houve uma certa aversão à escrita, mas que o panorama tem mudado em virtude da importância dada à redação pelo Enem. Esse interesse tem mudado, pois, segundo ele, “os próprios alunos buscam orientações de professores na escola, em cursos particulares montados por profissionais da área e, até mesmo, de cursos na internet. Há nas redes sociais uma quantidade enorme de aulas de produção de texto, inclusive com direito à correção dos textos produzidos”.
Bonato ressalta que tirar uma boa nota na redação é um fator extremamente importante para conquistar uma vaga na universidade. “Para isso acontecer, há que se dedicar, pois exige muita, muita preparação. Essa preparação passa necessariamente pelo volume de textos produzidos. O aluno precisa analisar e mapear quais são os seus pontos fortes e os que precisam ser melhorados. Escrever sobre um dado tema é uma forma de aplicar novos aprendizados e corrigir possíveis erros e, por consequência, isso vai possibilitar a fixação do aprendizado”.
Para o professor, uma das principais ferramentas para despertar os estudantes para a escrita é a motivação. “Associado a isso, é importante que o aluno tenha a consciência de que a produção de um argumento passa necessariamente pelo entendimento de que não há uma dicotomia entre a fala e a escrita. Prova disso é a grande quantidade de interferências da oralidade nas redações do Enem. É bom que se diga que esse é um dos desvios mais praticados nas redações. Entendemos que a escrita apresenta diferenças formais e similares em relação à fala, e que as diferenças decorrem das condições de produção de uma e de outra e que as similaridades se devem ao fato de serem ambas realizações de uma mesma gramática, e de poderem codificar os mesmos objetivos discursivos. Durante a construção da produção verbal, o aluno elabora o pensamento, seleciona ideias e organiza o texto até expressá-lo. Por essa razão, procuramos criar condições para que seja evidenciado o que eles fazem quando recorrem à palavra escrita e por que eles fazem o que fazem”.
Bonato destaca que uma outra ferramenta poderosa disponível é o material de apoio. “Dispor de um material bem elaborado é fundamental para o trabalho em sala de aula. O convênio com o Sistema PH e, por intermédio dele, a plataforma Plurall, na qual se insere outra plataforma, a do Redação Nota 1000, constitui um fator a mais de motivação. Esse material tem sido utilizado na Coopeducar pelo professor Tiago Braga, que assumiu a disciplina de redação este ano”.
Quando questionado como a filosofia cooperativista se manifesta ou se transforma em instrumento durante as práticas pedagógicas adotadas, Bonato observa que há muito se fala que a educação é o bem maior de um povo. Embora seja impossível discordar disso, ele acredita que é preciso, porém, ir mais longe. “A educação e, por sua vez, a aprendizagem não existem sem duas figuras fundamentais: professor e aluno. Essa relação milenar vem, com certeza, se modificando ao longo do tempo. O compromisso do professor com o crescimento – pessoal, intelectual, emocional – de seus alunos se mantém. Não basta chegar à sala de aula e construir o conhecimento junto com o aluno. É, também, pensar em um futuro melhor para todos e fazer com que esse futuro aconteça. Aqui está, a meu ver, o princípio da filosofia cooperativista: a busca conjunta, solidária e cooperativa desse futuro melhor para todos”.
Sobre as histórias ou experiências que o marcaram ao longo de sua jornada profissional na Coopeducar, Bonato disse que as coleciona a cada ano e que todas têm em comum a busca de uma conquista. “Todos nós temos em nossa memória lembranças de algum professor, algum mestre, algum educador que nos marcou. Pode ter sido aquele que nos apresentou um autor famoso; ou aquele que, com paciência, explicou a estrutura do texto argumentativo; ou aquele que compôs uma musiquinha para auxiliar na fixação de algum conteúdo; ou aquele que, simplesmente, acreditou em nós”.
Bonato tem várias histórias e que, cada aluno que liga no período que sucede a divulgação do resultado do Enem enriquece esse acervo. “Não dá para individualizá-las. Todas são iguais: a busca pela possibilidade do intangível. Esses resultados me deixam muito feliz... É como um troféu, porque esses alunos vitoriosos ousaram ser grandes e grandes foram os resultados. Isso envaidece o professor, por colher frutos de seu trabalho; orgulha os pais, por observarem seus filhos caminhando pelas trilhas do sucesso e enobrece os alunos por acreditarem que é possível sonhar e realizar esse sonho, e eu ponho-me em festa para celebrar com eles essa ousadia”.